sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O gosto pela leitura: um dos segredos dos grandes oradores

Dizia o grande advogado Quintiliano, que viveu em Roma entre os anos 30 a 95 d.C, em sua imortal e grandiosa obra Instituições de Oratória, que se alguém deseja se tornar um grande orador tem que cultivar o gosto pela leitura.

A imagem ao lado, de 1496, diz muita coisa. Um dos maiores nomes do mundo na arte da palavra, Marcus Túlio Cícero, sendo retratado, ainda jovem, mergulhado em profunda leitura.

O grande orador tem conteúdo, é um homem fundamentado no saber, no conhecimento, não é um saco vazio. E um dos segredos para se adquirir conteúdo, substância, é se dedicar ao saudável hábito de ler. É difícil de se imaginar um exímio orador divorciado da amistosa companhia dos livros.

De Pouco adianta fazer cursos e mais cursos de expressão verbal, de entender de técnicas retóricas, de gestos, de posturas etc, se o orador for uma pessoa sem conteúdo, que não tem o que dizer por deficiência intelectual derivada da falta de leitura. O orador verdadeiro é homem de cultura sólida e ampla, adquirida com anos a fio de estudos, de leituras, de dedicação à sua própria ilustração.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Os limites morais de cada um

Todos nós temos nossos limites morais, em um ou outro aspecto da vida. É só examinar! Por isso às vezes se ouve a sentença: "Você não tem moral para falar desse assunto". A moral, nesse caso, é sinônimo de real autoridade.

Jesus falou dos limites morais de cada um, na famosa frase: "Quem não tem pecado atire a primeira pedra."

Os limites morais de cada um têm como fundamento a incompletude, as imperfeições dos seres humanos, que podem ser superados na sua caminhada evolutiva em busca da suprema consciência, onde o homem, na luz da claridade divina, desabrocha todas as suas virtudes, tornando-se um ser plenamente moral.

A consciência dessas limitações já é um grande passo para o crescimento espiritual e moral. Com ela se julga menos, e quando se julga, procura-se ser mais compreensivo e tolerante com os erros do outros; a justiça se aproxima mais da divina justiça, da justiça ensinada por Jesus.

Tenho minhas limitações morais, e em alguns assuntos venho procurando ficar em silêncio. Quando quero dar uma contribuição em determinados temas pondero a respeito se tenho ou não moral para opinar, para defender, para promover uma ideia.

E não conto às vezes que preferi ficar calado no meu lugar. Por esses dias fiz novamente essa escolha, o que me inspirou a escrever esta reflexão. Quero desenvolver, cada dia mais, essa percepção das minhas limitações morais - procurando ampliar minha compreensão com as dos outros -, superando-as com a busca de mais consciência, uma palavra que reverencio como uma palavra sagrada.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

O Sócrates da Polícia Civil do Acre

Precisei por esses dias entrar no site da Polícia Civil do Estado do Acre para registrar on line um boletim de ocorrência em relação a extravio de documentos.

Enquanto tomava as providências, uma frase atribuída a Sócrates, que passava na tela do site, juntamente com outras, chamava-me a atenção: "Os homens bons devem respeitar as leis más, para que os homens maus respeitem as leis boas".

E fiquei dialogando comigo mesmo. Será que o filósofo Sócrates disse um despautério desses? O grande Sócrates? O Sócrates que foi envenenado porque ousou desnudar muitos dos hipócritas valores legais e morais da Grécia do século V a.C. ?

Se a frase é de Sócrates, em que contexto ele disse isso? Sócrates, nos Diálogos, vai argumentando com as compreensões de seus interlocutores, usando muitas vezes suas próprias frases para desmontar as impropriedades de supostas verdades, para mostrar as limitações do conhecimento daqueles que pensavam que tudo sabiam.

Se os homens bons tivessem que obedecer as leis más para dar exemplo aos maus, para que estes obedecessem as leis boas, ainda estaríamos sendo sacrificados nas fogueiras da Santa Inquisição, nos fornos de cremação nazistas, nos cárceres de lubianka de Stálin, nas torturas de todos os regimes totalitários, sejam de esquerda ou de direita.

Leis más, ao contrário do que o suposto Sócrates da Polícia Civel declara, devem ser acossadas, acuadas, transgredidas, combatidas, destruídas, ou melhor, para ser mais politicamente correto, desconstruídas, para que outras leis mais humanas, mais civilizadas, mais decentes possam conduzir a vida em sociedade com mais justiça, harmonia e progresso.

