segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Argumentação Jurídica

Frases que garimpei do livro Argumentação Júridica: Comunicação, Oratória e Ferramenta para o Operador do Direito, de Maria do Carmo Oliveira Carrasco e Eloísa Colucci.

"Não adianta saber muito, é preciso saber transmitir".

"O advogado deve identificar o cerne da questão".

"A comunicação é o coração a bombear conhecimento de que dispomos para a nossa vida profissional".

"Ao dirigir-se ao público apresente um semblante alegre".

"O relaxamento dá mais qualidade ao som da nossa voz".

"O vocabulário ideal é aquele que se adapta ao ambiente".

"Cuidado com as palavras mas, portanto, todavia, porém, pois com elas transmitimos a sensação de negação ou desvalorização do que foi dito. Substitua a palavra mas por e".

"Evite discutir, mesmo mentalmente".

"Pronuncie as palavras com expressão de acordo com o significado delas".

"Evite palavras negativas".

"A variedade melódica da palavra decorre de seu próprio significado".

"O olhar e o sorriso são fundamentais para o advogado".

"Abra o canal da comunicação por meio do olhar".

"O sorriso cria um campo magnético ao seu redor".

"O semblante é a parte mais expressiva de todo o corpo".

"Ao falar procure olhar calmamente para todos".

"Ouvir é fisiológico, escutar e psicológico".

"Aguçe a audição".

"Uma escuta ativa aprimora não só o que você ouve, mas também o que a pessoa que fala não diz".

"Não só se ouve com os ouvidos, mas com os olhos, o corpo, a voz e a emoção."

"Discorde cortesmente".

"A naturalidade é uma das mais importantes habilidades da comunicação".

"Use o humor, mas com inteligência".

"Faça as pessoas verem, ouvirem e sentirem o que você comunica".

"A comunicação positiva atrai ouvintes receptivos".

"A naturalidade é sempre um bom guia".

"Aprenda com a prática".

"A leitura é a base da arte de escrever".

"Atenha-se ao essencial".

"O fato é concreto, a opinião é abstrata".

"A transformação é uma porta que só se abre por dentro".

"Só a verdade é um argumento de valor".

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Esselentíssimo juiz

Boa piada a mim enviada pelo meu amigo Palazzo, grande conhecedor da história da cidade de Tarauacá.

Certa vez, ao transitar pelos corredores do fórum, um advogado e professor de Direito foi chamado por um dos juizes ao seu gabinete.

- Olha só que erro ortográfico grosseiro temos nesta petição.

Estampado, logo na primeira linha do petitório, lia-se:

“Esselentíssimo Juiz”. Gargalhando, o magistrado me perguntou:

- Por acaso esse advogado foi seu aluno na Faculdade?

- Foi sim – reconheci. Mas onde está o erro ortográfico a que o senhor se refere?

O juiz pareceu surpreso:

- Ora, meu caro, acaso você não sabe como se escreve a palavra excelentíssimo?

Então, expliquei-me:

- Acredito que a expressão pode significar duas coisas diferentes. Se o colega desejava se referir a excelência dos seus serviços, o erro ortográfico efetivamente é grosseiro. Entretanto, se fazia alusão à morosidade da prestação jurisdicional, o equívoco reside na junção inapropriada de duas palavras. O certo, então, seria dizer “esse lentíssimo juiz”.

Depois disso, aquele magistrado nunca mais aceitou, com naturalidade, o tratamento de excelentíssimo juiz. Sempre pergunta:

- Devo receber a expressão como extremo de excelência ou como superlativo de lento?

(Retirado da revista da OAB-SC, dezembro de 2002)

O lendário dr. J. Tiller

Conta Carlos Brasílio em seu livro Oratória Macônica que o dr. J. Tiller foi o mais notável advogado inglês do século XIX, e era conhecido por nunca ter perdido uma causa sequer durante sua longa e brilhante carreira.

A força de sua retórica era tanta que nos últimos anos de sua existência comparecia ao Tribunal do Júri na última hora e, com uma simples "vista de olhos" nos autos e o auxílio de uma assistente, inteirava-se rapidamente do teor do processo e punha-se à luta.

O brilho de suas palavras, a força de seus argumentos e a lógica de seu raciocínio hipnotizavam todos: público, jurados e testemunhas.

