terça-feira, 25 de novembro de 2008

Simbologia

O golfinho, simbolizando o advogado, leva consigo a balança, que simboliza a justiça.

E a justiça para ser verdadeira, como diz um cantador, "tem que ser fiel, equilibrada, sem jogo de interesses e sem cartas marcadas".

A verdadeira eloqüência

"Sabem, padres pregadores, por que fazem pouco abalo os nossos sermões?

Porque não pregamos aos olhos, pregamos aos ouvidos.

Por que convertia o Batista tantos pecadores?

Porque assim como suas palavras pregavam aos ouvidos, o seu exemplo pregava aos olhos."

Padre Antonio Vieira, o grande pregador sacro.

domingo, 23 de novembro de 2008

A poesia inspirada

Existe a poesia do homem letrado. É forçada, é artificial, difícil de entender.

Existe a poesia daquele que, embora não sendo nenhum intelectual, pretende-se poeta. Tem de tudo, menos a poesia.

Mas existe aquela que é a verdadeira poesia, que é a inspirada, que move homens, que toca o espírito, que ordena, que constrói, que modela, que orienta, que fundamenta, e que por isso é eterna, vale para todos os tempos e em todos os lugares.

Poesia é um assunto muito alto, é a mais nobre manifestação da natureza, da divindade, porque é a revelação da beleza. Pode se materializar na palavra, na música, no gesto. Ela não é criada, ela é revelada.

O verdadeiro poeta não vive a inventar poesia, a procurar palavras no dicionário, a construir frases.

O poeta é poeta em tudo o que faz, em tudo o que ver, em tudo que fala, em tudo que sente, no drama, na tragédia, na comédia.

Ser poeta para mim é ter dois dons: o dom de ver a beleza e o dom de saber manifestar a beleza.

E falo da beleza que não pode ser relativizada. Não falo daquilo que é belo para mim e feio para você. Assim qualquer um pode andar por aí dizendo-se poeta, escrevendo centenas de poesias, rimando versos, artificializando a arte.

Falo da beleza que é bela para todos os olhos, para todos os sentidos.

A flor de plástico nunca terá a beleza da flor verdadeira.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Adeus, Dama do Júri!




Destaque da advocacia no ano de 2004. "Quero oferecer esse prêmio ao Sanderson, esse prêmio é dele também".










"Ei Sanderson, ei Sanderson".

Ouvi aquela mulher gritando por mim, quando estava atravessando a rua em direção a Livraria Paim.

Olhei para trás, e disse, surpreso:

"Doutora Salete...como vai?"

"Vou bem.. Escuta, rapaz, ouvi dizer que tu tá bom de júri que só, vamos trabalhar comigo, abri meu escritório, tu sabe que tarauacaense é bicho valente, vamos que a gente cresce juntos".

"Mas rapaz, vamos...."

E fui. Era o ano de 2002. Ela já me conhecia desde pequeno, correndo nas ruas de Tarauacá. Não perdia a oportunidade de falar: "esse é brabo desde menino".

Fizemos lindos júris, bem ao estilo da romântica advocacia criminal. Ela amava o júri popular. Os mais importantes julgamentos da história recente do Acre atuamos em perfeita sintonia, porque como ela mesma se orgulhava: "tarauacaense é bicho macho".

Mulher corajosa, de fala aprumada, uma dama da tribuna, que esbajava energia e talento.

Foi graças a ela que meu nome passou a ficar conhecido como advogado criminalista. Ela abriu portas para que eu passasse.

Ela sempre me incentivou, apostou em mim. Fazia-me elogios públicos que às vezes me pegava sem graça:

"O Sanderson é uma dessas raras vocações do júri que só aparecem de 100 em 100 anos".

"Costumo dizer que o Sanderson é o filho que não pari".

Foi ela uma das pessoas que analisou a minha monografia de conclusão do Curso de Direito. Me deu nota 10, com louvor. Alguns diziam: "O Sanderson é o besta... vê quem ele escolheu para analisar a monografia dele...".

Tinha uma personalidade que impunha respeito. Só o nome já amedrontava: Salete Maia.

A Promotora, a Procuradora, a Secretária de Segurança, a Dama de Ferro, a Advogada Salete Maia.

Quando resolvi seguir pela estrada sozinho, ela sentiu muito a minha partida, mas respeitou minha opção.

