segunda-feira, 29 de junho de 2009

Palavras simples

Ensina Osho no livro Filhos do Universo que as palavras simples contém mais verdades que as complexas.

Palavras simples estão mais próximas da essência.

Da poesia.

Da música.

Da arte.

Do silêncio.

Da luz.

Da alma das palavras.

Da paz.

Bem mais próximas do seu coração.

Onde mora o amor.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Poder pessoal e poder posicional dos juízes

Há dois tipos de poder no mundo da Justiça: o poder posicional e o poder pessoal.

Alguns juízes têm o que chamamos de poder pessoal.

São íntegros, respeitosos, cumpridores da lei e honestos, necessários à vida em sociedade.

Já outros, infelizmente, têm o que chamamos de poder posicional.

São perversos, desequilibrados, de inteligência medíocre, um fardo para a Justiça, uma maldição principalmente para os pobres.

Falando do poder pessoal e posicional, o Dr. Lair Ribeiro assim nos explica no seu Magia da Comunicação:

O poder pessoal depende simplesmente da pessoa. Você carrega o seu 24 horas por dia, em qualquer lugar aonde vá. Não depende de fardas, cargos, títulos, nem crachás".

"O poder posicional pouco adianta sem o poder pessoal. Um dia o cara sai do cargo ( ou perde o crachá...), e como é que fica".

De tempos em tempos temos visto ex-autoridades andando por aí, às escondidas, cabisbaixas, moribundas e sem brilho. Pensavam que o poder do cargo era para sempre, e que este poder pertenciam a eles, iludidos que estavam pela própria incapacidade intelectual de distinguir o poder posicional do poder pessoal.

Quanto mais sábio o homem, mais humilde, mais cortês e mais justo ele se torna. Isso é a beleza do poder pessoal. O crachá se vai, mas o poder fica.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Os verdadeiros magos da comunicação

Conta Lair Ribeiro, no seu livro Magia da Comunicação, que conheceu um doutor em comunicação. Ph.d, em Orford que se candidatou a síndico de um prédio e só obteve dois votos: o dele e o da esposa.

Conheceu, também, numa fazenda no interior de Minas Gerais um velho camponês, analfabeto, que tinha uma conversa fascinante que todo mundo adorava escutar.

Realmente, uma grande diferença.

Vejo que faltou no primeiro o que transbordava no segundo: a vida que anima a palavra, e que se traduz em carisma, entusiasmo, simpatia, empatia, humildade, jeito, vivacidade, coração, atributos fartos nos verdadeiros magos da comunicação.

Lembro-me de uma frase do grande promotor de Júri Edilson Mougenout Bonfim, que dizia: Não há doutorança em Coimbra que outorgue a alguém o título de bom tribuno, de exímio criminalista, nem pós-doutorado no estrangeiro que confira sapiência, inteligência, ou apenas e tão somente, ética a alguém.

Fica aí os exemplos e as reflexões para quem se interessa pelo estudo da palavra, seja em que profissão for.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Advogado: fale sua verdade, clara e mansamente

Aprecio muito o poema Desiderata, de Max Ehrmann.

Tem sido para mim uma preciosa fonte de sabedoria.

Em uma parte do inspirado texto, uma grande e fundamental lição para o advogado:

"Fale sua verdade, clara e mansamente".

Na nossa lida diária é comum vermos injustiças acontecendo, o que dá vontade de gritar, de explodir, levando muitas vezes o advogado a perder a cabeça, e por consequinte, a razão.

Nessas experiências é que o advogado deve aproveitar para se exercitar, controlando as suas emoções e reservando suas energias para expor sua verdade de forma clara, respeitosa, firme, serena, verdadeira.

Nada mais bonito, nada mais ideal de que manter a paz no coração e o vigor do intelecto em meio ao tumulto provocado pela injustiça, pelo árbitrio, pela má-vontade, pela preguiça, pela intriga, pela revanche, pela despeita, pela covardia de muitas de nossas autoridades.

