terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Atuar no júri: o grande sonho de Mário Covas

Quando Mário Covas morreu, em 2001, aos 70 anos, o jornal Estadão veiculou uma reportagem biográfica a respeito do famoso político brasileiro, vice-presidente da UNE em 1955, um dos fundadores do MDB, deputado federal cassado pela Ditadura Militar, ex-prefeito e ex-governador de São Paulo, uma referência ética na política brasileira.

Nessa matéria jornalística, é revelado um grande sonho que o engenheiro Mário Covas desejava realizar antes de morrer, mesmo com idade longeva: se formar em direito e atuar no tribunal do júri. Um sonho bem condizente com a sua personalidade forte, com o seu estilo viril, com o seu caráter ético e a sua oratória destemida.

Sem sombra de dúvida, Mário Covas admirava os grandes tribunos do Conselho Popular: Evaristo de Morais, Dante Delmanto, Evandro Lins e Silva, Valdir Troncoso Peres e tantos e tantos outros gigantes da oratória forense. Como político perseguido pela Ditadura Militar, testemunhou a corajosa e elevada atuação dos criminalistas na defesa dos presos políticos, e passou a nutrir ainda mais seu profundo sonho de fazer parte desta grande confraria, dessa grande magia, que é a advocacia em seu esplendor.

Uns acreditam e outros não acreditam que o homem retorna várias vezes a terra para continuar sua caminhada evolutiva, realizar seus sonhos, seus desejos, suas utopias. Esse não é o ponto central do texto. Mas se caso Mário Covas retornar em algum lugar onde exista júri, como no Brasil, ganharemos um grande advogado de júri, capaz de iluminar ainda mais nossa história, de engrandecer ainda mais o Tribunal do Povo, de abrilhantar ainda mais nossas tradições.

Como se forma um advogado de júri? Começa assim, como Mário Covas, com um profundo desejo de ser um.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Os dois lados da advocacia no filme O Poder e a Lei

Neste final de semana assisti ao filme O Poder e a Lei, um excelente thriller de tribunal, que tem como centro dos acontecimentos o advogado criminalista Michael Haller.

Não vou aqui fazer a sinopse do filme, facilmente encontrada com um simples clique no google.

O que percebi na figura de Michael Haller foi a dupla face da advocacia, que se pode resumir em duas frases bem fortes.

Diz uma das frases: "En cada hombre cabe todo lo malo y todo lo bueno". A outra, constata com sabedoria: "A advocacia pode ser a mais vil das profissões quando exercida sem ética, e a mais bela quando praticada em sintonia com os valores da consciência".

Em uma cena do filme o criminalista diz: "O que mais tinha medo na minha vida era não ter a capacidade de reconhecer a inocência". E foi por causa dessa sua incapacidade que um dos seus clientes, inocentemente, foi condenado a prisão perpétua. Quando ele descobriu a verdade lutou com todas as forças de seu espírito para libertar seu constituinte. Este é o grande lado branco da advocacia, o lado heroico, épico, que tanto encanta o inconsciente coletivo.

No mesmo momento da cena, ele continua falando: "Agora, o que mais temo hoje é o mal". O mal que estava dentro dele mesmo, e o mal que vinha de fora, dos outros, de um próprio cliente seu, que o colocava como suspeito de um assassinato. Michael Haller parecia não conhecer limites quando queria ganhar dinheiro: inventava despesas, pagamento de perícias, contratação de outros profissionais, e várias outras artimanhas para enganar seus clientes. Esse é o lado mal, obscuro, terrível da advocacia.

Desde os primórdios da profissão essa dualidade se manifesta na advocacia. O lado bom derrubou tiranias, construiu instituições, criou e salvou os melhores princípios do direito, consagrou o ofício, levando um dos maiores filósofos da história, Voltaire, a chamá-la de "a mais bela das profissões".

O lado negativo da advocacia fez com que as pessoas desprezassem o advogado, tendo-o como profissional corrupto, que não se pode confiar, malandro, ávido por dinheiro, abutre enganador, sempre usando do engodo e da má-fé para extoquir os seus clientes. Sem a ética devida, esses profissionais fazem com que a advocacia apareça aos olhos do público como uma vil e rasteira profissão.

