quinta-feira, 4 de junho de 2009

O meu advogado é o meu comportamento

Estava por esses dias a tomar o café da manhã no conhecido mercado do Bosque em Rio Branco, quando de inopino um bêbado me abordou.

Bêbado gosta de conversar com advogado.

Passou a fazer rasgados elogios a minha atuação e foi citando frases que eu teria falado na televisão e os casos em que atuei.

Já esperava pela pedilança. Geralmente bêbado elogia para depois dar a facada.

Sentou-se ao meu lado, tendo a tiracolo um pouco de cachaça dentro de uma enorme garrafa transparente de vinho, que já vinha consumindo desde a noite anterior.

Falou de sua vida pregressa, dos rolos em que já se meteu, das facadas que tinha levado, e dos chumbos ainda presentes no seu corpo nú da cintura pra cima.

De repente olhou para mim e falou, em tom político e severo, dedo em riste:

"Mas não preciso de advogado!"

Eu respondi: "Que bom, e espero que nunca precise".

E verberou com a maior convicção política:

"Quê? Digo, não preciso de advogado, doutor Sanderson Moura, porque meu advogado é o meu comportamento".

As pessoas que viam e ouviam com curiosidade a cena desataram a rir.

E fiquei imaginando...

O cabra quando bebe não só que dar uma de rico, de don juan, ou de corajoso...

Aquele quis dar uma de rapaz bom também.

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