Para alcancarmos esse modelo de profissional, o caminho é mostrado dentro do próprio poema: cultivar a força do espírito.

Falar a verdade clara e mansamente tem sido um exercício diário em minha vida de advogado, nem sempre tenho conseguido, mas tenho a consciência de que é um grande tesouro a ser conquistado por todos aqueles que pretendem ser uns vitoriosos nessa bela profissão.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Consciência: a presença de Deus em nós

Leon Tolstoi passou quinze anos de sua vida para escrever Calendário da Sabedoria, obra que reputava a mais importante de sua carreira.

Ao condensar o que de melhor existia à época nos ensinamentos morais e espirituais da história da humanidade, sua obra ganhou status de utilidade e perenidade a serviço dos homens.

Revisitando o grande livro deparei-me com o tema consciência.

A consciência é a compreensão de nossas raízes espirituais. Só quando tivermos consciência do valor da consciência é que ela será nosso verdadeiro guia.

A consciência é a voz imortal do céu, é o verdadeiro juiz, aquilo que nos faz parecer com Deus.

A consciência é a mais alta autoridade e devemos sempre nos perguntar: minhas ações coincidem com a minha consciência?

Tema tudo o que não for aceito pela sua consciência.

O ser espiritual chama-se consciência e pode ser comparado à agulha de uma bússola que aponta para o bem em um extremo e para o mal em outro.

Deus nos deu a consciência para voarmos alto, para chegarmos a ele e compreender toda a verdade.

A voz de sua consciência é a voz de Deus.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Deus é Justiça

Disse Rui Barbosa em Oração aos Moços:

"Por derradeiro, amigos de minha alma, por derradeiro, a última, a melhor lição da minha experiência: não há Justiça sem Deus".

No mesmo rumo é o mandamento do Santo Ivo, o patrono dos advogados, que diz em seu sétimo mandamento:

"O advogado deve implorar auxílio de Deus nas causas que tem de defender, pois Deus é o primeiro defensor da Justiça".

O Mestre também disse: "buscai primeiro o Reino de Deus e a sua Justiça".

Deus é Justiça.

E bem aventurados o que tem fome e sede dessa Justiça porque serão saciados.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

O meu advogado é o meu comportamento

Estava por esses dias a tomar o café da manhã no conhecido mercado do Bosque em Rio Branco, quando de inopino um bêbado me abordou.

Bêbado gosta de conversar com advogado.

Passou a fazer rasgados elogios a minha atuação e foi citando frases que eu teria falado na televisão e os casos em que atuei.

Já esperava pela pedilança. Geralmente bêbado elogia para depois dar a facada.

Sentou-se ao meu lado, tendo a tiracolo um pouco de cachaça dentro de uma enorme garrafa transparente de vinho, que já vinha consumindo desde a noite anterior.

Falou de sua vida pregressa, dos rolos em que já se meteu, das facadas que tinha levado, e dos chumbos ainda presentes no seu corpo nú da cintura pra cima.

De repente olhou para mim e falou, em tom político e severo, dedo em riste:

"Mas não preciso de advogado!"

Eu respondi: "Que bom, e espero que nunca precise".

E verberou com a maior convicção política:

"Quê? Digo, não preciso de advogado, doutor Sanderson Moura, porque meu advogado é o meu comportamento".

As pessoas que viam e ouviam com curiosidade a cena desataram a rir.

E fiquei imaginando...

O cabra quando bebe não só que dar uma de rico, de don juan, ou de corajoso...

Aquele quis dar uma de rapaz bom também.

terça-feira, 2 de junho de 2009

O direito de chance

Tempos atrás, num julgamento pelo tribunal do júri, falei aos jurados sobre o direito de chance, que foi a base da absolvição de meu constituinte.

"Todos devem ter uma chance".