Sãos esses os dois lados da advocacia que podem ser vistos na figura contraditória de Michael Haller, no filme O Poder e a Lei. Contraditório somos todos nós, uns mais, outros menos. Potencializar o melhor lado é uma questão que depende da escolha e do grau de consciência de cada um.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A eloquência e a sabedoria

Com reverência, para este Dia do Orador, dedico o texto abaixo, com algumas alterações, extraído do livro Advocacia e Oratória ou Do Homem de Bem que Sabe Falar.

Eloquencia é a capacidade nata de falar com carisma. De um certo ponto de vista, a eloquencia não se aprende, já é um dom da pessoa.

Sabedoria é o saber profundo, essencial, é a ciência da suprema compreensão da vida, o verdadeiro, o puro, o santo conhecimento.

O orador romano Cícero afirmava que "é danoso para humanidade a eloquencia sem sabedoria, da mesma forma, desprovida de valor é a sabedoria sem eloquencia".

Ao longo da história muitos líderes eloquentes levaram povos inteiros a ruína, porque faltava a eles a sabedoria. Muitos também foram os sábios que por falta de eloquência, não souberam expor seus pensamentos, pouco contribuindo com o avanço da consciência humana.

Para mim, orador de grandeza é aquele que tem eloquência e sabedoria. Eloquencia para energizar, e sabedoria para distribuir, doar, ensinar, auxiliar a humanidade a dar passos mais conscientes rumo ao desenvolvimento moral, intelectual e espiritual.

Dentro desse entendimento, da eloquência com sabedoria, e da sabedoria com eloquência, revencio muitos oradores, mais três São Além, e cito-os, sem ordem de preferência: Jesus, Buda e Osho.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O seu toque é o orvalho sobre a flor

Algumas pessoas me perguntam: "Por que você gosta tanto de Osho?". Gosto de falar de Osho, e de outros tantos mestres também, porque sinto que ele encontrou o que eu busco; isso eu não preciso provar para ninguém, é algo do íntimo, sem a menor necessidade de alguma comprovação.

Identifico-me com a linguagem dele assim como você pode se identificar com a linguagem de outro filósofo, outro pensador, outro místico. A visão de mundo de Osho é autêntica, original, viva, libertária, que toca o coração e cativa a razão.

E admirando Osho isso não quer dizer desprezo por outros sábios, o contrário é que é verdadeiro, passo é a reconhecer mais o valor de outros sábios. "Um mestre verdadeiro não nega outro mestre verdadeiro", diz Osho.

Teve uma época da minha juventude em que lia avidamente os filósofos existencialistas, mas me cansei daquele tipo de visão, muitas vezes negativa, escura, lamentadora da vida, sem espiritualidade.

Quero ver é o sentido da existência, sei que tem, quero senti-lo, vivê-lo, tocá-lo - não como um monte de informações entulhadas na minha cabeça - mas como uma experiência própria, como uma realidade.

Diz Osho: "A menos que você conheça uma vida que seja luminosa e chamejante, todo o seu conhecimento é apenas uma trapaça. Você está juntando-o para ajudá-lo a se esquecer de que o conhecimento real está faltando".

Sem servilismo, sem escravidão intelectual, sem fanatismo, sou um admirador desse grande filósofo da vida, que com suas palavras iluminadas leva-me ao encontro de mim mesmo, tornando-me um ser melhor.

Há uma música que bem reflete meus sentimentos, não só em relação a Osho, mas em relação a todos os mestres que guiam a humanidade rumo a Deus.

Suave como a brisa da manhã
Tocando as roseiras do quintal
Estrela cadente, ele desceu
Iluminando os arcos do portal

Seu manto é de linho perfumado
Colhido nos campos do Senhor
Ele é pura luz que não se apaga
É mina de água, é cobertor

Amigo, riacho de água doce
Que banha os pés dos peregrinos
Farol que ilumina os navegantes
É sábio, é velho, ele é menino

Trazendo a luz do oriente
Iluminando vem!
Desvendar o manto do mistério
Com seu cajado vem!

Descendo das esferas encantadas
Anunciando vem!
Portador da palavra iluminada
Ele é meu mestre Zen

Ele é o meu Mestre Zen
O seu toque é o orvalho sobre a flor
Ele faz minha alma navegar
Viajar num tapete voador
Ele faz minha alma navegar!