Depois disso tivemos um confronto forense dos mais agitados da história do júri acreano: o julgamento de Garibaldi. Eu na defesa, ela na acusação. Era tempestade para todos lados, raios, trovões, ventania. Depois, o céu ficou azul novamente.

Foi uma mulher que passou pela vida e viveu, intensamente, bravamente, vitoriosamente. Ajudou a construir o Ministério Público, lutou por um Acre melhor, serviu as nossas instituições, amava o Acre e se orgulhava de ter nascido "nas barrancas do Rio Tarauacá".

A ela minha homenagem, a ela minha gratidão, a minha e a de toda a minha família, que sente muito a sua partida, ainda tão cedo.

Que teus caminhos sejam de flores e de luzes. Que na estrada que te levará para o Grande Mistério possas só encontrar gente boa, gente de paz, gente do bem, cachoeiras murmurantes, pássaros canoros, rios de águas mansas, canções bonitas, a natureza dando louvores a tua chegada na morada de Deus.

sábado, 15 de novembro de 2008

"Assim como os golfinhos salvam os náufragos do mar, o advogado salva os náufragos da vida."

Depois do homem o golfinho é o animal mais inteligente, e como o homem, dirige sua inteligência para a vida social.

A comunicação entre a espécie é também necessária. Os golfinhos usam uma linguagem por assobios que é 10 vezes mais rápida que a nossa fala e 10 vezes mais alta em freqüência.. Essa comunicação tem regras e servem para organizá-los socialmente, como acontece com os homens.

Outra particularidade na comunicação da espécie é o sonar, que lhes permitem determinar as reações internas de outros golfinhos, humanos, peixes, etc. Através do sonar um golfinho consegue perceber se alguém está ferido ou não. Eles não dormem como nós, simplesmente "desligam" uma parte do cérebro ao longo do dia. São capazes de assobiar e ecoar ao mesmo tempo e podem ecoar diferentes objetos simultaneamente, fatores que fazem inveja a qualquer sonar humano.

O golfinho é o símbolo do advogado, muito embora pensem alguns, erroneamente, ser a balança ou Themis a deusa grega. Themis, até hoje adotada pela força da Mitologia da Grécia Antiga é sinal da justiça, que cega, não faz distinção de raça, credo ou posição social. A balança de duas hastes simboliza o direito que deve ser equânime, contrabalançando os fatores ao ponto de equilíbrio, sem pender para um dos lados.

Os golfinhos desde a antiguidade foram celebrados pelo homem em afrescos, esculturas e poesias, simbolizam graça, inteligência e humanidade. Para os cristãos o golfinho é o símbolo da rapidez, da diligência e do amor, por ser veloz de nado, atendimento pronto e interesse pelo próximo.

Vários são os autores e estudiosos que se dedicaram a ver, examinar e engrandecer o curioso delfinídeo, mas para os advogados o maior destes foi Henry Doupay, que deu expansão ao nosso símbolo com a seguinte frase, no original:

"Assim como o golfinho salva os náufragos no mar, o advogado salva os náufragos da vida. Há séculos e séculos que Clio, a Mestra da Vida, da História, relata salvamentos de pessoas no mar pelos golfinhos, constando como o primeiro salvamento uma descrição que faz parte do folclore grego, antes de Cristo.

O corporativismo, o sincronismo nos movimentos, a defesa dos descendentes, a colaboração com os pares, a proteção dos idosos e enfermos, são características intrínsecas no comportamento dos golfinhos. A sobrevivência em um habitat hostil, no meio de bestas feras, predadores sanguinários e implacáveis, os quais nas inúmeras investidas contra o delfinídeo acabam vendo frustrados seus ataques. O tubarão teme o golfinho, e aqueles que tentam burlar a estratégia de sobrevivência do grupo, acabam nocauteados por um golpe certeiro no abdome. É que o golfinho, sendo fisicamente inferior e mais frágil, após desenvolver uma velocidade superior a 50km hora, ataca em bando utilizando a ponta do focinho e como um míssil abate o invasor.

Pelo seu modus vivendi, os golfinhos trazem marcas e cicatrizes na couraça, todavia no seu intelecto a virtude triunfa radiante, fica incólume, o golfinho não se deixa influenciar, será sempre golfinho. Jamais perderá a alegria, a magia que irradia do seu ser. Será sempre dócil, amigo e companheiro, sem se desviar do seu projeto de vida.