Conta-se que um dia, numa dessas célebres sessões de última hora, o dr. J. Tiller ao falar encantadoramente em favor do acusado no júri, com uma empolgante tese de defesa, foi abordado pela sua assistente que entregou-lhe um documento e sussurou ao seu ouvido:

"Dr. Tiller, o senhor está defendendo a pessoa errada; o seu cliente é a parte contrária".

E ele, sem se perturbar, continuou a sua peroração em alto e bom tom:

"Tudo isso que acabei de falar é o que o advogado deste facínora vai alegar, tudo muito bonito, mas vou lhes mostrar de forma clara e insofismável a culpa deste assassino, deste facínora desalmado, deste Caim impiedoso".

E conseguiu vencer o Júri. São essas lendas que só a advocacia criminal é capaz de produzir, para o deleite de toda a confraria.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A bússola da defesa no júri de Hildebrando

De minha parte não quero transformar o julgamento de Hildebrando Pascoal num campo de batalha. A arte que me guia é a da paz e não a da guerra.

Será um bom combate, orientado pela lei, pela ordem, pela lealdade processual, pela verdade e pelas melhores tradições da história da advocacia criminal.

Com força e coragem resistirei a qualquer tentativa de se fazer do júri um campo de concentração.

Seguirei com equilíbrio e firmeza a luz do conselho de Eduardo Couture, que em seu memorável Dez Mandamentos do Advogado, assim ensina:

"A luta judiciária é uma luta de afirmações e não de vacilações".

Disse certa vez o patrono de nossa profissão, Santo Ivo, que o advogado deve pedir o auxílio de Deus nas causas que defende.

E assim faço. Peço a Deus consciência para meu espírito, serenidade para os meus pensamentos, luz para as minhas palavras e sabedoria para me conduzir no Caminho da Justiça.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

O império da boa justiça

A insegurança jurídica pode ser expressa na seguinte frase: "cabeça de juiz e bunda de neném ninguém pode confiar".

A insegurança jurídica é um medo que vem assolando cada dia mais aqueles que buscam a intervenção da justiça para resolverem seus litígios.

Todos os medos nascem do medo de perder. Medo de perder o patrimônio. Medo de perder a saúde. Medo de perder um ente querido. Medo de perder a honra. A insegurança jurídica é o medo de perder a justiça, o que é justo.

Esse medo de perder o que é justo tem motivações várias. A Justiça de tal lugar é partidária. A Justiça de tal lugar é corrupta. A Justiça de tal lugar é despreparada. A Justiça de tal lugar é excessiva. A Justiça de tal lugar é boa para os amigos e dura para os inimigos.

Nessas situações você nunca sabe o que vai ser decidido. A insegurança jurídica é fator de atraso civilizacional.

Um lembrete: a insegurança jurídica não acontece apenas nas barras dos tribunais, mas em qualquer lugar onde se deve julgar alguém. Em casa, na escola, na igreja, na empresa, no partido, etc.

O que fazer?

Gosto muito de uma passagem da vida do famoso advogado e político grego, Péricles, que ao ser abordado por um amigo que lhe pedia uma intervenção imoral num determinado processo jurídico assim lhe respondeu: Amicus usque ad aras - amigos, mas até a verdade.

Claro que temos nossas preferências, nossas amizades, nossas vivências, nossas simpatias, mas o limite deve estar bem claro: a verdade, a honra, o direito, o império da boa justiça.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A naturalidade na oratória do criminalista Toron

É de inestimável valor na arte de falar bem a manifestação natural do orador.

Falar com naturalidade é se comunicar com espontaneidade, com desinibição, com moderação, com ponderação, com os gestos equilibrados, com voz serena, com mente tranquila, com empatia, mas tudo com muita firmeza.

Pude ver o que é falar com naturalidade assitindo a palestra proferida pelo famoso criminalista Alberto Zacarias Toron, na II Semana do Advogado, no Acre.

O que me chamou atenção não foi o conteúdo da oratória, mas a naturalidade com que ele falou.

Para mim foi um momento muito enriquecedor, já que uma coisa é ler nos livros a respeito da importância da naturalidade na comunicação, e outra bem diferente é ver a própria naturalidade se manifestando bem a sua frente, podendo observá-la, ouvi-la, senti-la, compreendê-la.