Enquanto terminava de registrar o boletim de ocorrência, um festival de apresentação de "homens maus" sendo presos, ladrões, estupradores, homicidas, todos expostos publicamente, para que saibam respeitar as leis do país, e para mostrar também que a Polícia Civil do Acre trabalha e prende mesmo.

Às favas esse negócio de presunção de inocência! Besteira esse negócio de devido processo legal! De Constituição! De direitos humanos! De direito de bandido! De resguardo de imagem! Disso e daquilo outro! Só quando eu ou um dos meus precisar, aqui pra nós, aí sim, quero que me respeitem!

Prefiro a frase de Solón, o grande legislador grego, a do suposto Sócrates da Polícia Civil do Acre, que mais parece um comediante, passando-se pelo filósofo: "Feliz é o povo que respeita as suas autoridades, quando suas autoridades respeitam as leis".

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O que a vida me ensinou

Quando leio a respeito de oratória estou fortalecendo a minha advocacia, e quando estudo a advocacia estou fortalecendo a minha oratória. Elas são como as duas asas de um pássaro, que só assim pode voar.

E nesses meus estudos de oratória inclui a leitura dos livros de Reinaldo Polito, um dos maiores nomes do ensino de oratória do país. Há mais de dez anos venho acompanhando suas obras, que continuam sendo relevantes para meu aperfeiçoamento pessoal e profissional.

Ele escreveu mais de 20 livros sobre o assunto, dos quais um bem específico para a área da advocacia, A Oratória para advogados e estudantes de direito, que li com avidez.

Numa de suas recentes obras, que estou lendo, intitulada O que a vida me ensinou, assim ele explica como adquiriu base para escrever o livro A oratória para advogados e estudantes de direito, que o presidente da OAB de São Paulo, Luiz Flávio Borges D´urso chamou de "A Bíblia de oratória para advogados":

"Desde jovem admiro os discursos proferidos pelos advogados. Tenho centenas deles em minha biblioteca. Eu os estudei para analisar como a oratória judiciária aplicava na prática a teoria da comunicação. Não imaginava que esse conhecimento sobre a comunicação dos advogados adquirido durante anos pelo prazer do estudo em si, seria tão útil no momento que decidi escrever A oratória para advogados e estudantes de direito.

O que a vida me ensinou é um livro inspirador que traz uma forte mensagem de como vencer na vida, de como fazer valer sua vocação, apesar dos sofrimentos, dos percalços, dos desafios, das dúvidas, dos choques da caminhada. Reinaldo Polito conta a sua história, a história de como um menino gago, que declamava poesias em voz alta para superar a gagueira, que adquiriu depois de um incêndio ainda em tenra infância, se tornou uma referência sólida no professorato da admirável arte de bem dizer.

Sinto-me mais honesto ao reconhecer as boas influências que venho recebendo na vida, e as obras de Reinaldo Polito tem deixado belas marcas na minha oratória de advogado. Como bem ele falou, desde jovem admira os discursos dos advogados, o que por certo fortaleceu a sua oratória estudando a advocacia. E eu fortaleci a minha advocacia estudando a sua oratória.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O mais alto degrau da advocacia

Na noite do dia 22, a convite do professor Lenildo Bessa, que ministra aulas de Prática Forense, e com a ilustre presença do coordenador do Curso de Direito da Universidade Federal do Acre Professor Doutor Francisco Raimundo, palestrei aos alunos do 8º e 10º períodos, tendo como tema da apresentação A Oratória do Advogado no Tribunal do Júri.

Comecei decifrando o título. Como a esfinge da antiga mitologia grega, ou deciframos o que é a oratória, a advocacia e o tribunal do júri, ou somos devorados por essas grandiosas elaborações da inteligência humana. Não tem vez para aventureiros.

O orador é o homem capaz de ver teoricamente, o que em cada caso, é capaz de gerar persuasão, um conceito clássico e profundo baseado em Aristóteles. O advogado é o homem de bem que sabe falar, definição dada por Cícero. E o tribunal do júri é uma instituição sagrada, o melhor meio de se fazer justiça, como se proclamava na Revolução Americana.