Assim acontece com o profissional advogado, não obstante os ataques subreptícios, as investidas de pessoas truculentas, somado ao convívio em ambiente deletério e insalubre, a lida diária com pessoas problemáticas, alguns com desvios repudiáveis de caráter e personalidade, ou em situação difícil por ter sido vítima de algum infortúnio __ pessoas sem problemas não precisam de advogado.

Não obstante os percalços da profissão devemos nos comportar como advogado 24 horas por dia, não importa onde estejamos até mesmo quando estivermos dormindo, se morrermos, irão sepultar um advogado.Essas características são direitos de nascença, estão impregnadas na alma do sujeito, não podem ser trocadas.

Agora se você não tem esse dom nato e ainda lhe falta a capacitação técnica, não tente perseguir ou imitar um advogado, pois, sinto muito, você estará fadado ao insucesso.

Advogado Arilton J. Pires OAB-GO 13.355 – Vice-Presidente da Associação dos Advogados Catalanos. Artigo originariamente publicado no site da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas - ABRAC.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O destino segundo o espiritismo

Reprogramação

"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim".

“Nasceste no lar que precisavas, vestiste o corpo físico que merecias, moras onde melhor Deus te proporcionou, de acordo com teu adiantamento.

Possuis os recursos financeiros coerentes com as tuas necessidades, nem mais, nem menos, mas o justo para as tuas lutas terrenas.Teu ambiente de trabalho é o que elegeste espontaneamente para a tua realização.

Teus parentes, amigos são as almas que atraístes, com tua própria afinidade. Portanto, teu destino está constantemente sobre teu controle.

Tu escolhes, recolhes, eleges, atrais, buscas, expulsas, modificas tudo aquilo que te rodeia a existência. Teus pensamentos e vontades são a chave de teus atos e atitudes…São as fontes de atração e repulsão na tua jornada.

Não reclames nem te faças de vítima. Antes de tudo, analisa e observa. A mudança está em tuas mãos. Reprograme tua meta, busque o bem e viverás melhor.”

Francisco do Espírito Santo Neto, ditado por Hammed.

O segredo do falar simples

Quem fala difícil pouco sabe, no fundo, ele é um vazio, um vazio cheio de verborragia.

Quanto mais a pessoa sabe, mais fácil ela fala.

O mesmo se dá na escrita.

Quem escreve difícil está pedindo para não ser lido. Quem fala difícil está pedindo para não ser ouvido.

Falar com simplicidade é o melhor caminho para alcançar o desiderato, aquilo que se almeja, e sempre é bom desejar coisas essenciais, coisas nobres.

Não é fácil, como muitos pensam, falar com simplicidade. Porque a simplicidade é uma virtude que nasce na alma, precisa ser plantada e cultivada com carinho.

Seja no júri, na política, na igreja, na cátedra, é no falar simples que reside a beleza das palavras.

É por isso que o homem arrogante nunca foi um mestre verdadeiro na arte do dizer.

Faz parte da natureza do bem falar e do falar bem, a simplicidade, pois é ela quem tem a energia alquímica que purifica as palavras, tornando-as graciosas aos sentimentos.

A própria pronúncia da palavra, quando feita de forma lenta e gradual e perceptiva, nos revela toda a sua riqueza: simmm.....plii......ci.....da....de.

É uma mina de ouro, eis o segredo do falar simples. Cada palavra uma pepita, cada pepita uma palavra.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

"Coisa de gângster"

Juiz não deve seguir "batismos" da PF, diz CNJ

O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) editou, a pedido de seu presidente, ministro Gilmar Mendes, uma recomendação para que juízes criminais do país não utilizem em seus despachos e decisões os nomes designados pela polícia para suas operações.

A recomendação do CNJ diz o seguinte: que os "magistrados criminais evitem a utilização das denominações de efeito dadas às operações policiais em atos judiciais".

A Polícia Federal costuma utilizar nomes curiosos para suas operações. Nos últimos tempos, apelidou-as de Satiagraha, Furacão, Navalha e Pasárgada, por exemplo, sempre com explicações relacionadas aos supostos esquemas de corrupção desbaratados.

Mendes caracterizou a utilização de determinados nomes como "jocosos" e disse que podem "constranger o juiz, criar uma coerção psicológica. Muitas vezes, a própria denominação pode ser indutora de um quadro de parcialidade".

