sexta-feira, 30 de setembro de 2016

O sábio confia no tempo

"O sábio confia no tempo", argumentava Sólon diante de uma assembléia de notáveis.

 E prosseguindo na elaboração de suas sólidas leis e de seus augustos conselhos, que fizeram da Grécia Clássica do século VI a.C o ninho da genialidade, falava em tom solene e concentrado:

"Uma ideia pode até não ser aceita hoje; um acontecimento pode até ser incompreendido hoje; a verdade pode até ser rechaçada hoje e um homem pode até ser menosprezado e ridicularizado e assassinado hoje. Mas o sábio confia no tempo".

A voz e o poder de persuasão

A voz é um dos aspectos da oratória que têm grande destaque no poder de persuasão. Se queremos ser mais persuasivos precisamos conhecer e aperfeiçoar a nossa voz. A nossa voz soa estranha para nós mesmos, mas para os outros, geralmente é natural. Por isso, devemos ouvir a nossa voz para que ela nos soe familiar e espontânea.

 Na nossa voz está contida toda a nossa biografia. "Fala, para que eu te conheça!", dizia Sócrates. Ela revela quem somos e o que de fato conhecemos. É por ela que geramos empatia, confiança, envolvimento, entusiasmo, sintonia com o público. Como é a minha voz? Baixa, tímida, sem variedade, sem expressão, estridente, sem autoridade, sem ritmo? O que posso aperfeiçoar em minha voz? Para aperfeiçoá-la precisamos conhecê-la.

 "A oratória é uma arte sutil em que poucos são bons de verdade", diz Chris Anderson, no livro TED: O Guia Oficial do TED para Falar Bem. E por que poucos são bons de verdade? Porque são poucos aqueles que se dedicam verdadeiramente em descobrir as sutilezas da arte de falar bem. E a voz ideal, harmônica, está entre as sutilezas do bem falar. O nome Calíope - a musa grega da eloquência - significa 'bela voz". Alguma dúvida?

Os três pilares do templo da oratória



Uma das qualidades de um gênio - e aqui estamos falando de Aristóteles - é a força imortal de suas ideias. Mesmo depois de dois milênios, o ethos, o páthos e o lógos, os elementos essenciais de uma oratória completa, poderosa e persuasiva, continuam válidos e atuais na teoria da comunicação. 

O ethos é a credibilidade, a moral, a prática, a autoridade ética, a qualificação do orador. O páthos é a paixão, a emoção, a vibração, o entusiasmo que o orador tem e desperta no público. O lógos é a lógica, a clareza, a coerência, a capacidade argumentativa e dialética da mensagem do orador. 

A partir destas três colunas, ethos, páthos e lógos, está firmado o templo da ciência da oratória.

O desenvolvimento da vida intelectual

Muitas coisas valiosas nascem da intelectualização do homem, como por exemplo, a filosofia e a oratória. 

Todos os grandes filósofos e sábios da antiguidade foram homens da palavra. E todos os grandes oradores antigos, ou eram filósofos ou tinham inclinações filosóficas. A vida intelectual nasce do cultivo do saber, da constância nos estudos. 

Para desenvolver a vida intelectual o homem precisa do retiro, da solidão, do silêncio. Uma sadia vida intelectual não está divorciada da vida cotidiana e dos laços familiares e sociais. O livro Vida Intelectual: Seu Espírito, Suas Condições, Seus Estudos é um livro original, de grande valor, do filósofo Sertollanges.

 Há uma grande potência no intelecto humano, cheia de grandes virtudes à espera de floração. Filosofia, oratória, ciência, razão, liderança, concentração, afeto, ideias originais, arte do bem viver, civilização, são virtudes intelectuais à espera de floração.

 Em algum lugar bem íntimo e silencioso do intelecto humano podemos encontrar a majestade do Criador à espera de floração.

A revaloração dos sofistas

Los Viejos Sofistas y el Humanismo, de Alfredo Llanos, é uma obra rara, escrita em 1969. 

Desde o filósofo Hegel, o valor dos sofistas, que eram os mestres da juventude grega, tem sido resgatado, depois de séculos de uma visão unilateral e preconceituosa destes grandes oradores, filósofos, políticos e educadores humanistas da Grécia Clássica.