A seguir, com base num texto de Vitorino Prata Castelo Branco, que é a própria apresentação que o autor fez de seu livro O Advogado no Tribunal do Júri - que foi distribuído a todos os presentes - a palestra continuou seu desenvolvimento. Dei o título a este texto de O mais alto degrau da advocacia, porque assim ele o introduz: "Quando o advogado, com suas vestes talares e os autos do processo as mãos se levanta para iniciar a defesa do réu no tribunal do júri, alcança ele o mais alto degrau de sua profissão".

Muitos são os que pisam nesse degrau, mas poucos são aqueles que nele permanecem. Para nele permanecer há que ter vocação, coragem, competência, dedicação, resistência, inteligência emocional, domínio da oratória, habilidade diplomática, técnica jurídica, cultura geral, independência, consciência, respeito e fé na instituição popular, como uma forma superior, dentro do julgamento humano, de se fazer justiça.

Depois de explanar a respeito dos oitos parágrafos do texto de Vitorino, muitas perguntas dos acadêmicos abrilhantaram a apresentação. É notável perceber como a advocacia, a oratória e o tribunal do júri fascinam a atenção dos estudantes, mesmo daqueles que querem seguir outros ramos do direito. Ao todo foram mais de duas horas de palestra, com a sala preenchida o tempo todo por mais de 70 alunos, do início ao fim, sendo que o evento foi coroado com os autógrafos ao meu livro Advocacia e Oratória ou do Homem de Bem que Sabe Falar.

Como conclusão, disse-lhes: "O exercício da oratória do advogado no tribunal do júri é o momento mais elevado da advocacia. E são três a esfinges presentes, a oratória, a advocacia e a instituição do tribunal do júri, ou nos capacitamos para decifrá-las ou seremos devorados por elas". E a palestra foi encerrada em clima de satisfação, alegria e empolgação de todos os presentes.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Todo mundo tem sucesso quando faz aquilo que gosta

O auditório da escola AME estava apinhado de jovens estudantes dos últimos anos do ensino médio para ouvir a palestra Descobrindo a Vocação! Quem Sabe para o Direito? Quem Sabe para a Advocacia? que ministrei a convite da coordenação daquela instituição.

Falei durante meia hora, respeitando o mandamento dos antigos, que dizia: Seja breve e agradarás. Quando se fala para jovens nem sempre é fácil prender a atenção. Mas falar de direito, de advocacia, de julgamento, é algo que fixa a curiosidade da moçada, que vive um período de sonhos, de escolha profissional, ou melhor, vocacional, para usar uma palavra mais forte e realizadora.

Depois da explanação foi aberto para perguntas, um momento que gosto muito nas palestras, quando bem administrado. Uma pergunta atrás da outra, movimentação, jovens interessados, admiradores da profissão. Lembrei-me de que quando era professor sempre fazia aquela velha pergunta de quem quer ser o quê na vida, e na vez de indagar "Quem quer ser advogado?" não eram poucos os que levantavam o braço. A advocacia, em algum lugar do inconsciente humano faz a sua morada, daí a sua pujança, daí a sua fortaleza, daí o seu encanto popular.

Ao final, uma sessão de autógrafos para aqueles que adquiriram o livro Advocacia e Oratória ou do Homem de Bem que Sabe Falar, de minha autoria. A vocação de uma pessoa pode se despertar de muitas maneiras diferentes, em idades diferentes, e quanto mais cedo isso for descoberto, através do perscrutar a si mesmo, mais a pessoa estará de bem com a vida, pois como dizia Bob Dilan "todo mundo tem sucesso quando faz aquilo que gosta".

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Que homem inteligente! Vamos marchar!

Li no livro de autoria de Frances Cole Jones intitulado Uau! Como Causar uma Ótima Impressão!:

"Os antigos afirmavam: 'Quando Cícero fala, as pessoas dizem: Que homem inteligente é Cícero. Quando Demóstenes fala as pessoas dizem: vamos marchar'".

Dois grandes apogeus da oratória: Demóstenes, na Grécia; Cícero, em Roma. Dois nomes ligados a advocacia, ligados aos tribunais, ligados à política.

Um bom orador deve causar no público a sensação de deslumbramento, de encantamento, de admiração que causava Cícero quando falava. O povo enebriado dizia "Que homem inteligente!".