O presidente do STF também criticou o que chamou de "marketing policial às custas do Judiciário". "É preciso encerrar esse capítulo de marketing policial às custas do Judiciário", afirmou.

Como exemplo, Mendes citou a Operação Têmis, da Polícia Federal, que investigou em 2007 suposta venda de sentenças no Judiciário paulista. "Têmis é a deusa da Justiça. Ao batizar a operação dessa maneira, parece que toda a Justiça estava envolvida na fraude. Isso é razoável?", questionou.

A PF informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não comentaria a recomendação do CNJ.

Reclamações

Não é a primeira vez que o presidente do STF reclama dos nomes das operações, citando especificamente a Operação Têmis. Tais reclamações já foram feitas quando Mendes criticou os métodos da Polícia Federal, especificamente na ocasião em que seu nome foi citado na lista de presentes de um dos envolvidos em esquema de corrupção, quando na realidade se tratava de um homônimo.

Gilmar Mendes chegou a dizer que muitas das informações contra juízes e ministros de tribunais superiores divulgadas pela PF "têm notório caráter de retaliação e até de controle ideológico".

"Do que percebo em alguns episódios, muitos têm notório caráter de retaliação e até de controle ideológico contra os juízes (....) É preciso encerrar esse quadro de intimidação", afirmou em julho.

"Que tipo de terrorismo lamentável, que coisa de gângster. Quem faz isso, na verdade, não é agente público, é gângster", criticou o magistrado.

Na recomendação editada ontem, o CNJ afirma que existe uma "generalização da prática de adoção de denominações de efeito e investigações ou operações policiais, adotadas pela mídia, e sua utilização em atos judiciais". Também diz que o magistrado tem o dever de "adotar linguagem apropriada e evitar excessos".

Juízes que quiserem continuar usando os nomes não estão impedidos, mas Mendes afirmou que o Supremo já não utiliza mais o nome das operações em seus atos judiciais.

Fonte: Felipe Seligman, Folha Online reproduzido no site da ABRAC

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Sim, podemos!

A ciência do falar bem de Barack Obama

Barak Obama é um grande orador. Carismático, inteligente e simples no falar.

Sabe usar bem os gestos, e é perito em explorar os momentos de pausa na fala, envolvendo a pláteia com o silêncio e o olhar.

E acima de tudo, tem uma qualidade rara e importante na oratória: saber sorrir com naturalidade.

Embora sendo um homem da ciência do falar bem, seu discurso de vitória veio recheado de elementos da ciência do bem falar, o que empolgou, desde o início de sua campanha, os corações americanos.

"Se alguém ainda duvida que a América é o lugar onde todos os sonhos são possíveis, se ainda questiona se os os sonhos dos nossos fundadores ainda estão vivos, se ainda questiona o poder da nossa democracia, teve esta noite a resposta.

(...) Sim, podemos!

Para aqueles que querem destruir o mundo: nós vamos destrui-vos. Para os que querem paz e segurança: nós apoiamos-vos. E para aqueles que se interrogam sobre se a luz de liderança da América continua viva: esta noite nós provamos, mais uma vez, que a força de nossa nação não vem do nosso poder militar ou da escala da nossa riqueza, mas do enorme poder dos nossos ideais: democracia, liberdade, oportunidade e esperança.

(...)Sim, podemos!

Este é o nosso momento. Este é o nosso tempo, de voltar a dar trabalho à nossa gente, de abrir as portas da oportunidade aos nossos filhos; de restaurar a prosperidade e de promover a paz; de reclamar o sonho americano e de reafirmar a verdade fundamental de que, no meio de muitos, somos um; que enquanto respiramos, mantemos a esperança.

(...) Sim, podemos!

Obrigado. Deus vos abençoe. E que Deus abençõe os Estados Unidos da América.

Realmente um belo discurso, que entrará para história da eloqüencia universal.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A ciência do bem falar e a ciência do falar bem

Para muitos trata-se da mesma coisa. Mas não é.

Para bem falar é preciso ter aprendido a falar bem .

Quem bem fala, fala bem. Mas quem fala bem não necessariamente bem fala.

O bem falar é o carisma, é o coração, é o toque que arrebata, é a palavra que seduz. É a hipnose, a essência, a energia, o espírito, a poesia, a sabedoria.

O falar bem pode ser adquirido, é a técnica, é a aprendizagem, é o estudo, é o aperfeiçoamento, é a busca, é a forma.

A ciência do bem falar é Moisés, é Salomão, é Socrátes, é Jesus, é Buda, é Gandhi, é Luther King.

Isso não quer dizer que falar bem seja coisa fácil. Quem não traz consigo, desde o berço, alguma fragrância da ciência do bem falar geralmente não consegue ir muito longe na ciência do falar bem.

Na ciência do bem falar se busca a verdade, a justiça, o belo, o justo, o coração, a filosofia. Como modelo temos o Sermão da Montanha, de Jesus Cristo.

Na ciência do falar bem se busca o pragmático, o objetivo, a diplomacia, a política, o resultado. Como exemplo maior temos a Oração da Coroa, de Demóstenes.

No jogo diáletico, a ciência do bem falar e a ciência do falar bem, embora mantendo uma visível diferença, interpenetram-se como no amanhecer e no entardecer, onde não percebemos a linha que separa a luz da escuridão.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

A reação da advocacia

NOTA PÚBLICA

Foi destaque na imprensa local da semana passada a execução da operação "data vênia", de alçada da Polícia Federal, na qual foram cumpridos mandados de busca e apreensão e de prisões preventivas, um deles em desfavor do Advogado ARMYSON LEE LINHARES DE CARVALHO.

Segundo as informações do Serviço de Comunicação Social da Polícia Federal, o Advogado valia-se de sua prerrogativa profissional para ter acesso a inquéritos policiais e processos judiciais, unicamente para instruir os respectivos clientes a dificultar as investigações, tudo objetivando "facilitar o tráfico praticado pela organização".

Sabe-se do papel institucional da Polícia Federal no resguardo da segurança pública, todavia a prisão do Advogado é emblemática, porque demonstra uma nítida intenção de extrapolar as raias de um procedimento investigatório para atingir a própria instituição da advocacia, especialmente a criminal. Primeiramente, a exposição midiática não só do Advogado cautelarmente segregado, como também de dirigentes da própria categoria dos profissionais do direito.

Soma-se a este fato o nome da operação, "Data Venia", expressão latina particular e tradicional do ofício da advocacia, que leva a crer que toda ou parte da classe de Advogados é alvo de investigações policiais, o que não é verídico, já que se trata de uma operação isolada de combate ao narcotráfico em cujo procedimento consta a pontual hipótese de um Advogado estar incorrendo na prática de ilícitos.

Por fim, o motivo que fundamenta o decreto prisional, divulgado pela própria Polícia Federal, em análise primária, nem à tênue luz configura crime, quanto mais ilícito que albergue a medida cautelar. Ao contrário do rotulado, é prerrogativa legítima do Advogado ter acesso aos autos, apresentar defesa técnica, orientar os clientes, elucidar as táticas de atuação, considerando, principalmente o quadro estabelecido nos autos de investigação.

O exercício de tais prerrogativas não pode ser confundido com obstáculo à realização da Justiça, mas do contrário, a atuação plena e livre do Advogado traz legitimidade e transparência aos procedimentos administrativos ou judiciais.

De outro prisma, NÃO é papel da Polícia Federal tecer juízo antecipatório de culpa, vez que, enquanto órgão meramente investigatório, incumbe-lhe tão-só esquadrinhar e relatar fatos, sob pena de incorrer em desvio de finalidade.

O Supremo Tribunal Federal, homenageando o Princípio Constitucional da Inocência, opondo-se ao estado policial, recentemente decidiu que o cumprimento de prisões não pode ser espalhafatoso, vil e degradante à honra e imagem dos cidadãos, mormente quando ainda não persiste culpa formada.

A população acreana precisa estar atenta. A advocacia livre e independente é um dos postulados da Democracia e a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Acre, não se furtará em adotar, se necessário, as medidas pertinentes à manutenção do Princípio da Legalidade e contra o abuso de poder, o que fará em defesa não só dos Advogados, como também da sociedade e do Estado Democrático de Direito.

Rio Branco, 3 de novembro de 2008.


Ordem dos Advogados do Brasil –

OAB/AC Comissão de Defesa de Prerrogativas Comissão do Jovem Advogado

Associação dos Advogados Criminalistas do Acre – ACRIM.

Associação dos Defensores Públicos do Acre – ADPACR

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Todos são iguais perante a lei

Juiz usa Lei Maria da Penha para proteger homem

A Justiça de MT determinou medidas de proteção em favor de um engenheiro agrônomo de 46 anos, de Cuiabá, que pediu a aplicação, por analogia, da Lei Maria da Penha -que pune com prisão a violência doméstica contra a mulher.

O juiz Mário Roberto Kono de Oliveira, responsável pela decisão, disse que, em número consideravelmente menor, há homens vítimas de violência praticada por mulheres. Nesses casos, não há previsão legal de punições, o que justifica a aplicação, por analogia, da Lei Maria da Penha.

Em seu artigo 22, a lei federal determina que o juiz pode aplicar "medidas protetivas de urgência" contra o agressor quando constatada "prática de violência doméstica e familiar contra a mulher".

Entre as "medidas protetivas de urgência" determinadas, está a de que a mulher mantenha ao menos 500 metros de distância do engenheiro e que não tente fazer nenhum tipo de contato com ele, podendo ser presa caso descumpra a ordem judicial.

"Não é vergonha nenhuma o homem recorrer ao Poder Judiciário para fazer cessar as agressões da qual vem sendo vítima", afirmou Oliveira na decisão.

Último recurso

O engenheiro entrou com o pedido depois de terminar o relacionamento com a ex-companheira, em 2007, após uma briga em que a mulher o queimou no tórax "dolosa e propositalmente" com a ponta de um cigarro aceso, segundo a ação. Após sair de casa, ele foi ameaçado.

O advogado Zoroastro Teixeira, que representa o engenheiro, disse que a via judicial foi o "último recurso" encontrado por seu cliente para "livrar-se da perseguição". A mulher é apontada como responsável por um ataque ao carro do engenheiro e, nos autos, há cópias de cerca de 40 e-mails com ameaças ao ex-parceiro.

Para Teixeira, o recurso à Lei Maria da Penha é uma forma de assegurar a "isonomia de direitos".

Fonte: José Eduardo Rondo e Rodrigo Vargas, da Agência Folha - Reproduzido no site da Associação Brasileira de Advogados Criminalistas - ABRAC

domingo, 2 de novembro de 2008

O vício de falar mal da vida alheia

Já ouvi muito dizer que o pior vício de se abandonar é o vício do tabagismo.

Não temos como negar que não é tarefa fácil. Mas muitos conseguiram se libertar, inclusive eu.

Tem um vício que é maior que o do tabagismo: viver falando mal da vida alheia.

No vício do cigarro, pelo menos, a pessoa sabe que é viciada.

Mas quem fala mal da vida dos outros sempre diz: "é só um comentário", "não é falando mal não, mas o fulano..."

Alguns até, cinicamente, dizem: " menino, agora vamos falar mal da vida dos outros....". E baixa a lenha, com o aval e para o deleite dos que escutam, loucos que estão para falar mal da vida alheia também.

"Fica só entre nós isso". É assim que palradores da vida dos outros concluem a conversa. Os mais afoitos verborrajam: "falo e não peço segredo."

Quem vive falando mal da vida alheia não pode ser feliz, porque não tem tempo de olhar para seu próprio ninho e tentar corrigir seus defeitos. Fala mal dos filhos dos outros, da profissão dos outros, dos relacionamentos dos outros, da religião dos outros, dos costumes dos outros, dos erros dos outros.

Quando alguma desgraça aconteçe na vida do linguarudo ele passa a se lamentar e a interrogar a Deus o que fez para merecer tamanho sofrimento. Esquece da chamada lei da afinidade: se desejo ou faço o mal vou colher o mal, se desejo ou faço o bem vou colher o bem.

O fumante que pára de fumar sente um alívio da alma e do corpo que o não fumante não consegue medir. Quem sabe do prazer de viver sem o cigarro, não é quem nunca fumou, mas o ex-fumante.

Controlar a língua, vigiar-se, envergonhar-se, almejar o burilamento moral, ter consciência do vício, temer as conseqüencias de se intrometer onde não deve, são os melhores antídotos para deixar de falar mal da vida alheia.

O prazer de largar um vício é uma das melhores felicidades do mundo, porque vencemos o pior de todos os adversários: nós mesmos.

Se por acaso não for possível deixarmos de falar mal da vida alheia, então o melhor é seguirmos o conselho dos mestres: cortar nossa própria língua. Quando morrermos pelo menos não daremos tanto aborrecimento aos familiares, com a famosa queixa da necessidade de dois caixões para enterrar o língua grande.