terça-feira, 3 de junho de 2008

Seiscentos milhões de diabos


Conheci um advogado que, ao fazer sustentação oral no Tribunal do Júri, a todo momento, recorria as expressões religiosas, como forma de convencimento.

Sem estudar os autos, acreditava que a manifetação hiperbólica de sua fé seria suficiente para convencer os julgadores, e, assim, conseguir a absolvição.

E começou: "Essa prova, senhores jurados, não pode ser aceita, porque ser for aceita... Aaaaafé Maria Nossa Senhora Deus nos defenda de todo o mal".

E assim levou a defesa.

"Isso aqui é verdade, por Deus do Céu".

"Isso aqui é mentira, por Nossa Senhora".

Na conclusão da sustentação oral, empostando a voz, verberou: "Não pode haver condenação porque se houver condenação... Aaaafé Maria Nossa Senhora Deus nos defenda de todo o mal".

Os jurados decidiram contra o réu por seis votos a um.

O advogado, irresignado, murmurou: "Ah seiscentos milhões de diabos". Não sei de onde tirou tanto diabo.

Saiu espraquejando e difamando a instituição, pra Deus e pro mundo, e nunca mais deu as caras.

E ainda hoje acha que tem autoridade para criticar o Tribunal do Júri.

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