quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Aprendendo com os incoerentes

Por esses dias, ao deixar meu livro Habeas Spiritus à venda na livraria Dom Oscar Romero, avistei na prateleira uma obra de capa bem destacada - de autoria do sacerdote católico João Carlos Almeida - intitulada 300 Conselhos de Jesus, uma coletânea de mensagens do Filho de Deus tirada da Bíblia, nos aconselhando sobre grandes temas da vida.

Por exemplo: como proceder diante das pessoas incoerentes, que falam uma coisa e praticam outra? Jesus aconselha, em Mateus 23, 1-3: "Os escribas e os fariseus sentaram-se no lugar de Moisés para ensinar. Portanto, tudo o que eles vos disserem, fazei e observai, mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam".

Esta frase de Jesus nos diz que devemos praticar aquilo que ensinamos, ao mesmo tempo que nos desperta para não desprezarmos a oportunidade de aprendizagem com os adeptos daquela velha frase "Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço". Aliás, se examinarmos dentro de nós, veremos que cada um tem uma certa quantidade de incoerência dentro de si, uns mais outros menos - somos seres ainda em lapidação, ainda em construção do nosso perfeito templo interior.

Se por um lado é uma grande verdade que o pregador, o orador, o tribuno, o conselheiro tem que praticar o que fala para que suas palavras tenham força, credibilidade, e levem os ouvintes à transformação e à ação, por outro, as pessoas inteligentes não esperam que essa coerência necessariamente aconteça para iniciar seu processo de aprendizado e crescimento pessoal.

Li uma frase certa vez que dizia: "Tudo é fonte de sabedoria para o sábio". É nesse contexto, é nesse ângulo de visão que devemos entender o que Jesus nos diz. Aprendemos com um bêbado, com um louco, com uma criança, com os animais, e como Jesus mesmo ensina, aprendemos até com incoerentes - eles nos ensinam, de uma maneira diferente, a vermos quão bonita é a oratória de um homem quando suas palavras estão alicerçadas naquilo que ele pratica.

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