Sempre afirmo que aprender com a experiência, com a vivência é para mim a forma mais sagrada do conhecimento.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

A advocacia inglesa

Os advogados ingleses não precisam ser necessariamente formados em direito para exercerem a profissão. A escolha é vocacional.

Por lá, o candidato a causídico faz estágio num escritório de advocacia, e quando sente que estar apto para ser advogado faz o Exame da Ordem, e se passar tem autorização para advogar.

E o mais interessante de tudo isso é que os mais procurados advogados são aqueles formados nos próprios escritórios, e não os formados pelas universidades.

A advocacia inglesa é bem direcionada a recepcionar as vocações.

No Brasil, durante muitas décadas tivemos a figura dos rábulas, advogados não formados em direito, mas que brilharam em suas atuações criminais nos tribunais do júri do país. Cito alguns: Evaristo de Morais, o maior de todos; Café Filho, o Presidente da República; Antonio Conselheiro, o Beato de Canudos; João da Costa Pinto, que morreu enquanto fazia uma defesa no Júri; Luiz Gama, o abolicionaista, e tantos e tantos outros.

Realmente, para ser advogado não necessariamente é preciso ter faculdade de direito. Mas falo aqui em relação àqueles que trazem do berço a chama da arte de defender, por natureza, por vocação, e essas vocações são raras.

Também na inglaterra todos os juízes dos tribunais são originários da advocacia. São escolhidos para a magistratura os advogados mais experientes, mais cultos, mais íntegros. Eis o que torna o sistema jurídico inglês mais maduro, mais inteligente, mais civilizado.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O advogado precisa gostar das pessoas

Em entrevista ao site Conjur, o conceituado advogado Luiz Olavo Baptista, professor da USP, juiz da Organização Mundial do Comércio e uma das maiores autoridades do país em Direito Comercial Internacional assim falou a respeito das qualidades do bom advogado, que comento com minhas próprias palavras:

A primeira delas é a integridade. A segunda é a fortaleza. A terceira é inteligência. A quarta é a empatia.

E continua: "O advogado precisa gostar das pessoas. Se o sujeito não gostar das pessoas não dá para ser advogado. Tem que amar a humanidade, porque no fim o que se faz como advogado é ajudar os outros a resolver problemas".

Gostei muito quando o advogado falou a respeito da regra que usa para selecionar suas causas, porque assim tenho agido também.

"Se, numa entrevista inicial, eu percebo que por alguma razão não vou conseguir gostar da pessoa dou um jeito de não pegar o caso. Sei que não vou poder ser o advogado que devia ser. De sujeitos que tem uma mesquinhez muito forte, tão aparente que mexe comigo, eu não pego o caso."

Boas lições, pois aprecio o conhecimento que nasce da experiência.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

A justiça é um sentimento

Justiça não é um conceito.

Justiça é um sentimento.

Um puro sentimento.

Ela vem com amor.

Ela traz a esperança.

Não se excede.

Auxilia.

Educa.

Tem origem no coração.

Quem tem a sua razão.

Que é razão.

É uma ordem.

Ninguém dela pode fugir.

Buscando-a.

Harmonizando-se com sua força.

Saberemos que ela é uma luz que emana da sabedoria de Deus.

Que traz paz.

Que é amor.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Uma marca da inteligência

Uma das marcas do homem inteligente é a pontualidade.

Duvide da inteligência do homem impontual.

A pontualidade sinaliza para a constância, para o cumprimento dos deveres, para a responsabilidade.

O homem pontual é mais atento, é mais ligado, é mais alerta, é mais vivo, é mais sincero, é mais confiável, é mais honesto.

Se marca tal hora é tal hora, se marca tal dia é tal dia, e quando não pode cumprir não se compromete, e quando não cumpre, tendo se comprometido, sua justificativa é tão verdadeira que salta aos olhos de todos.

O homem pontual é um homem de palavra, tem todo um carisma próprio. E sempre é uma grande ventura encontrar homens de palavra, pontuais, inteligentes.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Tributo aos Advogados

Neste dia do advogado dedico a escritura que se segue aos meus ilustres pares.