"A verdade é bela, seja qual for a forma que se apresente." Osho.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A justiça que flui!

Num de seus marcantes discursos diz Martin Luther King: "Só ficaremos satisfeitos quando a justiça fluir como a água e a retidão como uma poderosa corrente".

E fiquei meditando... O que ele quis dizer com a expressão "quando a justiça fluir como a água?"

E comecei a trazer a indagação para o meu cotidiano de advogado. E percebi que a frase é bem profunda e verdadeira. Se a água não flui ela fica suja, morta, perde um dos seus principais atributos, que é exatamente a fluição.

A justiça precisa fluir para ser realizada. A justiça dos homens só chega a ser justiça divina quando ela flui, quando ela não fica estagnada e oprimida no seu leito, devido as mentiras, as manobras, as impiedades, as covardias, as inconsciências dos pilatos.

Uma bela frase bíblica diz: "Do seu interior correrão rios de água viva". Para a justiça fluir deve haver retidão, amor, consciência, firmeza e equilíbrio. Assim ela pode seguir seu curso como uma poderosa corrente desaguando gloriosa no Grande Oceano da Justiça de Deus.

Por isso, assim falou Martin Luther King: "Só ficaremos satisfeitos quando a justiça fluir como um rio e a retidão como uma poderosa corrente".

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Sobre a relatividade do sucesso e do fracasso

Conta Esopo, numa fábula intitulada A águia e os Galos que dois galos resolveram disputar a liderança do lugar onde viviam, e começaram uma luta que durou muitas horas.

Quando a briga terminou, o perdedor - envergonhado - foi se esconder em um canto escuro, enquanto o vencedor voou para cima do telhado, cacarejando de alegria.

Uma águia que passava por ali ouviu aquele canto, mergulhou dos céus e na mesma hora matou o vencedor. Em seguida, carregou o corpo para o seu ninho, contente por poder alimentar seus filhotes.Com seu rival morto, o outro galo saiu do canto escuro e tomou posse do galinheiro.

Moral da história: o orgulho sempre anuncia a queda.

Diz Epicuro, o filósofo ateniense que viveu entre os anos de 341-270 a. C, em uma de suas máximas que "Almas sem grandeza tornam-se insolentes com o sucesso e acabrunhadas com os malogros".

Há um remédio de fina espiritualidade para tudo isso: compreendermos a relatividade das coisas, a fugacidade dos momentos, nossa pequenez diante do Todo, pois a humildade é o verdadeiro caminho dos sábios.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Expressando a minha gratidão!

É imensa a alegria de saber que em vários lugares do país meus dois livros, Advocacia e Oratória ou do Homem de Bem que Sabe Falar e Habeas Spiritus: meditações de um advogado em busca do autoconhecimento, tem ganhado as prateleiras de muitos leitores Brasil afora: Acre, Paraíba, Goiás, Brasília, Amazonas, Pará, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rondonia, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, Ceará, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro.

Além disso tenho recebido também manifestações de carinho e apoio de apreciadores do meu blog e do meu facebook de todas as partes do país. Isso aumenta a minha responsabilidade com o que escrevo, e me incentiva a continuar escrevendo, sabendo que de alguma forma estou sendo útil a quem lê.

Recebi por esses dias uma singela manifestação de apreço de um amigo, o professor e escritor Carlos Pontes, que lançou recentemente o livro História do Acre. Reproduzo abaixo a mensagem recebida.

Caro Sanderson,

Hoje enquanto aplicava prova no trabalho passeei pelas páginas espiritualizadas do seu Habeas Spiritus, pra mim obra de grande valor, de conhecimento, fonte de inspiração. Ao ler o texto Toque Mágico do Haicai (era algo que eu não conhecia), pensei em seu trabalho, nos préstimos que vc serve a sociedade e a mim, pensei no amigo que você é e me veio a mente um Haicai ( ou pelo menos acho que é) foi rápido, não deu tempo pensei muito, como estava com lápis e papel na minha frente arrisquei a escrita que não faz parte da minha forma de escrever.

Amizade

Simples razão de ser
Vento que sopra sereno
Mãos unidas no amanhecer.

É um versinho, mas senti como inspiração bem na hora da leitura. Grande abraço, Carlos Pontes.