Desde há algum tempo não uso mais a palavra sofisma como sinônimo de falácia, em respeito a verdade histórica e ao grande legado que os sofistas deixaram para a iluminação intelectual do Ocidente, ao ver o homem como um ser livre, sem os grilhões de dogmas, verdades absolutas, tiranias, deuses, oráculos ou profecias.

Preciosas formas de aprender oratória

Existem muitas formas de aprender oratória; mas quatro delas reputo preciosas: primeira forma - pela leitura; segunda - pela prática; terceira - ouvindo e vendo a nós mesmos; quarta - ouvindo o que os outros têm a nos dizer sobre nossa oratória.

Paixão e originalidade na oratória

"Só os comunicadores originais se destacam. O cérebro não consegue ignorar a originalidade", diz Carmine Gallo, no livro TED: Falar, Convencer, Emocionar. Além de original, segundo o autor, o orador precisa ser um apaixonado pelo que fala; tem que vibrar, envolver o público, viver sua mensagem. 

Além de original e envolvente, precisa o orador encontrar formas sempre novas de dizer sua mensagem e torná-la memorável na lembrança dos seus ouvintes; a mesmice cansa, desconcentra o ouvinte, desvaloriza o orador e sua mensagem.

Diz Carmine Gallo que "o mundo está faminto de ideias originais e de pessoas que saibam transmiti-las de maneira atraente". Este é um livro rico, moderno, original, impactante, capaz de transpor a oratória daqueles que assimilarem sua mensagem da zona da mediocridade para os cumes mais elevados da genialidade.

Viva e atual sofística

Estudar a vida e as ideias dos sofistas - os grandes oradores, educadores, advogados, filósofos e políticos da Grécia Clássica - é aprender, ao mesmo tempo, a arte de bem falar, a arte de ensinar, a arte de liderar, a arte da política e a arte de pensar com lógica e elasticidade dialética. 

Homens inteligentíssimos, intelectuais livres e portadores de convicções firmes e corajosas, os sofistas transformaram a Grécia num enorme e qualificado auditório, onde ensinavam, com maestria, a retórica à juventude, mostrando-a, por meio da palavra sofisticada, o caminho da virtude, do sucesso e do poder. 

No livro Sofista, de Giovanni Casertano, de fácil e agradável leitura, podemos sentir a vivacidade e a atualidade desta grande escola chamada Sofística que ensina, além do bem falar, também o bem viver.

Morais perigosas

Bela, inteligente, grande filósofa, exímia oradora de Alexandria do século IV a. C., Hypátia foi perseguida e apedrejada dentro de uma igreja por fanáticos judeus e cristãos, os mesmos que, juntamente com os muçulmanos, queimaram e destruíram a Biblioteca de Alexandria, a maior do mundo antigo, com quase um milhão de livros, e que reunia todo o saber escrito da humanidade, inclusive da desaparecida Atlântida. 

De vez em quando, vejo alguém dizendo que devemos resgatar a moral judaico-cristã. Nós precisamos da moral que nasce da liberdade do pensamento, da consciência universal; não precisamos de nenhuma moral que nasce do moralismo ou de dogmas religiosos ou de artigos de fé. 

O mundo precisa de fraternidade, e a fraternidade só pode ser construída e iluminada pela tolerância, pelo respeito e pela convivência sincera balizada em firmes valores universais. As fogueiras, as cruzadas, as guerras santas, os index, as inquisições, são coisas que parecem pertencer ao passado. Vivemos sob o ataque do obscurantismo. 

Os homens e as mulheres livres, a exemplo de Hypátia, devem vigiar e reafirmar seu compromisso com a liberdade, com a democracia, com a razão, com a tolerância e com o humanismo - é por esse caminho que podemos construir uma civilização da luz.

Orador universal

A oratória é um saber vasto. Assimila com facilidade tudo o que os outros saberes possam lhe oferecer com implicações na arte de falar bem. Só para ilustrar, as descobertas no campo do cérebro tem sido muito útil aos comunicadores: provas científicas apontam para o efeito persuasivo, no cérebro dos ouvintes, do ato de falar com vibração ou contar histórias. Disciplinas como Psicologia e Filosofia têm grande repercussão numa boa oratória. 

Cris Anderson nos revela, em seu livro TED Talks: O Guia Oficial do TED para Falar Bem, o segredo do filósofo para a arte da oratória. Para Anderson, o futuro reserva uma grande vantagem para os comunicadores que não se apequenam, que transcendem, em suas ideias, os meros interesses egoístas, nanicos ou grupais. 