"Me dê uma chance".

"Dê a ele uma chance".

"Nunca tive uma chance".

São muitas as expressões populares que se referem a chance como um verdadeiro direito reivindicado e inerente a própria vida humana.

Funda-se, o direito de chance, na falibilidade dos homens, na sua imperfeição, na sua incompletude moral, intelectual e espiritual.

O direito de chance não está escrito em código ou em lei alguma. Mas para ser um direito não precisa estar escrito numa folha de papel.

Muitos direitos não escritos estão gravados na consciência de cada um de nós. Assim, são, principalmente, as leis de Deus.

O direito de chance está ligado ao próprio perdão. "Vá e não torne mais a pecar", disse Jesus à prostituta perseguida.

Estabelece o artigo 5º, inciso LXXVIII, § 2º, da Constituição Federal, que outros direitos, embora não contidos na Constituição, não são excluídos da proteção jurídica quando decorrentes de outros ali albergados.

Quando a Constituição brasileira, no seu artigo 1º, inciso III, consagra a dignidade da pessoa humana como um dos princípios que fundamenta o Estado Democrático de Direito, traz em seu bojo o direito de chance como inerente ao próprio conceito de dignidade.

Quantas chances negadas as pessoas não atingem a própria essência da natureza humana?

Chances negadas devido a incomprensão, a intolerância, a maldade, a ignorância.

Devemos também lembrar que o direito a chance tem amparo também no artigo 4º e 5º do Código Civil. Quando a lei for omissa o juiz decidirá pela analogia, os costumes e os princípios gerais de direito, e na aplicação da lei sempre atenderá aos fins sociais a que ela se destina e às exigências do bem comum.

Que belo é o direito, quando mergulha na essência da vida para se manifestar em todo seu espledor, a serviço do homem!

Pode pois, o advogado defender, o promotor sustentar, o juiz decidir, absolvição ou a diminuição da pena de uma pessoa com base no direito de chance.

A primariedade, os bons antecedentes, o arrependimento sincero, as circunstâncias do fato, tudo deve ser posto com equidade na balança do direito, para que a sentença seja espelho o mais fiel possível da bondade e da justiça.

Ontem mesmo alguém, com muita tristeza na alma, se queixava em meu escritório: "pedi uma chance e o juiz não me deu".

Claro que na vida você encontrará aqueles que acham que a chance é uma impunidade, uma vergonha para justiça, e que o direito não deve se preocupar com esses sentimentos baratos.

Quem pensa assim é porque não saiu da superfície do direito, e nela nada de importante se pode conseguir.

Quando os apóstolos passaram o dia todo jogando as redes no lago da Galiléia, sem nada pescar, o Mestre de Nazaré apareceu e os aconselhou: "navegue para as aguas mais profundas".

E lá os apóstolos encontraram a abundância, as bençãos, a fartura, a alegria.

Para os pescadores do direito vale a frase de Jesus: "navegue para as águas mais profundas".

Nessas belas águas encontraremos a nossa consciência, e é nela que está gravado o direito em toda sua estatura, em toda a sua beleza.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Sábio juiz

Sentença vem de sentir. Para julgar bem os juízes devem aperfeiçoar seus sentimentos.

Sentimentos puros.

Sentimentos bons.

A consciência vem da sensibilidade.

Nada de sentimentalismos.

A sensibilidade é madura, o sentimentalismo é infantil.

Razão e sensibilidade, bem-aventurados são aqueles juízes que sabem sentir, com a razão e o coração.

Quando os sentimentos são nobres a razão é encontrada. "E quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas com o coração?"

"O coração tem razão que a própria razão desconhece."

Hoje compreendo melhor a frase de Daniel Webster, grande advogado americano:

"Não há felicidade maior, não há liberdade, não há prazer na vida se o homem não puder dizer ao levantar-se de manhã: estarei sujeito hoje, à decisão de um sábio juiz."