Minha gratidão a todos vocês!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Como se defender de ataques verbais

Embora ainda não tenha uma livraria no nosso Shopping, na loja Bemol encontramos vários títulos de livros à venda. E dentre estes encontrei um que de pronto chamou-me a atenção: Como se Defender de Ataques Verbais: maneiras inteligentes de se defender de palavras agressivas, de autoria de Barbara Berckman, pedagoga e especialista em comunicação.

A autora aplica os pacíficos princípios táticos, filosóficos e espirituais do Aikido, arte marcial criada no ano de 1940, pelo Mestre Morihei Ueshiba, e os aplica inteligentemente na arte da comunicação. Traz dicas importantes de como se defender de palavras ferinas, mal- intencionadas, impondo respeito ao oponente sem perder a firmeza, o equilíbrio e a paz interior.

Não preciso nem dizer da importância que tem esse livro para os advogados, e para todas as pessoas em geral. No tribunal do Júri, nem se fala.

Não tem como contar as vezes que recebi ataques verbais, velados ou explícitos nessa minha caminhada no movimento estudantil, sindical, político e forense. Falhei na defesa em um tanto de oportunidades, mas na maioria das vezes segui o rumo correto de defesa. Continuo a aprender essa grande arte, a arte da defesa, errando, corrigindo o erro, estudando, aperfeiçoando-me na ciência defensiva.

Algo fundamental que li na obra, já diminui em grande porcentagem a desnecessidade da defesa, e isso já é arte também. Diz a autora:

"Não vale a pena reagir em certos comentários: às vezes, palavras grosseiras podem ser ditas sem má intenção,. Uma porcentagem grande de comentários que nos magoam não passa de observações imprudentes ou de uma interpretação equivocada de nossa parte."

A palavra Aikido, pode ser dividida em três: ai - harmonia; ki -energia; - caminho. Que definindo, que dizer "O caminho para a harmonização da energia". Daí já se ver a importância de desenvolver nossos talentos comunicativos para nos defendermos com sabedoria, nos tornando fortalezas salomônicas contra ataques verbais. Fácil? Quem disse isso?

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Teseu: o imortal orador

Quando estudava História na UFAC, mitologia grega era um assunto que sempre me apaixonava. Como professor de História, caprichava mais ainda nas minhas aulas quando o tema era mitologia grega.

Assim tem sido até os dias atuais, continuo comprando e lendo livros a respeito. É um tema que muito me interessa no direito, na advocacia, e no estudo de mim mesmo. A mitologia oculta verdades eternas.

Na oratória, as alegorias, os mitos, as fábulas, as lendas, as parábolas, as metáforas possuem um valor inestimável de persuasão.

Por tudo isso é que fui assistir ao filme Imortais. E uma das passagens mais emocionantes do filme foi o maravilhoso discurso de Teseu, que levantou o moral das amedrontadas tropas gregas diante do exército sanguinário do Rei Hipérion.

Um discurso que mostra, nos gestos, no tom, na voz, no conteúdo da mensagem, toda a nobreza, todo o poder, toda a majestade, toda a coragem, toda a honra de um imenso orador.

São em momentos cruciais como aqueles em que se viu a Grécia - a Grécia da razão e da ordem, das leis e do progressso - em que a oratória é convocada pelos deuses como instrumento para erguer aos céus o pleno valor da liberdade e da dignidade do homem, mesmo diante da morte.

Ficção, fatos? Não é disso que se trata, nem mesmo importa. A essência é que vale! Aliás, ninguém compreende mitologia se não tiver capacidade de ver a sua essência.

Bem verdadeira a frase de Sócrates que aparece no início e no fim do filme: "As almas dos homens são imortais, mas almas dos justos são imortais e divinas".

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A ditadura dos iluminados

Já ouvi falar de muitas ditaduras, a ditadura militar, a ditadura do proletariado, a ditadura de direita, a ditadura de esquerda, a ditadura do capital, a ditadura disso, ditadura daquilo.

Mas nunca tinha ouvido falar a respeito da ditadura dos iluminados. Essa é mais uma abordagem original, inteligente e instigando de Osho, ao criticar os regimes que escravizam a liberdade do homem.