Um pastor não pode deixar de pastorear, essa é a sua missão. E para pastorear se faz necessário a existência de pecadores, sejam graves ou leves esses pecados.

Um médico não pode deixar de medicar, essa é a sua missão. E para medicar se faz necessário a existência de doentes, sejam graves ou leves essas doenças.

Um advogado não pode deixar de advogar. E para advogar se faz necessário a existência de complicados, sejam graves ou leves essas complicações.

Trabalhamos, em essência, com as mesmas dores humanas. Ora do corpo, ora da alma.

O escritório do advogado não funciona apenas como um espaço jurídico, às vezes conversamos como pastores, outras tantas como médicos.

Certa vez um cliente me ligou de dentro da penal, já tarde da noite, para me dizer que sentia fortes dores no estômago e o que eu podia fazer por ele.

Compreendendo aquela situação, o cliniquei:

"Chame o guarda do prédio, peça para ele lhe levar até a enfermaria, e lá tome 50 gostas de buscopan, e vá se aquietar que a dor passa. E assim ele vez, e assim a dor passou".

E quantas e quantas vezes aconselhamos as pesssoas a rezarem, a serem mais religiosas, a acreditarem mais em Deus, a se reconciliarem com os irmãos, a não litigarem por questões de somenos importância...!

Assim é a profissão do advogado, tão rica, tão complexa, tão bela, tão eloquente.

O Papa Paulo VI, no ano de 1966, ao receber no Vaticano o Conselho da União Internacional dos Advogados proclamou:

" Ninguém, talvez, a não ser o sacerdote, conheça melhor do que o advogado a vida humana sob seus mais variados, mais dramáticos, mais dolororos, por vezes, os mais defeituosos aspectos, mas não raro, também, os melhores".

A bela profissão que aqui representais é uma daquelas que a igreja considera com maior estima e respeito. A Igreja vê o advogado, antes de tudo, o homem que dedicou a sua existência para assistir àqueles que não estão aptos a se defenderem por si mesmos. Esta única finalidade, bem entendida e bem praticada, bastaria para constituir um mérito singular, digno de ser escrito no ativo de vossa profissão: esta, com efeito, está elevada à dignidade de um serviço de real e muito autêntico ministério da verdade".

Bem, muitos poderão contraditar a apologia que estou fazendo aos advogados, mas eles estarão falando de outra espécie de advogados, que não são bem advogados, alguns malandros se escondem atrás de um púlpito de uma igreja ou atrás de um beca de advogados para melhor praticarem seus crimes. Não, não é desse tipo de advogado que eu estou falando.

Invoco para terminar a oração de nosso advogado santo, patrono de nossa profissão, Santo Ivo:

"Glorioso Santo Ivo, apóstolo intrépito da justiça, iluminai os advogados para que nos seus sentimentos, pensamentos, palavras e atitudes jamais se afastem da equidade e da retidão. Amemos nós a justiça para que consolidemos a paz para que a sabedoria triunfe sobre as forças da injustiça e do mal. Amém".

Sintam bem as palavras que a oração recepciona: Iluminação. Amor. Paz. Justiça. Sabedoria. Equidade. Retidão. Glória. Triunfo. Apostolado. Santidade. Intrepidez. Força. Advogado.

Parabéns meus amigos advogados, neste dia tão especial para esta reflexão. Amemos nossa profissão!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

O valor da lealdade nos embates do júri

"Existem lugares em que a forma que se acusa um homem mais se assemelha a um ataque de bandidos". Voltaire

De vez em quando aparece no tribunal do júri de alguma parte do país, um tipo de figura excêntrica, tanto do lado da promotoria quanto do lado da defesa, querendo aparecer gratuitamente, usando de todas as artimanhas para verem, a todo custo, suas teses consagradas.

Mentem, são desonestos na argumentação, forjam provas, criam fatos, interpretam os acontecimentos com má-fé, são chantagistas com os jurados, tudo isso porque são incapazes de travar a luta forense no plano honestidade.

Para eles o que conta é a vitória a qualquer preço.

Mas isso tudo é passageiro. O próprio júri bota fora. Daqui uns dias eles descobrem que o júri não é o melhor lugar para acolhê-los profissionalmente, que o júri tem tradição, tem grandeza, tem princípios, que não é um bordeal a lhes atender as lúxurias de suas vaidades.