Além do encanto deve a boa oratória despertar para a ação, assim como fazia Demóstenes quando pregava, o que levava a multidão dominada a dizer: "Vamos marchar, vamos segui -lo".

Unindo Demóstenes a Cícero, nossa oratória alcancará patamares inimagináveis de poder e de glória, que pode ser expressa na frase: "Que homem inteligente! Vamos marchar".

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Um ideal de palestra!

Se é verdade ou não, se tem ou não exageros, se é ilusão, lenda ou outra coisa parecida, o que me serve é a mensagem que me traz a seguinte história:

Dizem que Bill Gates foi convidado para dar palestra num escola secundária dos Estados Unidos. Chegou de helicóptero, se dirigiu à escola, adentrou no auditório onde centenas de jovens lhe aguardavam, tirou um papel do bolso e proferiu a seguinte palestra, que durou cinco minutos, que ficou conhecida como as 11 Regras de Bill Gates:

1. A vida não é fácil — acostume-se com isso.

2. O mundo não está preocupado com a sua auto-estima. O mundo espera que você faça alguma coisa útil por ele antes de sentir-se bem com você mesmo.

3. Você não ganhará R$20.000 por mês assim que sair da escola. Você não será vice-presidente de uma empresa com carro e telefone à disposição antes que você tenha conseguido comprar seu próprio carro e telefone.

4. Se você acha seu professor rude, espere até ter um chefe. Ele não terá pena de você.

5. Vender jornal velho ou trabalhar durante as férias não está abaixo da sua posição social. Seus avós têm uma palavra diferente para isso: eles chamam de oportunidade.

6. Se você fracassar, não é culpa de seus pais. Então não lamente seus erros, aprenda com eles.

7. Antes de você nascer, seus pais não eram tão críticos como agora. Eles só ficaram assim por pagar as suas contas, lavar suas roupas e ouvir você dizer que eles são “ridículos”. Então antes de salvar o planeta para a próxima geração querendo consertar os erros da geração dos seus pais, tente limpar seu próprio quarto.

8. Sua escola pode ter eliminado a distinção entre vencedores e perdedores, mas a vida não é assim. Em algumas escolas você não repete mais de ano e tem quantas chances precisar até acertar. Isto não se parece com absolutamente nada na vida real. Se pisar na bola, está despedido…rua!!! Faça certo da primeira vez! (Como diria meu antigo treinador).


9. A vida não é dividida em semestres. Você não terá sempre os verões livres e é pouco provável que outros empregados o ajudem a cumprir suas tarefas no fim de cada período. 10. Televisão não é vida real. Na vida real, as pessoas têm que deixar o barzinho ou a boate e ir trabalhar.

– E pra mim a melhor de todas.


11. Seja legal com os CDFs (aqueles estudantes que os demais julgam que são uns babacas). Existe uma grande probabilidade de você vir a trabalhar para um deles.

Ao terminar a palestra foi aplaudido de pé por mais de 10 minutos. Logo após, dirigiu-se ao seu helicóptero, e foi embora, deixando uma mensagem forte que se espalhou pelo mundo todo. Carisma do palestrante, e brevidade, profundidade, simplicidade e utilidade da mensagem! Para mim isso é um ideal de palestra.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A imaginação, a verdadeira e a falsa!

Suponhamos que você gosta de ler, aprecia os estudos, valoriza a arte de falar em público, sente que nasceu para ser um grande advogado! Se imagina no júri brilhando, defendendo grandes causas, sendo respeitado pela sociedade devido a sua capacidade técnica, sua ética, seu denodo, sua vibração... Essa imaginação, essa visualização é verdadeira, é criadora, tem poder.


Você pode ser aquilo que imagina ser!

Agora se você é uma pessoa que não gosta de ler, não gosta de estudar, não faz nada para melhorar a sua expressividade, mesmo achando que nasceu para ser advogado, e mesmo assim se imagina um grande tribuno popular, aplaudido, admirado, ovacionado, uma estrela brilhante, sua imaginação é falsa, não é criadora, é meramente uma visualização ilusória.

Como você pode ser aquilo que imagina ser?

A imaginação verdadeira tem que ter base na dedicação, no esforço, na transpiração. A própria palavra já ensina, imagem + ação. E uma boa imaginação, sempre lógica e real, alimenta nossa disposição, nos fortalece com a esperança da vitória, da imaginação que se tornará concretude, realidade!

