segunda-feira, 6 de abril de 2009

A lição de eloquência e a eloquência da lição de Abrãao Lincoln

Hélio Sodré, no livro História da Eloqüência Universal, nos conta que Abrãao Lincoln foi um dos grandes oradores da humanidade. Tinha um estilo formoso e simples de falar.

Sabia expor com clareza as mais complexas idéias.

O tom da fala era quase bíblico, profético, burilado com refinada emoção.

Era conciso, objetivo e simples, repita-se.

E honesto no que dizia e fazia.

Dirigia-se não somente à razão, mas à sensibilidade dos seus ouvintes.

Podemos dizer que Lincoln foi um dos geniais respresentantes de uma nova maneira de falar: a oratória natural e serena.

Como advogado, no tribunal do júri, expunha suas razões compassadamente, construindo cada argumento, como um admirável artista da palavra. Era tranquilo, mas enérgico quando precisava.

Osho nos narra uma passagem na vida de Abrãao Lincoln que bem nos mostra a lição que devemos tirar de sua eloquência.

Quando Lincoln chegou à presidência dos Estados Unidos muitos ricos procuravam humilhá-lo por ser ele de origem pobre.

Antes de iniciar seu discurso no Senado, como presidente, um homem, muito arrogante e burguês, adiantou-se antes que Lincoln começasse a falar e disse: "Lembre-se que o senhor é filho de um sapateiro". E todo o Senado riu.

Lincoln, com firmeza e equilíbrio respondeu, espirituosamente:

"Estou tremendamente grato por você ter me lembrado do meu pai, que está morto. Sempre me lembrarei de seus bons conselhos. Nunca serei tão bom presidente quanto ele foi sapateiro."

Houve no ambiente um silêncio sepulcral. E continuou:

"Até onde eu sei, meu pai costumava fazer sapatos para sua família também. Se seus sapatos estiverem com algum problema traga-os a mim que eu resolvo, meu pai me ensinou o ofício, não chego nem aos seus pés, mas posso consertá-los.

Estou diposto também a consertar, caso precise, os sapatos de todos vocês que foram clientes de meu pai. Mas uma coisa é certa: eu não posso ser tão bom quanto ele, seu toque era de ouro."

Ao terminar, as lágrimas caíram dos seus olhos e todo o Senador o aplaudiu em grande reverência.

Além do grande esplendor verbal que inundou o espírito do homem naquele momento, belas lições de vida nos foram transmitidas e cabe a cada um examinar por si mesmo.

2 comentários:

Anônimo disse...

"E todo o Senado riu..."; "...e todo o Senado o aplaudiu..."
São nesses prodigiosos fatos que observamos o quanto as pessoas são vazias de sentimentos e valores próprios, seguem a manada, seguem a orientação de quem mais se destaca; seja para luz dos espíritos nobres seja para lama dos espíritos mesquinhos.
Basta fazer ribombar suas "idéias", sejam mediocres ou luminosas, em um forum qualquer, para observar o milagre do mar que se parte, ora aprovando ora discordando veementemente.

Maria Clara

João Arthur dos Santos Silveira disse...

Realmente, Maria Clara. É uma triste condição humana.

O interessante do texto é podemos perceber com clareza situações que, muitas das vezes, ocorrem conosco. Pessoas que se julgam superiores e adoram humilhar acabam por sucumbir diante do poder das palavras.
Como meus pais sempre dizem: "não há tapa que doa mais que uma palavra bem dada".

Aliás, lendo o texto recordei de um versículo de um livro apócrifo que li certa vez, mais ou menos assim: "O golpe do chicote deixa marcas na carne. Mas o golpe da língua quebra os ossos".
Tiago também nos ensina que "todos tropeçamos em muitas coisas. Mas se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo".

É o poder da palavra!!

Abraço!