Mas tão imoral quanto esses profissionais é o juiz do júri que permite que isso acontece, que se mancomuna com a mediocridade, que parcializa suas decisões, que é fraco, sem postura, indigno do cargo que exerce.

O tribunal do júri só se faz com grandes profissionais, grandes juízes, grandes promotores, grandes advogados.

Ninguém gosta de perder, é da natureza do ser humano querer ganhar, ser vitorioso.

O que é anormal, o que é mentalmente doentio, pervertido, é você querer ganhar com engodo, com mentiras, tentando manchar a honorabilidade da justiça.

A verdadeira vitória é aquela conquistada com honestidade.

Ter lealdade é um dos mandamentos do advogado, e também do promotor, e também do juiz.

Uma frase de Eduardo Couture deve nos orientar nas lidas forenses, e a cito à maneira de conclusão:

"Quanto a lealdade para com o adversário, pode ser traduzida nesta simples reflexão: se às astúcias da outra parte e às suas deslealdades, respondêssemos com outras deslealdades e astúcias, a demanda já não seria uma luta de um homem honrado contra outro manhoso, mas a luta de dois desonestos."

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Não basta saber o direito

Consta de um manuscrito de Abraham Lincoln, datado de 1º de julho de 1850, o seguinte conselho aos jovens advogados:

"Falar bem é um dever a ser praticado e cultivado.

É o meio de o advogado chegar ao seu público.

Não importa o quanto ele seja fiel e capaz em outros aspectos, as pessoas relutam em contratar seus serviços se ele não consegue fazer um discurso."

Não basta apenas saber o direito, é preciso saber falar, expor, defender, argumentar, explicar, dizer verbalmente, com talento e preparo.

É comum ouvirmos dos estudantes: "Aquele professor sabe muito, o problema é que ele não sabe falar".

A boa comunicação tem sido apresentada como um imprescindível atributo do bom profissional, do líder moderno, seja na área do direito, dos negócios, do jornalismo, da política etc.

Como prestigiado advogado, e depois como influente político, Lincoln sempre procurou aperfeiçoar seu dom de falar bem. Usou essa ferramenta com refinada habilidade. Encantava os ouvintes com suas histórias, com suas conversas coloquiais de fino trato, com suas piadas engraçadas, com suas palavras sempre apropriadas para o momento.

Para quem quiser conhecer melhor a figura deste importante líder recomendo a leitura do livro de Donald T. Phillips Liderança Segundo Abraham Lincoln. Este livro serviu inclusive de inspiração política ao presidente Bill Clinton. Uma parte da biografia é toda reservada a estilo de comunicação do 16º presidente americano.

Abraham Lincoln além de mestre no discurso de improviso, sabia preparar com esmero e paciência cada discurso seu. Ao ser perguntado quanto tempo levava para deixá-lo pronto, respondeu: "Se eu tenho nove horas para cortar uma árvore, passo seis horas afiando meu machado."

Abraham Lincoln sempre servirá de modelo para todos aqueles que desejam se comunicar com riqueza e dizer o direito com sabedoria e com grande poder de persuasão, deixando seu brilho comunicativo nos anais das tribunas forenses.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Advocacia transcendental

Depois de alguns anos, voltei a reler o precioso livro de Eduardo Couture, Os Dez Mandamentos do Advogado, e tenho encontrado frases e conceitos que não tinha nem de longe visto quando o li pela primeira vez.

Está certo Heráclito: "Ninguém se banha no mesmo rio duas vezes". A vida passa, as coisas mudam.

Todo grande livro, toda grande história, sempre tem algo de novo a ser explorado.

Couture fala num tal de sentido transcendental da profissão.

E afirma que a advocacia é um exercício constante da virtude e que o advogado ao defender exerce uma função quase divina.

Diz ainda que o direito legislado não abrange todo o direito, há outras formas de normatividade que estão além dos códigos, do material.

Há um direito visível e um direito invisível, um direito denso e um direito sutil, quântico.

A advocacia transcendental é aquela movida pelo ideal, para além da mercadologia profissional.