Eis a substância da imaginação, eis a essência do poder da imaginação!

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

As primeiras palavras já revelam

Li uma frase do renomado advogado René Ariel Dotti que me trouxe à lembrança um acontecimento que se passou há mais de 5 anos.

A frase:

"Pelas primeiras palavras do advogado é possível sentir qual será a reação dos membros de um tribunal".

O acontecimento:

Estava no Fórum Barão do Rio Branco quando um defensor público amigo meu chegou me dizendo que tinha surgido uma nova revelação no Tribunal do Júri, e que eu tinha que constatar a capacidade do jovem que estava trabalhando com ele, mas que precisava do meu aval para saber se o jovem era bom mesmo segundo meus critérios.

Marcou um dia para eu assistir o júri da nova revelação, sem esta saber de minha presença avaliadora. Disse-lhe que ia, mas numa condição, nos primeiros momentos da fala já poderia perceber se o rapaz tinha ou não talento, e dependendo, ficaria no júri para prestigiar, ou voltaria para o escritório para dar conta de meus afazeres, e que minha resposta estaria dada daquela maneira.

Nós vivíamos a caçar talentos.

No dia marcado fui ao júri, cheguei discretamente, sentei bem atrás, sem ser notado, bem na hora que a nova estrela tinha começado a falar. Torcia para ser verdade, pois estávamos precisando de quadros para fortalecermos a advocacia de júri, como ainda estamos.

Nas primeiras palavras já deu para sentir que meu amigo tinha se iludido. Retornei para meu escritório. Ao conversamos depois, embora tachando-me de apressado e radical na avaliação, concordou comigo.

Passado algum tempo vi aquele jovem rapaz, feliz da vida, trabalhando nos empreedimentos empresariais de seu pai, e conversando com ele disse-me que o júri não era sua praia. Cada um no seu lugar!

Como bem disse René Ariel Dotti, nos primeiros momentos da fala de alguém, já é possível saber que fruto aquela árvore vai dar.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A difícil arte do silêncio

Ontem ri sozinho da sutileza do conto abaixo, que li no livro Nietzsche para os Estressados, de Allan Percy.

"Como diz um dos poemas mais célebres do taoísmo, no silêncio e no vazio todas as coisas estão presentes em potencial. A mente é como um copo: antes de enchê-la devemos esvaziá-la. Do vazio e do não ser surge a criatividade.

Uma das histórias da tradição taoísta fala da dificuldade que temos em viver além dos ruídos das palavras.

Num templo distante, erguido nas montanhas do Japão, quatro monges decidiram fazer um retiro que exigia silêncio absoluto. O frio era intenso e, quando uma onda de ar gelado entrou no templo, o monge mais jovem disse:

-A vela se apagou!

- Por que você está falando? -repreendeu o monge mais idoso. -Estamos fazendo uma cura pelo silêncio!

-Não entendo por que vocês estão falando em vez de calarem a boca, como foi combinado! - gritou o terceiro monge, indignado.

-Eu sou o único que não disse nada! - declarou, satisfeito o quarto monge".

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Proatividade: uma palavra alquímica

Têm palavras que a gente vai construindo uma relação de amizade muito forte com elas.

Um dia desses me senti inativo, sem vontade, sem força de tomar as rédeas da situação; adiando, deixando para depois, esperando acontecer o que dependia de minha atitude.

O que estava faltando em mim? Proatividade, que numa linguagem simples que dizer iniciativa, determinação, disposição para agir.

O contrário de proatividade é reatividade, exatamente como narrei acima quando me faltou o vigor e a virilidade da ação, do estado ativo e positivo da proatividade, que resolve problemas, antecipando-se a eles, prevenindo-os.

Grandes líderes, políticos, empreendedores, estudiosos, têm falado da proatividade como pressuposto fundamental do sucesso.

E na sincronia com essa palavra proatividade comprei o livro Escola da Vida: As lições de grandes empreendedores que aprenderam na prática como fazer sucesso. Ao abrir o livro deparei-me com um dos autores, o empresário, palestrante e escritor Ricardo Bellino, falando de proatividade.

Disse ele que "proatividade é muito mais que um sinônimo de iniciativa. A pessoa proativa é alguém que assume a responsabilidade por sua própria vida em vez de se colocar à mercê das circunstâncias ou de outras pessoas. Assume a responsabilidade de agir e decide como vai agir. Demonstra iniciativa e antecipa-se aos problemas e, é claro, é determinada e persistente".