Assim ele diz no livro o Grande Desafio:

"Marx propôs a ditadura do proletariado, a ditadura dos pobres. Eu proponho uma ditadura dos iluminados. Ninguém a propôs até hoje. De vez em quando surge algo assim na minha mente maluca. Essa ideia eu cultivei a vida toda - a ditadura dos iluminados, porque, se ela é dos iluminados, não pode ser ditadura.

É um termo contraditório. A pessoa iluminada não pode ser um ditador como Joseph Stalin ou Adolf Hitler. A pessoa iluminada pode dar ordens a você, mas com base no amor, não com base no poder - ela não faz questão de nenhum poder - mas com base na intuição, porque ela tem olhos para ver e sente o potencial das pessoas.

Seus ditames só podem ser considerados sugestões, conselhos, orientações. só na ditadura dos iluminados existe uma possibilidade de uma democracia real, autêntica, e também do florescimento verdadeiro do comunismo: igualdade pela distribuição das riquezas, não da pobreza; destruição da pobreza em suas próprias raízes e elevação de todos à riqueza".

Esse pensamento de Osho é muito próximo daquele de Platão, que defendia o governo dos filósofos, o governos dos sábios. Uma dia a humanidade chegará a esse estágio de evolução da consciência!

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A grandiosa oratória de Jesus

Ao cheiro do incenso da flor de lótus, que traz meditação e concentração, um dos presentes levados ao menino Jesus pelos Reis Magos, exalando por todo o meu escritório, escrevo esse texto a respeito da grandiosa oratória de Jesus, não só o Rei dos Reis, mas especificamente, o Rei dos Oratores.

No livro Jesus: O Filho do Homem, de autoria do sábio libanês Kalil Gibran, dois homens que viveram na época do Mestre, um chamado Assaf, orador de Tiro, e outro chamado Manassés, um advogado de Jerusalém, assim desenham, com intimidade, o poder do verbo de Jesus.

Assaf diz: "O que direis sobre suas palavras? Talvez houvesse alguma coisa em sua pessoa que desse tanto poder às suas palavras e cativasse aqueles que o ouviam. Ele era atraente e o esplendor do dia iluminava seu semblante.

Homens e mulheres fitavam-no, mais do que ouviam seus argumentos. Ele falava com poder de um espírito, e este espírito tinha autoridade sobre seus ouvintes.

Em minha mocidade, eu ouvira os oradores de Roma, de Atenas e de Alexandria. O jovem Nazareno era diferente de todos eles. Ele contava uma história ou narrava uma parábola, e histórias e parábolas como as D'ele nunca haviam sido ouvidas na Síria.

Ele começava uma história assim: 'O lavrador foi ao campo para semear suas sementes'. Ou, 'Certa vez, havia um homem rico que possuía muitos vinhedos'. Ou, 'Um pastor contou suas ovelhas ao cair da tarde, e viu que uma ovelha estava perdida'.

Tais palavras levavam seus ouvintes para o mais simples do seu ser. Ele conhecia a nascente de nosso mais antigo ser. Oradores gregos e romanos falavam para a mente, ele tocava o coração. Em suas palavras havia um poder que não estava no domínio dos oradores de Atenas e de Roma."

Manassés diz: "Sim, eu costumava ouvir suas palavras. Ele tinha sempre uma palavra pronta em seus lábios.

Eu era cativado pela sua voz e seus gestos. Ele me encantava. Com sua eloquência cativava meu ouvido e meu pensamento".

E o poeta, com talento e sensibilidade, soube cantar como ninguém o toque mágico da oratória de Jesus:

Um certo dia um homem esteve aqui
Tinha o olhar mais belo que já existiu
Tinha no cantar uma oração.
E no falar a mais linda canção que já se ouviu.

Sua voz falava só de amor
Todo gesto seu era de amor
E paz, Ele trazia no coração.

Ele pelos campos caminhou
Subiu as montanhas e falou do amor maior.
Fez a luz brilhar na escuridão
O sol nascer em cada coração que compreendeu

Que além da vida que se tem
Existe uma outra vida além, e assim...
O renascer, morrer não é o fim.

Tudo que aqui Ele deixou
Não passou e vai sempre existir
Flores nos lugares que pisou
E o caminho certo pra seguir

Eu sei que Ele um dia vai voltar
E nos mesmos campos procurar o que plantou.
E colher o que de bom nasceu
Chorar pela semente que morreu sem florescer.

Mas ainda há tempo de plantar
Fazer dentro de si a flor do bem crescer
Pra Lhe entregar
Quando Ele aqui chegar.

Assim foi, e ainda é, a oratória de Jesus. A grandiosa e sublime oratória de Jesus. E o incenso continua exalando sua fragrância em meu redor, trazendo paz e concentração, doçuras do verbo divino. Viva o Rei dos Reis! Viva o Rei dos Oradores!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A consciência é a lei das leis

O texto abaixo, extraído do livro O Futuro Dourado, é uma profunda e instigante reflexão de Osho, a respeito da relação do homem e as leis; uma verdadeira filosofia do direito.

Em muitas defesas que faço trago essa visão para apresentar minha compreensão sobre a existência do sistema jurídico, sua utilidade, suas limitações e a sua superação. Segue:

"Em toda existência, só o ser humano precisa de regras. Nenhum outro animal precisa.

A primeira coisa que é preciso entender é que existe algo de artificial nas regras. O homem precisa delas porque deixou de ser animal, e no entanto, não se tornou ainda autenticamente ser humano. Ele está num limbo. Essa é a fonte da necessidade das regras. Se ele fosse animal não haveria necessidade, e se fosse verdadeiramente homem não haveria necessidade delas também.

Homens como Sócrates, Zaratustra, Bodhidarma, Jesus, Buda, não precisam de leis. Eles estão suficientemente alerta para não prejudicar ninguém. Eles são a própria lei.

Se toda a sociedade evoluir até ser realmente humana, haverá amor, consciência, mas não leis. Códigos, tratados, convenções, constituições, tudo isso desaparecerá.

O problema é que o ser humano, como se encontra, é um caos, precisando de regras, leis, governos, exército, força policial, tribunais, parlamentos, para controlar toda essa inconsciência, pois ele perdeu sua condição de animal, mas ainda não chegou a condição de ser totalmente consciente.

Se o indivíduo evoluir, a sociedade sumirá. A sociedade só existe porque o indivíduo ainda não está iluminado. Se o indivíduo crescer, ficar consciente, alerta, perceptivo, não haverá mais necessidade de leis, tudo isso ruirá, tribunais, exércitos, polícias, governos, estados, constituições.

Quando você se tornar consciente as leis se tornam inúteis para você. Por que se preocupar com elas, se a consciência é quem o dirigirá? E a consciência é a lei das leis, o governo dos governos!

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Existe algo de romântico entre eu e meus livros!

Estou há três dias limpando, arrumando, organizando, tocando meus livros, reencontrando-me com esses amigos que tanto admiro, que tanto quero bem, que me fazem crescer, progredir, prosperar, subir rumo ao além.

Minha biblioteca é um lugar muito especial; nela, às vezes, passo horas e horas do meu dia. Tem livros de Oratória, Filosofia, Psicologia, História, Direito, Advocacia, Religião, Economia, Sociologia, Jornalismo, Autoajuda etc. Eu chamo a minha biblioteca de Biblioteca de Alexandria, in memorian.

As pessoas que chegam e avistam minha biblioteca ficam admirados, extasiados, espantados pela quantidade e variedade de livros que ela tem, em se tratando de uma biblioteca particular. São quase 5 mil livros.

Gosto de visitar livrarias, gosto de comprar livros, gosto de escrever, gosto de ler; isso tudo é intrínseco a mim. No dia que eu não leio, a sensação que sinto na mente é parecida com aquela de quem tem fome e quer comer, de quem tem sede e quer beber, ou mais profundamente, de quem tem saudades dos afagos de um amor.

Sinto muito alegria por ter a biblioteca que tenho, ela continua em expansão, graças a Deus. Meus livros pavimentam meu caminho. Se ser advogado é tocar as estrelas, é pela escada dos livros o caminho da grande jornada.

Dá trabalho ter muitos livros, tem que zelar, tem que cuidar, são flores em um jardim. Quando há mudança de um lugar para outro, nem se fala! Mas são meus amigos verdadeiros, e verdadeiros amigos não se abandonam.

Pelos os livros tenho paixão, fome, sede, tenho amor. Existe uma ligação muito antiga entre nós, diria sobrenatural. Existe algo de romântico, de tântrico entre eu e meus livros!