No confronto entre a lei e a justiça, ela opta pela justiça, não se vende, não se conspurca, não se corrompe, não se intimida, não se acovarda.

Ela é modelo, ela é força, ela é arte, ela é pura energia espiritual.

Todos os grandes advogados do passado sentiam e sabiam da existência dessa força transcendental oculta que move e torna grandiosa a profissão.

Quando Jesus tomou a defesa de Maria Madalena, ali a advocacia transcendental manifestou-se em todo seu esplendor.

Para além dos códigos, para além das falsidades, para além dos interesses, para além das opiniões.

Trouxe uma nova tese que não estava escrita em lei alguma: "quem julga tem que ser melhor de que quem está sendo julgado".

A advocacia transcendental busca o direito não só na legislação, mas na vida, na consciência, na filosofia, na religião, nas fontes interiores da existência humana.

Eis o que é, em linhas essenciais, a advocacia transcendental.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

O príncipe dos tribunais

A história da advocacia é recheada de heroísmos.

Como guerreiros, advogados aceitavam as batalhas jurídicas sob o risco da imolação de sua própria vida e liberdade.

E ainda hoje é assim, quando se precisa, pois é isso que faz a grandeza e a beleza da advocacia.

As grandes causas sempre são aquelas que mexem com a opinião pública e exigem do advogado grande esforço físico e mental.

Eduardo Couture fala que nas causas dessa natureza deve o advogado se revelar como um verdadeiro Princeps Fori.

São atributos de um Príncipe dos Tribunais, segundo Couture: sistema nervoso equilibrado, sagacidade, altivez, energia, previsão, autoridade moral, fé absoluta no triunfo.

E por que existe tanto fascínio da sociedade pela figura deste tipo de advogado?

Acredito que no fundo da alma humana existe um desejo ardente de sermos brilhantemente defendidos dos erros que todos nós carregamos.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Sem prerrogativas não há advocacia: é com Perazzo que eu vou!

O mês de agosto é momento apropriado para falarmos da advocacia no Acre.

E para lançarmos uma candidatura também.

Dia 11 comemoraremos o dia desse profissional, que é imprescindível à realização da justiça.

Sem advogado não há justiça. Porque sem ele só se ouve uma das versões, e a justiça é uma balança, são dois ouvidos, são dois lados, que bem pesados, que bem medidos, manifesta-se segundo a verdade.

Elogiou com acerto, o doutor Valdir Perazzo, em recente artigo publicado, a nova administração da OAB/AC, que avançou bem no aspecto físico: novas salas, novas instalações, um prédio próprio em construção, entre outras coisas. Isso é importante e está sendo feito.

Mas nem só de pão, mas nem só de coisas materiais vive o advogado e a OAB. Dentro da advocacia existe uma espécie de religião própria, de uma alma da profissão, de um espírito que a move, de uma transcendência que nós chamamos de prerrogativas.

Como bem salientou Doutor Valdir Perazzo "sem prerrogativas não existe advocacia. O advogado precisa de uma instituição que seja uma guardiã dessa força sutil, para que o advogado possa desempenhar seu trabalho. Afinal, as prerrogativas do advogado são as bases para se dar vida ao devido processo legal, ao contraditório e ao próprio direito de defesa, só consagrado no estado democrático de direito."

E chama, e conclama, e levanta a bandeira: "Advogados, uni-vos, em defesa de suas prerrogativas!"

Doutor Valdir Perazzo tem autoridade para falar em prerrogativas. É um profissional independente, que defendeu e defende muitos advogados vítimas do abuso de autoridade, é um homem de saber, é um intelectual sensível as causas públicas, é preparado para assumir esse novo momento de luz na história da advocacia.

As eleições da Ordem dos Advogados do Brasil já batem a nossa porta. Eu quero abrir a minha para acolher uma proposta positiva, que engrandeça nosso labor, que nos dê segurança de sermos nós mesmos.

Nós mesmos, a voz da natureza que defende.

A voz da natureza que pede justiça.

A voz da natureza que enfrenta o arbítrio.

A voz da natureza que defende a cidadania.

A democracia.

A liberdade.

O patrimônio.

A honra.

A vida.

Todos os altos valores da civilização humana.

Isso é que é advocacia de verdade.

É com Perazzo que eu vou!