Vi na prátiva a importância da proatividade para o sucesso em todos os campos da vida, e assim como as palavras entusiasmo, disposição, assertividade, objetividade, determinação, constância, inspiração, e tantas outras, ela faz parte também de minhas palavras prediletas, mágicas, alquímicas, que as uso como recursos transformadores quando preciso despertar, revigorar, reabastecer, reativar minhas energias vitais para viver uma vida com mais criatividade, com mais qualidade, com mais utilidade.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

El arte de vivir

Lendo o livro de Osho, Zarathustra: Um Dios Que Puede Bailar, reproduzo uma passagem de grande valia para nossa reflexão:

"Es una estupidez que ninguma universidad del mundo enseñe a la gente el arte de vivir, el arte de amar, el arte de meditar. Pienso que no hay nada más elevado que el amor, la vida, la meditación, la risa. Puede ser un gran cirujano, un gran ingeniero, un gran científico, un gran psicologo, un gran abogado, aun así necesitarás del sentido del humor, aun así necesitarás en tu vida del arte de amar, del arte de vivir, todos estos grandes valores da consciencia suprema".

A reflexão acima nos mostra de que é preciso ser feliz, não basta apenas ser um grande profissional.

De que adianta ter prestígio, fama, poder, dinheiro se não se conhece a arte de viver? O tanto de felicidade que se tem é o verdadeiro critério para ser medir o real sucesso na vida de uma pessoa.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Zaratustra: uma taça transbordante de sabedoria

Assim Falou Zaratustra é um dos meus livros prediletos. Foi escrito por Friedrich Nietzsche, uma das maiores joias do pensamento universal.

Zaratustra, o sábio persa, o líder, o pregador, o orador das verdades sangrentas, antes de descer das montanhas -de onde fez sua morada na solidão por anos - para ensinar aos homens a sabedoria, assim se dirigiu ao Astro Rei, em tom bíblico e poético:

"Grande Astro! Que seria da tua felicidade se te faltassem aqueles a quem iluminas? Faz dez anos que te apresentas a minha caverna, e, sem mim, sem minha águia e a minha serpente, haver-te-ias cansado da tua luz e deste caminho.

Nós, porém, te aguardávamos todas as manhãs, tomávamos-te o supérfluo e bendizíamos-te.

Pois bem: já estou tão enfastiado da minha sabedoria como a abelha quando acumula demasiado mel. Necessito mãos que se estendam para mim. Quisera dar e repartir até que os sábios tornassem a gozar da sua loucura e os pobres, da sua riqueza.

Por essa razão devo descer às profundidades, como tu pela noite, astro exuberante de riqueza, quando transpões o mar para levar a tua luz ao mundo inteiro.

Eu devo descer, como tu, segundo dizem os homens a quem me quero dirigir.

Abencoa-me, pois, olho afável, que podes mirar sem inveja até uma felicidade demasiado grande.

Abençoa a taça que quer transbordar, para que dela jorrem as douradas águas, levando a todos os lábios o reflexo da tua glória.

Olha! Esta taça quer novamente esvaziar-se, e Zaratustra quer tornar a ser homem."

terça-feira, 6 de setembro de 2011

12 Homens e uma Sentença

Mais uma vez assisti o filme 12 Homens e uma Sentença, um clássico do cinema mundial. A história e o roteiro foi escrito por Reginaldo Rose, sendo o filme dirigido por Sidney Lumet, tendo como principal personagem Henry Fonda.

No início do filme, antes de se retirarem para votar a sorte do réu, o juiz presidente do júri adverte os jurados:

"Vocês estão diante de uma grande responsabilidade. É dever de vocês separarem os fatos da fantasia".

O julgamento se desenrola dentro de uma abafante sala secreta. Apressadamente onze jurados votam pela condenação do réu, acusado de ter matado o próprio pai. Mas um não acompanha e vota pela absolvição, alertando os demais da necessidade de examinar melhor as provas, diante da fraca defesa do advogado, que não desempenhou adequadamente sua tarefa.

Em meio a grandes polêmicas, com arte e brilho e aguçado exame dos fatos, o jurado discordante, depois auxiliado por outros que aderem a tese da inocência, vai desmontando provas que antes pareciam avassaladoras e irrefutáveis.

