sexta-feira, 4 de abril de 2008

O julgamento de Rosa Capivara

Conta Pedro Paulo Filho, um respeitado tribuno brasileiro do Júri, que um promotor novato terminou assim a acusação contra Rosa Maria, que por infelicidade tinha o apelido de Rosa Capivara.

"Essa mulher não pode sequer ser tratada como gente. Não é gente nem no nome. Tem nome de bicho, Rosa Capivara."

O advogado de defesa, vendo a agressão que sofria sua cliente, na sustentação oral criticou a postura do promotor.

Nem a vítima nem o reú devem ser tratados com tamanho desrespeito. O processo criminal envolve lágrimas de ambos os lados. Os autos não são apenas um amontoado de papel. Ali tem dor, revolta, choro, desespero, indignação.

Com muita singeleza o advogado soube resgatar a dignidade da acusada. E sublimamente versejou:

"Rosa Maria, teu nome
Tanta beleza traduz
Rosa, rainha das flores
Maria, mãe de Jesus."

Ganhou o júri com essa poesia, e mostrou a todos o respeito que deve prevalecer nos julgamentos. Segundo os romanos o réu é coisa sagrada, reus res sacra est.

Nenhum comentário: