quarta-feira, 30 de julho de 2008

Cruzada contra o palavrão

Uma nova moda se anuncia nas empresas americanas: a proibição de palavrões. O consultor James O’Connor, autor do livro "Controle de obscenidades", criou uma agência para controlar palavrões.

Afirma ele que a falta de civilidade que toma conta da nossa sociedade está invadindo os ambientes de trabalho.

É curioso observar que o espírito humano está utilizando os meios mais estranhos para pôr para fora do seu ser os conteúdos infelizes, desequilibrados, que promovem enfermidade e loucura, aos poucos ou bruscamente.

Citando os prejuízos acarretados pelo hábito de xingar os outros, O’Connor diz que falar palavrão polui o ambiente com negatividade, afeta o moral e a atitude de quem fala, além de ser uma grande falta de respeito.

Ele está certo. A soma das energias envenenadas que se espalham pelo espaço psíquico do mundo é capaz de provocar todos os tipos de desajustamentos, além de outras formas de perturbações.

Como um bom pregador, o consultor tem seu decálogo antipalavrões:

Primeiro: reconheça que falar palavrão causa estragos. Você não ganha nenhum argumento nem prova inteligência. Palavrão intimida, não estimula.

Segundo: comece eliminando os palavrões casuais – faça de conta que a sua avó ou a sua filha estão sempre ao seu lado.

Terceiro: pense positivo. Olhe somente para o aspecto bom das situações.

Quarto: exercite a paciência. Se você estiver preso no trânsito, em vez de xingar o motorista da frente, pense nas suas tarefas do dia.

Quinto: agüente a barra. O dia é cheio de desafios e problemas. Palavrões não irão resolvê-los.

Sexto: pare de reclamar. Em vez disso, ofereça soluções. Você será admirado por sua calma e sabedoria.

Sétimo: use palavras alternativas. Faça a sua lista. Seja criativo.

Oitavo: defenda sua opinião educadamente. Mesmo sem palavrões, uma frase pode ser muito ofensiva.

Nono: pense na oportunidade que você perdeu de ficar calado ou de falar a mesma coisa de outra maneira.

Décimo: exercite seus novos hábitos. Falar palavrão é um vício, como fumar. Ao eliminá-lo, avise aos amigos e à família.

Enquanto te defrontas com as tantas necessidades do caminho terreno, nos dias da tua existência, pensa e verifica o quanto te desgastas com a utilização do palavrão.

Pensa que tudo é questão de costume, de hábitos que desenvolveste em teu íntimo.

Pensa que o mestre Jesus já definiu há dois mil anos que a boca fala do que está cheio o coração.

E se conduzes na tua intimidade a luz do Cristo, convenhamos que não é possível que te acomodes a esses modismos.

Então, faze esforços por te reeducares, a fim de que atravesses a vida, no mundo, bem conduzindo os teus pensamentos e norteando as tuas ações para o bem.

Equipe de redação do Momento Espírita, com base no livro Educação e vivências, Raul Teixeira, Ed. Fráter, cap. 13 e Revista exame, texto "Ponte que partiu" de Tania Menai, de Nova York.

Julgamento alheio

Na balança do ódio, da inveja, da raiva, do preconceito, dos interesses, não há espaço para Justiça. Sereno julgamento, bondade, equilíbrio, pureza, prudência, verdade, esses elementos sim, assessoram a Justiça, essa tão espiritual virtude. O texto abaixo nos indica o caminho que devemos seguir quando se trata da forma de julgar os outros.

Famosos são os julgamentos da História. O de Nuremberg, que o Mundo todo acompanhou, opinando pela punição dos que barbaramente, durante a Segunda Guerra Mundial, haviam torturado e matado seres humanos.

O de Jesus, em que se verifica a injustiça gritando alto e superando o bom senso da justiça e da verdade.

Julgamentos de pessoas famosas que cometeram atos criminosos ou desabonadores.

Julgamentos de criminosos que, de alguma forma, envolveram pessoas famosas, como o caso do raptor do filho de Lindenberg.

Em tais processos, sempre a opinião pública se inflama e de alguma forma, influencia os próprios jurados, de maneira a que esses condenem ou absolvam.

Desde as primeiras idades, quando a chama tênue do pensamento de justiça acendeu no homem, ele começou a julgar os seus irmãos.

Muitas vezes, o sentimento de justiça ficou empanado pelas paixões e interesses mesquinhos, levando o homem a cometer erros, punindo seu semelhante com o cerceamento da liberdade, o confisco de bens e a morte.

Nos dias atuais, prosseguimos a julgar o semelhante com todo rigor, sem estabelecer critérios e princípios básicos.

Afoitos, opinamos e damos a nossa sentença tão logo a imprensa torne pública a conduta desta ou daquela criatura, embora desconhecendo detalhes e razões.

E não tememos aumentar um pouco a intensidade da falta cometida, mesmo para justificar a impiedade com que julgamos e a sentença que proferimos.

Por vezes, a inveja por não ter conseguido alcançar a posição social, o cargo ou a função do julgado, nos incita ainda mais ao julgamento arbitrário.

E, mesmo assim, prosseguimos a nos afirmar cristãos. Seguidores de Jesus que ensinou:
Não julgueis para não serdes julgados, porquanto sereis julgados conforme houverdes julgado os outros.

Há necessidade de cultivarmos a indulgência e a empatia. A indulgência para olharmos os que erram com olhos de quem sabe que o equivocado é sempre um Espírito enfermo.

Não necessita do nosso frio julgamento, mas do nosso auxílio para superar sua problemática.

A empatia, a fim de nos situarmos no lugar daquele que julgamos e nos indagarmos se fôssemos nós os julgados, como nos sentiríamos?

Fosse nosso filho o julgado, como estaria o nosso coração?

A questão do julgamento nos parece fácil, porque os que são trazidos à barra pública do Tribunal não passam de números. Sequer nos recordamos que são seres humanos.

Mas são Espíritos imortais, exatamente como nós, e merecem receber justiça, não impiedade ou a carga das nossas frustrações.

A autoridade para censurar está na razão direta da moralidade daquele que censura.

Aos olhos de Deus, a única autoridade legítima é a que se apóia no exemplo do bem.

A base da Justiça Divina se assenta na misericórdia de nosso Pai Criador.

É por esse motivo que Ele nos concede a reencarnação como bendita oportunidade de reparação de nossas faltas, ao tempo que nos faculta crescer e produzir no bem.

Redação do Momento Espírita.
Em 23.05.2008.

Acima de tudo, as leis divinas


Muitos reclamam que perderam os bens materiais, que foram roubados, enganados, iludidos. Mas poucos percebem quando seus bens espirituais sofrem os mesmos problemas, só que com uma enorme agravante, nós mesmos somos os ladrões. E esses nossos delitos serão anotados em nossa ficha espiritual. Só podemos afirmar que somos proprietários de determinadas virtudes quando elas conseguem passar incólumes pelas ilusões da vida, quando se firmam, quando se impõem, quando vencem as más inclinações, os vícios, as tentações. Leia o texto abaixo e verás um grande exemplo de amor a justiça, tendo como autor principal um advogado.

Você certamente já leu ou ouviu, algum dia, a notícia de roubo, incêndio, naufrágio ou explosão de algum bem móvel ou imóvel que pertencia a alguém, não é mesmo?

No entanto, ninguém jamais ouviu ou leu uma manchete com os dizeres:

"Foi roubada a coragem desta ou daquela pessoa."-"Foi extraviada grande porção de otimismo, quem a encontrar favor devolver no endereço citado".

Ou então, "Incêndio consumiu toda a fidelidade de Fulano", ou "Naufragou a honestidade de Beltrano."

Enfim, nunca se ouve falar que as virtudes de alguém tenham sofrido assaltos ou outro dano qualquer.

Todavia, isso acontece, diariamente, quando as negociatas indignas põem por terra a honestidade e a honradez deste ou daquele cidadão, que sucumbe ante grandes quantias em dinheiro ou favorecimentos de toda ordem.

No entanto, as virtudes que se deixam arrastar por interesses próprios, não são virtudes efetivas, são ensaios de virtudes.

Quem, verdadeiramente, conquista uma virtude, jamais a perde.

Contou-nos um amigo, jovem advogado que labora num órgão público que, em certa ocasião, estava com uma pilha de processos sobre a mesa, quando seu superior entrou na sala, tomou dois daqueles processos e pôs de lado, dizendo-lhe:

"Quero que você arquive estes processos."

O advogado perguntou por que razão deveria arquivá-los, e o diretor respondeu simplesmente: "Porque os acusados são meus amigos e me pediram esse favor".

O moço que, por sua vez, tinha um compromisso sério com a própria consciência, que é onde estão inscritas as Leis Divinas, fez com que os processos seguissem seu curso sem interferir.

Tempos depois, os amigos do diretor tiveram que arcar com as custas do processo e indenizar vários cidadãos, aos quais haviam prejudicado de alguma forma.

E, quando o diretor foi tirar satisfação com o advogado, este argumentou que o fato de os acusados serem seus amigos, não era suficiente para isentá-los da responsabilidade dos seus atos. E que somente a falta de provas poderia livrá-los, o que não era o caso.

Se esse jovem advogado não tivesse firmeza de caráter, poderia ter dado ocasião a que fosse registrado em sua ficha espiritual a seguinte anotação:

"Este espírito sofreu, em tal data, um assalto da corrupção e da prepotência e teve seus bens mais preciosos, que são a fidelidade e a honestidade, roubados."

Mas, felizmente, isso não aconteceu.

Pense nisso!

Toda vez que permitimos que nossas virtudes sejam compradas ou roubadas, ficamos mais pobres espiritualmente.

Toda vez que aplaudimos a corrupção e a ganância, tirando proveito de cargos, posições sociais, ou de situações diversas em benefício próprio e em detrimento de outrem, estamos nos candidatando a entrar no Mundo Espiritual como mendigos morais.

Pense nisso agora, mas, principalmente, antes de escolher o seu candidato nas próximas eleições.
Redação do Momento Espírita, com base em fato real.

www.momento.com.br

terça-feira, 29 de julho de 2008

Irmão Lobo

A pessoa era ruim, muda de vida, torna-se boa, mas não encontra apoio, só críticas, petardos, agressões, fraqueja, volta a ser o que era, encontra novamente o amor, e se reconduz para a estrada que leva a salvação. Devemos apoiar quem se dispõe a mudar de vida. Esse texto foi retirado do site Momento Espírita e vale a pena refletir sobre ele. Como dizia Gandhi, "o amor de um neutraliza o ódio de milhões".

No ano de 1226, na floresta de Gubbio, na Europa medieval, um bandido se fizera um tipo de monstro aterrador. Mais astuto do que uma fera, havia se tornado um terrível salteador. Espalhava pavor e medo por todo lado e matava qualquer homem desarmado. Seu nome ninguém sabia, mas sua fama fez com que o denominassem O lobo. Lobo de Gubbio.

Francisco de Assis, também conhecido como o Cristo da Idade Média, certo dia foi procurá-lo. Ao encontrá-lo, em vez de chamá-lo lobo, como todos faziam, chamou-o irmão.

Venho em paz, disse Francisco. Venho falar-te da bondade, do amor, da caridade, do carinho. Em nome de Jesus, venho pedir-te que alteres o teu caminho e abraces o caminho da fraternidade.
E convidou-o, finalmente, a morar com ele, no convento.

O homem-fera optou por seguir Francisco. Mudou de atitude e, feliz, se entregou ao trabalho do bem, nas tarefas de Assis. Onde quer que Francisco fosse, o ex-bandido o seguia. Carregava cestos, buscava pão, trabalhava incansável. Como guarda-noturno era um dos melhores.

No entanto, Francisco necessitava viajar. E, por vezes, se detinha por semanas ou meses longe do convento, em serviço. Saía em peregrinação, com Frei Leão, a fim de semear o ensino do Senhor.
Nessas ocasiões, o Irmão Lobo sentia a carência de amor e a fome de alegria. Longe do Irmão Francisco, o que recebia nas estradas eram insultos e pedradas. Chamavam-no de covarde, lobo maldito, carniceiro feroz.

De tanto agüentar o tratamento vil, vendo-se a sós na vida, o Irmão Lobo decidiu retornar à antiga lida. Embrenhou-se na floresta e cedeu aos instintos da fera.

Quando retornou Irmão Francisco de sua jornada, teve notícia da ocorrência. Embora cansado, lastimou o acontecido e foi procurar o Irmão Lobo. Encontrou-o perseguindo uma vítima indefesa.

Irmão Lobo, o que é isto? Já não te lembras dos ensinos do Cristo?

Ah, santo amigo, disse o Lobo, não pude agüentar tanta humilhação. Ainda trago no corpo as marcas dos maus tratos dos homens.

Irmão, tornou Francisco, a presença do Cristo é o sol de nossa vida.

Volta comigo, irmão. Eu também já sofri calúnia e provação. As tuas cicatrizes são feridas irmãs das úlceras que tenho.

Continua, Irmão Lobo, ao meu lado.

O Lobo, cabisbaixo, acompanhou o amigo e se fez guardião fiel, guardando-lhe as palavras desde então. Aprendeu a amar perdoando e a viver com Jesus no coração.

Nem sempre é claro o céu do cristão decidido, quando servindo a Jesus. Contudo, o cristão decidido se entrega a Jesus, Nele confia e a Ele se dá.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Inviolabilidade dos Escritórios de Advocacia (Ou quem tem medo dos Criminalistas?")


* Paulo Sérgio Leite Fernandes

O Ministro da Justiça, Tarso Genro, e o presidente de uma associação de Juízes Federais, manifestam extrema preocupação com o projeto de lei 36/2006, posto para sanção ou veto na mesa da presidência da república. Tal projeto, na verdade, apenas assegura o artigo 7.° da lei que rege o exercício da advocacia, acentuando a intocabilidade do escritório com exceções óbvias ligadas a investigações sobre a conduta do próprio profissional, exigindo-se, na hipótese, mandado específico expedido por autoridade judiciária competente.

A apreensão do Ministro Tarso Genro e do Presidente da AJUF, diz, evidentemente, com o estancamento da atividade de magistrados federais e da própria polícia federal, enquanto a última, por ordem dos primeiros, monoscaba os segredos de escritórios de advocacia, havendo conseqüências terríveis, seja ou não o profissional suspeito de comportamento infracional. Houve debate acendrado hoje, 25 de julho de 2008, entre o Presidente do Conselho Federal da Ordem, César Brito e o Presidente da Associação de Juízes Federais, divulgando-se-o pela CBN. A certa altura, o bastonário da OAB afirmou àquele magistrado que o debatedor não havia lido o projeto, não o conhecendo, portanto.

Deixando-se de lado tal discussão, resta a suspeita de que o ministro Tarso Genro e o eminente magistrado demonstram um receio injustificável de não poderem penetrar nos mistérios preservados pelos singilários. Obviamente, os advogados, com predominância para os criminalistas, guardam pedaços grandes de angústias atinentes à conduta de seres humanos, uns ilustres, outros mendicantes, mas sempre confiantes na intocabilidade de seus diálogos com o profissional escolhido e da documentação deixada para exame.

A advocacia, principalmente aquela criminal, se assemelha às outras profissões nas quais os segredos têm papel fundamental. Vale o comentário para afirmar que o Brasil dito democrático caminha a passos rápidos para um autoritarismo nauseante. Penetra-se açodadamente nos prontuários dos hospitais, destroçam-se os arquivos e o quarto de dormir dos advogados e, não contentes com isso, autoridades atrabiliárias determinam até mesmo a interceptação ambiental em parlatórios de presídios.

O ministro Tarso Genro e o presidente da AJUF não conhecem, provavelmente, tais iniciativas. Curiosamente, ascendendo ao poder, os pretensos libertários mudam de roupagem, permitindo, enquanto ocupando o trono máximo da Justiça, uma série de atividades que repugnam à consciência daqueles que lutaram, inclusive, pelo retorno das garantias dos cidadãos. É como se o veneno do totalitarismo estatal se incrustasse nas veias dos antes democratas numa sedução inebriante e viciosa.

Tocante ao Ministro da Justiça, não se arreceie dos segredos guardados pelos criminalistas brasileiros. Não se abalance a desnudar os mistérios que se agregam em torno daqueles que confiam aos advogados criminais a medida das suas angústias. Assim foi, assim é e será sempre assim, preservando-se ao extremo as confidências dos clientes. Isso já era praticado pelo curandeiro da aldeia, pelo barbeiro do vilarejo, pelo padre da igrejinha da esquina, pela mãe-de-santo, pelo escriba do faraó e até mesmo pelos consultores jurídicos dos presidentes do Brasil.

Como diziam os antigos nordestinos, “não se avexe” o Ministro da Justiça e não se enraiveça o presidente da AJUF com a possibilidade de proibição ao arrombamento dos escritórios de advogados. O projeto em questão atende a uma necessidade gerada, sim, pelo tresloucamento de muitos agentes da autoridade e pela extravagância de alguns juízes. No fim de tudo, recomponha-se de alguma forma, com a promulgação a pureza dos anseios daqueles que se esperavam, no país, o reequilíbrio do relacionamento entre o Poder e o cidadão.

*Advogado criminalista em São Paulo há cinqüenta anos.

Um simulacro de justiça

Eichmann em Cuba

*André Petry

"No Brasil, a turma que criou a estupidez dos 'direitos humanos para humanos direitos' acha que julgar civilizadamente um bandido é excesso de direitos"

Em seu magistral livro sobre o julgamento do nazista Adolf Eichmann, Hannah Arendt (1906-1975) escreveu algo que parece tão elementar que nem precisaria ser lembrado: um julgamento justo requer que o "acusado seja processado, defendido e julgado". Quando capturou e levou Eichmann ao banco dos réus, em Jerusalém, Israel falhou nisso porque montou um tribunal mais interessado em expor a dor coletiva dos judeus do que em apontar os crimes individuais do nazista. A favor de Israel, tudo se deu no início dos anos 60, quando o estado não tinha nem quinze anos, e certos crimes, como o genocídio, eram novidade jurídica. Mas o que os EUA estão fazendo em Guantánamo – do alto de sua bicentenária democracia e de um dos sistemas judiciais mais sólidos do mundo – é pantomima sem atenuantes.

Na segunda-feira, na base de Guantánamo, em Cuba, o governo americano abriu o primeiro tribunal de guerra desde a II Guerra Mundial (1939-1945). O réu é Salim Hamdan, acusado de ser motorista e segurança de Osama bin Laden e de entregar armas à Al Qaeda. Ele foi capturado no Afeganistão, com mísseis no carro, e levado à prisão de Guantánamo. Está lá há mais de seis anos. Seus advogados dizem que apanhou, ficou oito meses na solitária, sofreu constrangimento sexual e foi submetido a privação de sono por cinqüenta dias.

Seu julgamento é uma palhaçada no periférico e uma vergonha no fundamental. O periférico: o réu estava sem roupa adequada para ir ao tribunal, um acusador inventou o texto do juramento e outro abriu os trabalhos lendo um documento errado, até que o juiz pegou a cópia do papel certo das mãos de um jurado. O fundamental: as regras do tribunal foram definidas após a captura do réu, todos os jurados são militares do Pentágono, atacado em 2001, e um documento pedido pela defesa só apareceu na véspera do julgamento – tem 550 páginas. Pode-se dizer que a democracia americana não agiu como os terroristas. Podia tê-lo executado numa casamata em Kandahar, mas levou-o a Guantánamo para, bem ou mal, ser julgado. O equívoco, aqui, é defender a democracia subtraindo-lhe a essência – a civilidade.

Israel tinha razão em julgar os nazistas. Os EUA têm razão em julgar os terroristas. É daí que nasce a perplexidade: por que, tendo razão, o país faz um simulacro de justiça? Poderia julgar os terroristas em tribunais regulares, já experientes no assunto. Em vez disso, a democracia mais festejada do mundo se alia com o que há de pior no mundo. No Brasil, é a turma que criou a estupidez dos "direitos humanos para humanos direitos" e que acha que julgar civilizadamente um bandido é excesso de direitos.

Respeitar os direitos de ladrão de bicicleta é fácil. Difícil é respeitar os direitos de um nazista. Ou terrorista. Não se pode admitir que a democracia americana se comporte como nas farsas, nas quais o tamanho da culpa do réu serve de desculpa para o cancelamento da lei.

*O artigo saiu na Veja desta Semana. Altino Machado enviou o texto para mim.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Entrevista sobre as prisões preventivas

Estamos em fase de teste para incluirmos no blog entrevistas semanais discutindo algum tema de interesse público. Outras pessoas poderão ser entrevistadas. O espaço está aberto.

Melhoraremos as imagens e o cenário. É um projeto piloto. Eventuais falhas serão corrigidas.

Mas, desde já, estão todos convidados a assistir a entrevista que concedi a Edinei Muniz.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

As prisões preventivas inconstitucionais


O excessivo número de prisões preventivas decretadas ilegalmente estão superlotando e inviabilizando o sistema penitenciário do Acre e do Brasil todo.

Violências, revoltas, gastos públicos, sofrimentos de familiares, destruição de vidas são algumas das conseqüencias desastrosas das prisões abusivas.

A Constituição prevê a liberdade como regra, e a prisão como exceção. Infelizmente não é isso que acontece.

A Carta Magna estabelece que toda pessoa é inocente até que se prove o contrário. Lamentavelmente, é o oposto que se vê; parte-se do princípio da culpa antes que o fato seja devidamente apurado, dentro do devido processo legal.

Muitos, de má-fé, dizem que queremos soltar bandidos, não percebendo o elevado debate jurídico que travamos em defesa da constitucionalização das instituições e do valor justiça.

A prisão só deve ser decretada nos casos previstos em lei quando houver necessidade imperiosa da medida. Não sou contra a prisão. Ela educa também, quando justa. Sou contra ao uso dela como escárnio, perseguição, tara ou panacéia para todos os males.

Como o poder executivo vai trabalhar pela ressocializaçãodo do encarcerados quando este trabalho é inviabilizado pelo excessivo números de presos provisórios? No Acre, 53 % dos encarcerados aguardam decisão do julgamento. E se forem inocentados?

Há mais de dois anos temos denunciado esse problema. É preciso nos articularmos conjuntamente, OAB, Poder Judiciário e Ministério Público, em defesa do ordenamento jurídico digno. Sentimos no ar que se não reagirmos, o monstro nos devorará, o leviatã, destruindo nossa utopia democrática. Mas uma vez somos chamados ao bom combate: purificar nosso direito.

Já se fala em CPI das prisões preventivas no Brasil, isso mostra a estatura do problema que estamos enfrentando. Não podemos brincar com o direito dos outros, direitos garantidos constitucionalmente e imprescindívéis a vida harmônica em sociedade. Não se combate o crime praticando outros crimes. Se combate o crime com as armas da legalidade, punindo o culpado e preservando a dignidade do inocente.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Viver bem é uma ciência


Embora sejam simples as lições da vida, muito esforço se exige daqueles que procuram viver bem, com a matéria, com o espírito, com a consciência.

Na ciência do viver bem existem métodos e princípios.

O viver mal, no mais da vezes, sendo lobo, reveste-se de cordeiro. Nos envolve em ilusões, fazendo-nos crer que navegamos em um mar de rosas.

Não é fácil lutar contra nossos instintos, nosso lado ruim, porque também tem seu charme e sua força, seus prazeres ilusórios, efêmeros.

Saber controlar pensamentos, palavras e ações não é uma aprendizagem fácil. Dói muito. Se purificar dói muito, e é aqui na terra, na matéria, que devemos evoluir, é a grande prova.

O prêmio é compensador, quando evoluímos. Temos a ajuda do Alto. De quantos males nos livramos quando quebramos as grades da bebida, da luxúria, da avareza, da vaidade, do orgulho, da inveja.

Como advogado criminalista, vejo quão perservo sãos esses pecados atuando nos homens, cruzando seus caminhos, levando-os aos crimes.

Nossos erros teremos que purgar, mas Deus só cobra no momento certo e na medida exata. O importante é a mudança, é não deixar nossos equívocos irem se acumulando, é tapar a sangria, evitar cometer outros erros, sentir a dor de tê-los cometido, são essas as melhores formas de receber o perdão.

É uma ciência tudo isso, fácil de ser ensinada, difícil de ser vivida, mas é uma grandiosa ciência, que se bem compreendida nos levará a um lugar "onde jorra leite e mel", repleto da luz da Justiça.

A Defensoria Pública e o Supremo Tribunal Federal


A polêmica gerada com o suposto tratamento diferenciado dispensado pelo Supremo Tribunal Federal - STF às pessoas com alto poder aquisitivo é falso. Dou o meu testemunho para espancar a dúvida. Atuei em processo crime em que foi decretada a prisão preventiva de um jovem, por suposta prática de crime previsto na antiga lei de drogas. O moço respondeu todo o processo em liberdade. Com a sentença penal recorrível foi decretada a sua prisão cautelar, sem que estivessem presentes os requisitos para tal.

Interpus hábeas corpus para o Tribunal de Justiça do Estado do Acre, dedicando-me com afinco para a liberdade do paciente. Fiz sustentação oral na Câmara Criminal. Não obtive êxito. Impetrei hábeas corpus para o Superior Tribunal de Justiça. A liminar foi negada. Como entendia que se tratava de uma prisão desnecessária, sem fundamentação fática, e que afrontava a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal – STF, bati às portas do Egrégio Pretório. Liminar concedida.

Não há que se falar em discriminação entre pobres e ricos pela Corte Constitucional do país. Os ricos têm bons advogados e conseguem fazer os seus pleitos chegarem à Suprema Corte. Raramente os pobres conseguem fazer com que suas demandas cheguem ao Pretório Excelso. Pode-se afirmar, por isso, que há discriminação contra os pobres por aquela Corte de Justiça? Claro que não. A Justiça é inerte por princípio – ne procedat iudex ex offício. O que está faltando é uma Defensoria Pública, que sirva de instrumento para que o pedido do hipossuficiente chegue aos tribunais superiores.

Assiste total razão ao presidente do Supremo Tribunal Federal – STF, doutor Gilmar Mendes, ao declarar que a Defensoria Pública precisa ser fortalecida. Sem que esta instituição tenha paridade de armas com o Ministério Público, muitos vão suscitar a proposta demagógica de que é preciso nivelar por baixo, efetuando-se prisões preventivas desnecessárias, de preferência em grandes espetáculos de exposição dos detidos, ricos e pobres. Puro engodo!

A Constituição Federal já apontou o caminho para superação das diferenças de tratamento entre pobres e ricos nos tribunais: Defensoria Pública forte, nos mesmos moldes do Ministério Público, em contraditório perfeito. A voz do Dr. Gilmar Mendes, ecoada nesse momento de crise, é o facho de luz que se coloca diante dos pobres que necessitam dos serviços da Defensoria Pública, para não se deixarem iludir com o "Canto de Sereia" dos que querem passar a impressão de que algumas prisões espetaculares de ricos, desagrava os pobres, diariamente humilhados pelo aparato policial do Estado a serviço de ideologias autoritárias.

Com acerto, a Associação dos Defensores Públicos, na crise da prisão preventiva do banqueiro Daniel Dantas, colocou-se corretamente na defesa do doutor Gilmar Mendes, porque ele é quem estava defendendo o Estado de Direito. Ele não teve medo de colocar seu cargo em jogo, expondo-se ao risco de parecer que estava protegendo um banqueiro; quando na realidade estava protegendo o jus libertatis, direito consagrado na Constituição Federal. Parabéns à Associação Nacional dos Defensores Públicos! Com essa posição, avança a Defensoria Pública como verdadeiro instrumento de promoção dos carentes ao acesso à justiça e a cidadania.

Não é apenas o subscritor que dar seu depoimento de que não há discriminação, entre pobres e ricos, no Supremo Tribunal Federal. A Associação dos Defensores Públicos, que congrega mais de cinco mil Defensores Públicos, afirma, de forma peremptória, de que o crescimento da Defensoria Pública, nos últimos cinco anos, se deve a várias decisões do Pretório Excelso, que estão levando à consolidação da autonomia administrativa da instituição e valorizando o nobre papel do Defensor Público. Registre-se que, para que os pobres tenham acesso ao Supremo Tribunal Federal, faz-se indispensável que as Defensorias Públicas tenham representações em Brasília. Até agora apenas São Paulo, Tocantins e Brasília têm escritórios na capital federal.

Ao fim e ao cabo, para que os pobres tenham acesso ao Supremo Tribunal Federal, onde não existe nenhum discriminação entre pobres e ricos; mesmo porque o modelo constitucional brasileiro não faz distinção de classe, ao assegurar a todos os cidadãos o acesso á justiça, o que se precisa é de estruturação da Defensoria Pública do ponto de vista orçamentário, e que todas as Defensorias Públicas Estaduais criem escritórios de representação em Brasília para que os pobres não se quedem sem a possibilidade de apresentarem recursos e hábeas corpus no Supremo Tribunal Federal.

Mas a Defensoria Pública não só avança pelas palavras corajosas do ministro Gilmar Mendes. Avança também do ponto de vista legal. A legitimidade da Defensoria Pública em propor ações civis públicas foi uma grande conquista institucional. A obrigatoriedade da comunicação à Defensoria Pública das pessoas presas em flagrante que não tenham condições de constituir advogado é também um avanço, como foi importante a obrigatoriedade da presença do Defensor Público por ocasião do interrogatório do acusado.

Finalmente, grande conquista da população carente, que necessita dos serviços da Defensoria Pública, foi a aprovação da Lei n° 11.737/2008, que alterou o art. 13, do Estatuto do Idoso (Lei n° 10.741/2003), conferindo autoridade de título extrajudicial aos acordos de alimentos homologados pela Defensoria Pública, prerrogativa que só era concedida ao Ministério Público.

VALDIR PERAZZO LEITE É DEFENSOR PÚBLICO

terça-feira, 22 de julho de 2008

Parabéns à União do Vegetal

Hoje é aniversário da União do Vegetal - UDV, fundada no dia 22 de julho de 1961, por José Gabriel da Costa, o Mestre Gabriel.

Vem trazendo o bem, iluminando mentes, orientando vidas, religando o homem ao Divino.

Da Amazônia, esse lindo Jardim de Deus, brilha essa Rosa, que se espande clareando a nossa vida.

Seu símbolo é Luz, Paz e Amor.

Luz na consciência, Paz no espírito e Amor no coração.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Os olhos da Justiça


Enquanto nossa Deusa da Justiça é simbolizada com os olhos vendados, os liliputianos, das Viagens de Gulliver, representavam a Justiça com seis olhos, dois na frente, dois atrás e um de cada lado.

Segundo alguns, nossa Justiça tem os olhos cobertos por um pano para poder julgar com imparcialidade, sem olhar a quem.

Julgar com imparcialidade, sim; sem olhar a quem, sim. Agora, não dá para fazer isso com os olhos fechados.

A imagem é tão errada que frases do tipo "a justiça é cega", "a justiça não vê", povoa o imaginário popular, gerando descrença, sarcasmo e insegurança.

Justiça é olhar, e olhar bem, verificar com muita atenção. Olhar para todos os lados, para frente, para trás. A Justiça vem pelo olhar.

Só é possível julgar com os pesos corretos quando olhamos acuradamente e com honestidade. Desprezar o papel da visão na justiça é seguir o caminho da injustiça.

Antigamente, a Deusa da Justiça, não era representada com os olhos vendados. Foi com o passar do tempo que os homens resolveram colocar a venda em seus olhos, corrompendo, assim, o mais elevado dos ideais.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Quero advogar


O artigo abaixo é de autoria de Leandrius Freitas Muniz. Fico contente quando vejo um jovem cheio de vida querendo advogar, descobrindo sua vocação, querendo trilhar o caminho com sucesso. Muitos, quando ingressam no curso de Direito, só pensam em seguir outras carreiras jurídicas, de olho no salário gordo que irão receber como juiz ou promotor, salvo raras exceções. Leandrius "tem pegada", já assisti à júri feito por ele. Não quer ser só advogado, quer ser advogado dos bons. Seja bem-vindo a confraria. As portas se abrirão para você.

Há alguns dias concluí o curso de Direito, estou em um momento feliz da vida. Venci uma etapa e estou começando outra muito importante.

Lembro-me com clareza do primeiro dia de aula, aquele nervosismo, tudo era novidade. Acho que nervosismo daquele somente quando fiz o primeiro júri.

A aula era de Filosofia, a primeira aula do primeiro dia e, como de costume todos passaram a se apresentar, nome, idade, quem era, o que fazia e o que esperava do curso; achei engraçado pois só tinha autoridade de alto nível no recinto "juiz federal, desembargador, delegado federal, promotor, etc." , fui um dos últimos a responder. Respondi com firmeza: Quero ser Advogado.

A professora me olhou com um ar de reprovação e questionou: "só advogado?", respondi calmamente, "não professora, eu quero ser advogado, advogado dos bons, daqueles que questionam, que estudam, que se aprofundam e que não se deixa intimidar por status social de nenhum cargo", alguns gostaram outros nem tanto e a aula seguiu.

Durante esses anos de academia jurídica conheci diversos profissionais do ramo do direito, estagiei em diversos locais e tive alguns professores que atuam em diferentes áreas, advogados, promotores, delegados, defensores, bacharéis, etc., e com cada um aprendi alguma lição jurídica e de vida. E minha certeza foi sempre aumentando "quero advogar".

Sem desmerecer nenhum estágio, considero o mais importante o da Defensoria Pública, pois aprendi a ser cidadão, a ter sensibilidade com o próximo e a lutar pela justiça e, acima de tudo aprendi a advogar.

Não sei se estou pronto para advogar, mas tenho vontade e coragem de ir a luta.

A nossa lei maior, em seu art. 133 diz:

"O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei".

Não sei se Deus quer que eu advogue, espero que seja essa a vontade dele, ser advogado é belo, é prazeroso, é gostoso, é justo, e porque não dizer, divino.

Estou começando minha vida, estou na flor das 23 primaveras, mas sei que quero seguir os passos dos meus mestres e daqui uns dias ser mestre igual ou melhor do que eles me foram.

Comumente vemos a indignação de toda uma sociedade com fatos que nos chocam e, sempre ouvimos, "que fulano não pode ter defesa, que quem defende bandido só pode ser mercenário" e outras tantas barbaridades, hoje nosso filho pode ter sido assassinado e vamos querer justiça e se nosso filho fosse o assassino, não iríamos querer uma pena justa e um julgamento sério.

Pergunto-me sempre: Haveria justiça sem o advogado? A constituição diz que não.

Poderia escrever dias e dias a respeito da felicidade que é advogar, sentir a alegria de ajudar a justiça, de denunciar os abusos e abusadores.

Mas acima dessa vontade alucinante de advogar, existe uma reserva de mercado escancarada, o famoso exame de ordem, onde a OAB acha que avalia alguma coisa e nos fingimos que somos avaliados também.

Hoje é mais barato fazer uma inscrição num concurso para juiz do que fazer a inscrição na prova do exame de ordem. Sei que os brilhantes advogados que seguimos, em sua grande maioria não fizeram tal exame e, nem por isso deixaram de ser brilhantes.

Encerro minha afirmação pela paixão que tenho pela advocacia, pedindo a Deus que me conceda a oportunidade de advogar e que a OAB permita-me a condição legal de ser advogado.

Leandrius de Freitas Muniz
Bacharel em Direito

quinta-feira, 17 de julho de 2008

A pureza da Justiça


Está limpo? Está puro? Então pode julgar, mas sem acrescentar um grama sequer no seu julgamento.

Não estando assim, é melhor não julgar.

Aprendi com Tolstoi que culpar os outros é sempre errado, porque ninguém pode saber o que aconteceu e continua acontecendo na alma daquela pessoa.

Nós, com muita freqüência, julgamos parcial e cegamente. Chamamos uma pessoa de boa, outra de estúpida, uma terceira de má, a quarta de inteligente. Mas o homem flui e muda, constantemente. O mau pode se tornar bom, o injusto pode se tornar justo, o estúpido pode se tornar inteligente.

Para mostrar que somos bons não precisamos denegrir a imagem de ninguém.

O Talmude aconselha a jamais culpar o próximo antes de ter estado em seu lugar. É o melhor caminho para se chegar a verdadeira Justiça.

Tão perigosa é a missão de julgar que Jesus aconselhava a não fazer. Quem quer julgar se analise primeiro, se limpe primeiro, antes de proferir a sentença. Manter o equílibrio da balança da Justiça é dever das consciências elevadas.

Na Grécia Antiga, o ato de julgar era tão sagrado, que antes de iniciar o julgamento, havia queima de incenso e aspersão de água benta no recinto, em esconjuro à maldade dos homens e dos demônios.

A Justiça, por ser pura, não se manifesta àqueles que a procuram com as palavras, os sentimentos e os pensamentos maculados pelo mal. Tente buscar a Justiça da maneira mais pura que você puder, e verá como ela aparecerá, graciosa, perfumada, reluzente e misteriosa, suavizando a vida e lhe trazendo paz.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Em defesa da Constituição e do Ministro Gilmar Mendes



Emblemático exemplo do direito penal simbólico foi a prisão espalhafatosa de Daniel Dantas.

O direito penal vive de símbolos. "Vamos prender esse ricaço da maneira mais vil possível e a população nos irá aplaudir e ela verá que o direito penal também serve para prender rico".

É uma espécie de catarse, de engodo que visa convencer que a lei é aplicada a todos. A euforia passa, e os ricos continuam longe das cadeias e os pobres abarrotando-as.

Essas prisões estrambóticas anunciadas pela Polícia Federal e setores primitivos da Magistratura e do Ministério Público não passam de símbolos, de respostas momentâneas para abafar as críticas que se fazem a seletividade do processo penal. Aplica-se a ilegalidade, ocasionalmente, contra um rico, para justificar posteriores ilegalidades contra os pobres.

Para mostrar serviço os maiores abusos são cometidos; rasga-se a Constituição e afronta-se o Estado Democrático de Direito. As vaidades se acendem e as ilegalidades não conhecem limites, a não ser quando aparece pela frente um Magistrado de vergonha, para impor a ordem e mandar fazer a coisa certa, seja em relação ao rico, seja em relação ao pobre, bem ao estilo da justiça talmúdica.

O gabinete do juiz De Sanctis é conhecido como a "Câmara de Gás", não sei como isso pode orgulhar um magistrado!

Várias ilegalidades no seu proceder estão vinda à tona, exatamente pelo fato de ter se esquecido que no Brasil existe uma Constituição que precisa ser respeitada.

São juízes desse tipo que são chamados para ajudar na construção de ditaduras. São homens a serviço do arbítrio. Não respeitam as leis nem os limites democráticos da nação brasileira.

Precisamos de homens do porte do Ministro Gilmar Mendes para consolidar a constitucionalidade no país. O juiz De Sanctis me lembra muito um certo procurador que arrotava moralidade, mas estava a serviço de partidos, de governos e de setores interessados na destruição de alguma reputação.

Muitos são os iludidos, mas cuidado para que a arma da irracionalidade não atinja um dia o seu tranqüilo lar.

Lembre-se sempre do discurso de um pastor evangélico na época da período nazista:

"Prenderam os homossexuais, mas eu não protestei porque não era homossexual; prenderam os negros, mas eu não protestei porque eu não era negro; prenderam os judeus mas eu não protestei porque eu não era judeu; prenderam os católicos, mas eu não protestei porque não era católico; como não havia mais ninguém para prender, prenderam a mim, e ninguém protestou também."

terça-feira, 15 de julho de 2008

O justo e o injusto à luz da vergonha


Devemos praticar a justiça e evitar a injustiça.

Justo e injusto são duas palavras muito parecidas, de sutil diferença de termos.

O mundo é cheio de injustiças porque não é fácil fazer justiça.

Não distinguir o justo do injusto é não ter a suficiente vergonha agindo como freio moral de nossas ações.

Para exercitar a justiça e ter uma conduta correta é necessário sentir vergonha do erro, da injustiça, do mal. Vergonha de nós mesmos, da sociedade, de nossos familiares, de nossos amigos, de nossos inimigos. A vergonha é um limitador ético que nos impede de praticar o que não é certo.

Expressões como: "um homem de vergonha", "cabra sem-vergonha", resumem muito bem a dimensão moral da pessoa a quem nos reportamos.

O sentimento de vergonha nos impede de matar, de roubar, de mentir, de agredir, de estuprar, de tirar a roupa em praça pública.

Uma das maiores tarefas que os pais tem pela frente é ensinar a seus filhos a sentir vergonha a cada prática de uma ação errada.

Adão e Eva quando desobedeceram a Deus, a primeira reação que tiveram foi de vergonha; cobriram suas partes pudendas. É essA vergonha de nos vermos nus perante nossas injustiças que contribui para o avanço espiritual da humanidade. A vergonha é um sentimento de ouro.

Não chame uma velhinha para depor


Roberto Vaz enviou-me a anedota abaixo, de autoria desconhecida, pelo menos para mim. Atuando na área criminal, bem sei que o caso pode ser tido também como verdadeiro. Não raro nos deparamos com situações muito parecidas. Vale a pena ler, se divertir, mas acima de tudo perceber o que de sério ela nos traz. Outra coisa: a velhinha desmascarou a todos.

Numa cidade do interior de Minas, o Promotor de Justiça chama sua primeira testemunha, uma velhinha de idade bem avançada e para começar a construir uma linha de argumentação o Promotor pergunta à velhinha:

- Dona Genoveva, a senhora me conhece? Sabe quem sou eu e o que faço?

- Claro que eu o conheço, Vinicius! Eu o conheci bebê . Seus pais só choravam, deveria ser pelo pintinho pequenino que você tinha. E, francamente, você me decepcionou. Você mente, você trai sua mulher, você manipula as pessoas, você espalha boatos e adora fofocas. Você acha que é influente e respeitado na cidade, quando na realidade você é apenas um coitado, nem sabe que a filha esta grávida, e pelo que sei, nem ela sabe quem é o pai. Ah, se eu o conheço! Claro que conheço!

O Promotor fica petrificado, incapaz de acreditar no que estava ouvindo. Ele fica mudo, olhando para o Juiz e para os jurados e sem saber o que fazer, ele aponta para o advogado de defesa e pergunta a velhinha:

- E o advogado de defesa, a senhora o conhece?

A velhinha responde imediatamente:

- O Robertinho? É claro que eu o conheço! Desde criancinha. Eu cuidava dele para a Neide, a mãe dele, pois sempre que o pai dele saia a mãe ia pra algum lugar se encontrar com o amante. Ele também me decepcionou. É preguiçoso, puritano, alcoólatra e sempre quer dar lição de moral nos outros sem ter nenhuma para ele. Ele não tem nenhum amigo e ainda conseguiu perder quase todos os processos em que atuou. Além de ser traído pela mulher com o mecânico... com o mecânico!!

Neste momento, o Juiz pede que a senhora fique em silêncio, chama o promotor e o advogado perto dele, se debruça na bancada e fala baixinho aos dois: - Se algum de vocês perguntar a esta velha, filha da puta, se ela me conhece, vai sair desta sala preso! FUI CLARO?

segunda-feira, 14 de julho de 2008

O medo de morrer: a verdade dos samurais


O código dos samurais, o Bushido, escrito há mais de 300 anos, aconselhava o guerreiro a ter medo de morrer, como forma de burilar o caráter e refinar o espírito.

Pensar na morte, da aurora ao arrebol, evitava a má conduta e os erros dos samurais e conseqüentemente a reação daqueles que foram vítimas de sua maldade.

No último júri que fiz citei o Bushido, nos seguintes termos:

"Tem que ter medo de morrer o advogado que pega o dinheiro do cliente e o engana. Tem que ter medo de morrer o delegado que prende sem razão alguma. Tem que ter medo de morrer o promotor que acusa sem provas. Tem que ter medo de morrer o juiz que condena sem base. Tem que ter medo de morrer todo aquele que prejudica injustamente uma pessoa".

Se trilhamos na linha do reto proceder, na prática fiel do bem, nenhum mal pode nos atingir.

Quando alguma autoridade anda cercada de seguranças é porque alguma coisa injusta anda fazendo com alguém. A impressão que passa não é das melhores.

O medo de morrer nos aperfeiçoa, e como diz o Bushido, nos dá uma personalidade notável, à medida que procuramos evitar o mal e promover a justiça, com os pesos bem medidos. E se a morte vier, neste caso, será para a glória dos nossos ideais e não para a vergonha de nossos descendentes.

terça-feira, 8 de julho de 2008

A justiça de Stálin segundo o deputado Moisés


Moisés é um homem indignado com os crimes de Nero. Eu também sou, com todo tipo de violência, incluindo aquela que nega o direito que o outro tem de se defender, como fazia Hitler.

Stálin também era assim, embora criticasse Nero. Matava as crianças, os velhos, os adultos, as mulheres. Acusava insanamente todos os seus adversários, nos Processos de Moscou, inventando fatos, construindo estórias, elaborando crimes para se manter no poder. O acusado não tinha defesa, recebia a bala na cabeça ou era expulso de sua pátria ou condenado a viver para sempre nos cárceres de Lubianka.

O justiçamento proposto por Moisés, no compasso de Stálin, não terá espaço no Templo Sagrado da Justiça, enquanto existir homens que façam valer os castiços princípios do processo criminal. Ele confunde comício com Tribunal do Júri. Muitos estão defendendo um julgamento fascista para Hildebrando, sem defesa, sem direitos, desprovidos que estão do bom siso.

Tenho recebido em meu escritório, e com toda a compreensão do mundo, comunistas, petistas, esquerdistas que são acusados de vários crimes, procurando desesperadamente uma voz que os auxiliem na defesa penal. Muitos foram adversários ferrenhos da minha pessoa, mas esquecendo essas ninharias, ergo minha palavra, aprumo a pena e os ajudo em momentos de dor.

Pessoas que me recriminaram e não entenderam meu papel de advogado, em vários casos polêmicos que atuei, ao final me pediram desculpas pela forma ignorante com que tinham me tratado. Sempre eu respondia: "Não há necessidade de perdão porque você não conseguiu me ofender".

A reação febril de Moisés mostra que a tarefa de defender Hildebrando não será fácil, e olha que ele se diz muito racional. As paixões estarão acirradas. O advogado terá, sozinho, ou melhor, muito bem acompanhado - não precisa dizer por quem - que travar a luta, tendo como armas os segredos e os mistérios que sempre acompanharam a defesa em causas dessa natureza.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Hildebrando também é humano

Qualquer pessoa de consciência sadia, sã, analisa o caso Hildebrando com menos dogmatismo, com mais amplitude, com mais justiça.

Baiano ajudou Jorge Hugo a matar o Itamar Pascoal, irmão de Hildebrando. O que você faria com o assassino de seu mais querido irmão? Analise, estude, pondere, reflita; você, neste momento, está calmo para fazer isso.

Hildebrando está há 1o anos preso, e condenado a 88 anos de cadeia. Está sufocado, pedindo ajuda, querendo socorro. Precisando falar, expôr suas razões, ser ouvido também. Mataram o irmão dele.

São longos anos de dor, de doenças, de acusações. A cegueira de muitos impede de ver que o suposto monstro é um ser humano, deve ter seu lado bom, suas filhas, seus parentes, seus amigos. Que anseia um dia voltar a conviver em sociedade e cuidar de si e da sua família.

Será que todos os crimes e todos os erros que lhe foram imputados são verdadeiros? Não houve exageros, interesses? Até gente dada por morta, por ação de Hildebrando, depois apareceu viva.

Hildebrando, quando deputado, teve algumas posturas corajosas e cívicas de alto grau. Isso incomodou muitas pessoas, muitas autoridades, que erradamente não mediram limites, nem jurídicos nem éticos, para conduzir com imparcialidade as investigações contra ele, que só foram iniciadas posteriormente quando esses poderosos se se sentiram atingidos pela atuação do político, que exigia probidade no trato com a coisa pública.

É se colocar no lugar do outro, para ver se ele também tem suas razões, antes de falar coisas assim: "é um monstro, não merece defesa, tem que apodrecer na cadeia, vamos dar um tiro na cabeça dele, advogado honesto não pode defendê-lo, vamos atiçar a opinião pública contra ele...." Isso é irracional.

Deixe o homem se defender, como manda a Constituição, ou melhor, como a natureza impõe.

Ele quer o que é dele, ser julgado dentro dos limites legais, da ética, da transparência, ter direito a plena defesa.

Hildebrando não está impune. Repito, são dez anos preso, condenado a 88 anos de cadeia, perdeu quase tudo que tinha. No Brasil não tem pena de morte e nem prisão perpétua, graças a Deus que alcançamos esse estágio de humanidade.

Pascoal já ajudou muita gente. Vem de uma família trabalhora. Durante o período de prisão já perdeu dois irmãos. A mãe morreu por negligência médica. Já foi caçambeiro, taxista, vendedor de picolé, diarista, muitas coisas que conseguiu na vida foi com muito esforço. É evangélico não depois de ter entrado na prisão. Sua mãe foi fundadora da Igreja Batista do Bosque, tradicionamente todos da família são de lá.

Se quase a totalidade das pessoas irão acusá-lo, é preciso que alguém fale por ele, não há escândalo nem erro nisso, há nobreza.

São essas as reflexões que as mentes esclarecidas precisam ponderar, por uma questão de honestidade consigo mesmo. Vamos aprender a ver os dois lados. Você que não gosta dele, tem as suas razões, e até ponderáveis, mas não deixe que sentimentos impuros o impeça de ver as razões do outro.

Leia no Blog da Amazônia matéria feita pelo jornalista Altino Machado, que com equilíbrio soube abordar alguns aspectos que discuto no texto acima.

Andando na faixa do Bem


Quem anda na faixa do bem tem a guarnição divina. Nenhum mal externo pode lhe atingir, a não ser você mesmo.

A escuridão não penetra na luz, o ódio não atingi o amor. Mas na medida que deixo de ser bom, sofrerei as consequências. Se deixo de ser luz, a escuridão me envolverá. Se abandono a pureza, serei carcomido por micróbios de toda ordem.

Quem bem souber não se desvia da linha reta que lhe conduz a Deus. Se você sai dessa linha a culpa é sua. Não adianta pedir perdão. Errou tem que pagar. O perdão só lhe será dado pela dor. É preciso sentir a dor lhe rasgando a consciência, lhe perturbando os nervos, e lhe fazendo ver que a opção que fez não foi a certa, e que é preciso não errar mais.

Muitos acham que num simples pedido de perdão a Deus ou ao próximo a situação está resolvida. Não está. É preciso sofrer para aprender, para se consertar, para evoluir.

Viver bem é uma ciência. Existem regras, métodos, princípios que a universidade da vida vai ensinando. Aos poucos vamos percebendo que não é tão difícil aprender essa ciência.

Salomão foi sábio porque estudou de si e se tornou o Rei da Ciência, da Ciência da Vida.

Quando Jesus afirmou "vós sois deuses" ele quis nos fazer entender que quando nos unimos a natureza divina fazemos parte Dela, sendo também Ela. Assim, o Mal não penetra no Bem. Quem poderá nos prejudicar? Nós mesmos, quando abandonamos a reta senda, enganando, desrespeitando, mentindo, acusando injustamente, prejudicando os outros, falando mal da vida alheia, se envolvendo no orgulho, na vaidade, na luxúria.

Essas questões revestem- se de enorme valor jurídico. É a base de toda justiça. Ao invés de boas leis, precisamos de bons homens, éticos, espiritualizados, justos.

A terra só será um Paraíso para nós quando deixarmos de ser ruins. Disse o mestre: " O reino de Deus está dentro de vós". Que cada um cuide de construir o seu Céu, mas muito cuidado para não confundi-lo com as ilusões do Inferno.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Um bate-papo com Jorge Viana

Encontrei dificuldade em dar um título para esse escrito. Na política, qualquer palavra pode ser interpretada erroneamente.

Seu eu tivesse dito Uma conversa com Jorge Viana, já diriam: "eles estão se encontrando".

Se optasse por Um encontro com Jorge Viana, especulariam: "eles estão de conversa".

Ontem a noite, enquanto se esperava o início do espetáculo da Escola Dançando no Ritmo, Jorge Viana entrou no Tetrão, muito simpático e saudando a todos. Tanto a sua filha como a minha faziam parte das apresentações.

Ao avistar-me, o ex-governador veio me cumprimentar. Trocamos algumas frases, sob os olhares atentos de muitos, talvez achando estranho aquela troca de cordialidades, entre dois adversários.

No intervalo da Festa conversamos mais longamente, enquanto ele comia um quepe e eu, uma pipoca. Falamos exlusivamente de política, e a conversa só não se esticou mais porque a apresentação já tinha reiniciado. Novamente, as pessoas estranharam o colóquio.

Nunca Jorge Viana me tratou com desrespeito; seus chefetes, sim. Em várias oportunidades que nos encontramos, casualmente, o tom sempre foi muito pacífico.

Sempre reconheci o talento, a luz-própria, a liderança, o carisma, o gênio forte e a inteligência do ex-Governador. Tenho muitas críticas a ele, e são públicas.

Os meus ex adversos sabem que sou adversário leal. Muitas intimidades já me foram reveladas e eu já revelei algumas também, mas isso é sagrado entre verdadeiros adversários, não se usa como arma de guerra, em nehuma oportunidade.

É melhor ter adversários leais que amigos desleais. Voltaire, já dizia: "Deus me proteja dos meus amigos, porque dos inimigos cuido eu".

Aqueles que me conhecem sabem que sou flexível, sem ser frouxo. Muitos problemas são solucionados na base da diplomacia, da conciliação, da conversa, sempre realizadas na faixa da nobreza, como os guerreiros antigos. Palavra é palavra. Acordo é acordo. Sigilo é sigilo.

O maquiavelismo não me seduz, ele só é aplicado no nível mais baixo da política, da qual eu não tenho o menor interesse.

Essa conversa, esse encontro, esse bate-papo com o ex-governador foi muito bom. Bom para saber que ele é ele, e eu sou eu. Nossa relação não é de servilismo, de vassalagem, mas de respeito. Na vida, sempre existem encontros, desencontros e reencontros, e é o Destino quem vai decidindo essas coisas.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

As mães que choram por seus filhos presos


Recebo diariamente em meu escritório mães desesperadas que choram por seus filhos presos.

Não dá para brincar com essa situação. É preciso respeitar o choro materno.

Elas sofrem muito mais que os filhos. Não dormem, porque não têm a segurança que os seus filhos descansam. Não comem, porque não sabem se seus filhos já comeram. Não se divertem, porque não sabem se seus filhos estão alegres, agasalhados, protegidos, seguros.

Há pouca diferença, para uma mãe, entre a morte e a prisão de um filho.

O delegado, o promotor, o juiz, o advogado, as autoridades em geral, precisam atender com muito carinho essas mães. Ouvi-las, confortá-las e se possível ajudá-las.

O amor de mãe é comparado ao amor de Deus, puro, imaculado, castiço.

Quando procuramos contribuir ao invés de atrapalhar, nós mesmos melhoramos como filhos de Deus. Muitas bençãos são distribuídas àqueles que estendem as mãos para ajudar uma mãe que chora a perda da liberdade de um filho.

Quando posso ajudar, ajudo. E sempre dá para ajudar de alguma forma.

É tanta dor, são tantas lágrimas, que há mistério nas águas que correm dos olhos de uma mãe.

Se o advogado procurar desvendar os segredos de tanta força que impulsiona uma mãe na defesa do filho, terá compreendido a origem nobre e o significado alto da nossa profissão.

Procuro ver em cada mãe que me busca a imagem da minha. Agindo assim, é mais difícil de se cometer uma injustiça, na forma de receber, de ouvir, de atender, e de ajudar.

A autoridade que bem souber não menoscaba a dor de uma mãe. A pena virá, implacavelmente.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Um convite de Tião Viana

Bem que eu não queria me envolver nessa campanha política, subir nos palanques, participar do horário eleitoral, das passeatas, dos debates, das entrevistas, de todas as polêmicas.

Mas, aceitando convite especial do Senador Tião Viana, não deixarei de participar. E ele fez isso quando resolveu mudar a hora do povo dormir e acordar.

A candidatura de Petecão vem ganhando muita força, é uma opção boa.

Bocalom é um homem operante, trabalhador e muito honesto.

Angelim é um administrador razoável, mas anda mal acompanhado, principalmente por aqueles que, cedendo as pressões de "estrangeiros ousados", mudam nossos horários, hábitos, nossa cultura, nosso modo de viver e de se relacionar com o tempo, com a natureza, afrontando assim nossa dignidade acreana. Eles estão numa hora errada.

Não há outro jeito, é afinar o discurso, tomar as ruas, preparar o glorioso outubro.

Nessa campanha eleitoral, o grande adversário do PT será o seu maior expoente, o Senador Tião Viana, e estarei na campanha eleitoral impulsionado por ele.

Na minha bandeira estará escrito: "Um tempo melhor".

Muito obrigado.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Nossos suseranos


Vivemos como vassalos. Temos muitos suseranos.

O dinheiro.

O medo.

O poder.

O ódio.

Os vícios.

A maldade.

A covardia.

A obediência cega aos suseranos é o grande motivo dos nossos sofrimentos, das nossas quedas, das nossas decepções, de nossa escravidão.

Devemos lutar pela nossa alforria. Quando conseguirmos a liberdade desejada saberemos como é tão bom viver.

As lições da vida são simples


Todas as pessoas, intuititivamente, sabem quais são as lições importantes da vida.

Estão gravadas na memória universal e, portanto, em nós, que fazemos parte dela.

Já vivemos e continuaremos a viver.

Não temos apenas trinta anos, quarenta anos, sessenta anos, noventas anos... Temos muito mais.

Platão, seguindo o mestre Sócrates, ensinava que o segredo do conhecimento estava em relembrar tudo aquilo que já sabemos.

São os graus de memória que aos poucos vão diferenciando as capacidades, os talentos, as inteligências, os rumos, os objetivos de cada um.

Esse conhecimento escondido em algum lugar da essência humana, na verdade é o auto-conhecimento. Conhecer quem você é, qual a sua real natureza, de onde vem, para onde vai, quais os caminhos que devem ser trilhados, e as dificuldades que precisam ser superadas.

"Conhece-te a ti mesmo". Essa frase sempre me pareceu vazia. Mas hoje não, ela é busca constante.

Quanto mais me afasto do relativismo, do subjetivismo, do niilismo, mais me aproximo das grandes verdades.

"Que é a verdade?" "Você tem a sua e eu tenho a minha". São as velhas discussões piláticas.

"Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará". Já não perco grandes momentos da minha vida batendo boca com os Pilatos, o caminho é individual.

Não são as lições da vida difíceis de aprender; são difíceis de apreender, de incorporar, e de viver de acordo com elas. Para que isso ocorra é preciso que o homem chegue a cientificação, a ciência de si mesmo, para descobrir a Verdade e por ela ser liberto.

Na vida material costumamos andar olhando para o chão, como bêbados. Poucos são aqueles que fitam o olhar para o alto.

Os grandes iniciados nos trouxeram simples lições, em frases curtas, em sermões singelos, em atos nobres.

São tão simples essas lições que aparecem resumidas em uma singela frase, a Regra de Ouro: "Faça aos outros aquilo você gostaria que os outros fizessem a você". O resto é desdobramento.

Nessa longa caminhada, cada passo que dermos na direção do cumprimento da Grande Lei será uma benção enorme em favor da humanidade inteira.