terça-feira, 28 de setembro de 2010

O principado da constância

Viveu em Tarauacá, no Acre, no início do século XX, um homem chamado Amin Kontar, que ao ser torturado inúmeras vezes para confessar um crime que não cometera, afirmava, entre banhos de sangue e clarões da consciência:

"Não foi eu e não sei quem foi".

Morreu torturado. O seu nome significa "Príncipe da Constância". "Não foi eu não sei quem foi".

Entendo por constância a contínua e estável disposição do espírito em manter-se firme na realização de um dever, de uma tarefa, de uma função, de um trabalho, de um ideal, de uma missão.

A constância é um dos atributos das verdadeiras instituições. Hoje elas são e amanhã elas continuarão sendo, embora passem os indivíduos.

Também a constância deve ser uma virtude cultivada pelo advogado, ou por qualquer outro profissional, que queira ser vitorioso. Essa virtude é responsável, em grande medida, pela credibilidade que um advogado desfruta.

Não adianta ele atender bem uma pessoa hoje, e amanhã, tomado por uma negatividade, tratá-la sem urbanidade.

Não adianta ele abrir o escritório hoje, e amanhã se encontrar fechado, devido a ressaca ou a preguiça do advogado.

Não adianta ele ter seu celular ligado hoje, e amanhã não atender a ligação com vergonha, medo ou constrangimento de ouvir as preocupações dos clientes.

O advogado verdadeiro deve ser constante na profissão. Constante na coragem, constante na independência, constante na ética, constante na dignidade, para sobrepujar os obstáculos e vencer as dificuldades. E a constância está bem relacionada com a vocação. Se alguém se encontra em nosso meio apenas "passando uma chuva", a consciência do dever e da responsabilidade fica enuviada.

A inconstância gera a desconfiança, a suspeita, a má fama, a superficialidade. A advocacia é uma instituição, que é hoje e será amanhã. E por ser uma instituição verdadeira é portadora de uma natural força dentro da sociedade. E cabe a cada um de nós nos firmamos no principado da constância, que tem como irmãs a perseverança, a persistência e a fidelidade, virtudes indispensáveis num profissional de sucesso.

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