O que é a verdade? O que é a justiça? O que é a persuasão? São temas envolventes, abrangentes, mostrados no filme de maneira impactante, excitante, absorvente.

Se eu fosse escolher uma frase do filme escolheria aquela que o juiz disse aos jurados: "É dever de vocês separarem os fatos da fantasia". E se eu fosse escolher, ainda, a principal lição que o filme me deixou diria que é a de examinar com consciência as coisas antes de dar um veredicto avexadamente. Esse é um dever de quem busca a verdade e a justiça com responsabilidade, como um filho de Deus.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Minha amada Grécia!

A Grécia Antiga exerce em mim um fascínio misterioso. Com seus mitos, seus poetas, seus oradores, seus advogados, seus políticos, seus filósofos, seus generais, suas guerras, seus tribunais, seus teatros, seus líderes, sua sabedoria, seus livros, a Grécia parece ter sido mesmo uma terra encantada, de seres extraterrestres, que deixou uma mensagem inapágavel e influente na memória da humanidade.

Essa civilização toca o meu coração, conquista a minha mente, porque sob todos os aspectos ela foi grandiosa, carismática, mágica. Homero, Sócrates, Platão, Aristóteles, Esopo, Perícles, Demóstenes, Diógenes, Eurípedes, Epicuro, e tantos e tantos seres extraordinários, são exemplos que sacudiram a condição humana, em todos os campos do saber.

E dentro de toda essa admiração é que estou lendo o livro Os Oito Pilares da Sabedoria Grega, escrito por Stephen Bertman, Ph. D no assunto. Ele resume esses oitos pilares com suas mensagens da seguinte maneira:

Humanismo: "Valorize suas aptidões humanas e acredite em sua capacidade de realizar grandes coisas".

Busca da Excelência: "Procure ser hoje melhor do que você foi ontem e, amanhã, melhor do que foi hoje".

Prática da moderação: "Cuidado com os extremos, porque neles reside o perigo".

Autoconhecimento: "Identifique e comprenda suas fraquezas e seus pontos fortes".

Racionalismo: "Busque a verdade utilizando o poder da mente".

Curiosidade incansável: "Procure saber o que as coisas realmente são, não simplesmente o que parecem ser".

Amor à liberdade: "Somente quando somos livres podemos encontrar a realização".

Individualismo: "Orgulhe-se de ser quem é: um indivíduo único".

Minha amada Grécia! Minha amada Grécia! Oh, minha amada Grécia! Como Skakespeare por ti suspiro: "Tu me és tão cara como as gotas de sangue que visitam o meu coração".

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Por que converso com os mortos

Estava fazendo júri quando precisei usar um livro para ilustrar uma explicação que dava aos jurados, e aproveitei a ocasião para narrar-lhes episódio que aconteceu comigo, amenizando assim o tenso ambiente do julgamento.

Ao fazer minhas costumeiras peregrinações pelas livrarias de Rio Branco, numa delas avistei, na seção de livros espíritas, uma obra intitulada Por que Converso com os Mortos, de autoria do médico legista Badan Palhares.

Achei estranho aquele livro ali, pois já o conhecia. Chamei o proprietário e perguntei-o porque tinha colocado o livro naquela parte da estante. E ele me respondeu que o título já dizia tudo.

Esclareci a ele que aquele livro não era de conteúdo espírita, estava mais para o direito, e que eu já tinha usado-o em vários júris, em diversas ocasiões, para explicar determinadas perícias.

Disse-lhe também que o autor era o conhecido médico legista Badan Palhares, que participou da perícia de polêmicos e famosos casos como o de Chico Mendes, de PC Farias, e no reconhecimento das ossadas do médico nazista Josef Mengele.

Expliquei-lhe, ainda, que o título Por que Converso com os Mortos, não era por causa que o espírito do defunto aparecia a ele para contar como foi morto, mas sim porque examinando com ciência os sinais deixados no corpo da vítima e no local da morte, muitos crimes poderiam ser desvendados, era como se o morto estivesse falando o que aconteceu.

Ele, desconfiado, agradeceu-me, chamou o vendedor, pediu mais atenção, e colocou o livro no devido lugar. Classificar livros não é uma das coisas mais fáceis!