O orador poderoso será aquele que for portador de uma mensagem mais ampla, mais universal, que não viola a razão, a ciência, os fatos, as provas, a inteligência do público - um orador comprometido com a verdade e com o progresso da humanidade: eis o segredo do filósofo para ser tornar um grande orador.

Discursos demolidores

Seus livros foram queimados em praça pública. Ele foi acusado de ateísmo e de corromper a juventude - as mesmas acusações proferidas contra Sócrates anos mais tarde. Pressionado para fugir de Atenas, morreu num naufrágio próximo a região da Itália aos 70 anos. 

Era amigo íntimo do grande estadista Péricles, e gozava da admiração do jovem Sócrates, que o achava o homem mais belo da Grécia devido a sua grande eloquência e presença de espírito. 

Em um dos seus livros, Discursos Demolidores, coloca o homem no centro do debate político e filosófico, ao mesmo tempo que questiona os portadores das falsas verdades absolutas: "Ántropos métron pánthos", "O homem é a medida de todas as coisas; das coisas que são como são e das coisas que não são como não são". 

Faz desta poderosa premissa, influenciado por Heráclito e Demócrito, a base sólida de sua filosofia e de sua imbatível oratória. No livro Dos Deuses, numa época em que não acreditar neles era crime, diz Protágoras, o mais velho e mais célebre dos sofistas: "Sobre os deuses, não sei se existem ou não existem. O tema é muito difícil e obscuro, e a vida é breve para perder tanto tempo nessas indagações". 

Um homem de ideias atualíssimas, num mundo onde tantos querem ser portadores de verdades absolutas e inquestionáveis, onde tantos querem impor aos outros suas crenças, seus deuses, seus ídolos, sua fé, sua maneira de ser e de pensar.

Novas valorações se põem em marcha

"Novas valorações se põem em marcha". Verdades de ontem foram superadas por verdades de hoje, que por sua vez serão superadas por verdades do amanhã. E a vida continua sua incessante e dialética imutável mutação.

 Se tornam ultrapassados aqueles que não entendem a frase de Nietzsche de que sempre "novas valorações se põem em marcha". 

Seja na ciência, seja na religião, seja na filosofia, seja na política, seja na oratória, seja no direito, seja na nossa vida pessoal, "novas valorações se põem em marcha", num eterno e benfazejo fluir.

A primeira regra para a orientação do espírito

A maioria das pessoas quer dá opinião em tudo; nos mais das vezes essas opiniões são equivocadas, parciais, preconceituosas, superficiais e interesseiras. 

Mas será que essas pessoas estão dispostas a conhecer, a estudar profundamente o assunto para formar juízos sólidos e verdadeiros? 

Eis a primeira e a fundamental regra de um homem honesto e de ciência segundo Descartes, em seu livro Regras para a Orientação do Espírito.

A pura luz da razão

O filósofo Descartes escreveu no seu livro Regras para a Orientação do Espírito: "Não há nada que se possa acrescentar à pura luz da razão".

Na pura luz da razão está contida a ciência, a eloquência, o amor, a paz, a bondade, a presença de Deus. Quando Aristóteles ensinava oratória para Alexandre, sempre dizia: "Alexandre, a referência da arte de falar bem é a razão". 

Eis porque devemos tanto conhecer, sentir e desenvolver a pura luz da razão que há em potência dentro de cada um de nós.

Duplo orador

Shakespeare disse que "todo orador faz dois discursos ao mesmo tempo: o que é ouvido e o que é visto". 

É ilusão o orador pensar que se esconde do público. Se tivermos coerência, honestidade, transparência, convicção, nosso discurso será um só, poderoso e convincente, pois a atenção do ouvinte não estará perturbada e dispersa julgando as contradições entre o que o orador diz e o que a sua linguagem corporal desdiz.

Pensando como um grego

Entender os fenômenos desde a raiz, desde a origem é um diferencial na qualidade do conhecimento. Conhecer as origens racionais, lógicas, científicas do pensamento grego é conhecer ao mesmo tempo o nascimento da própria oratória, da própria democracia, do próprio direito, da própria civilização grega - estrutura primeira do mundo Ocidental. 

O nascimento da pólis marca um momento decisivo na formação racional do pensamento grego. E é no espaço da pólis que a palavra ganha extraordinária preeminência frente a todas as outras ferramentas de poder; segundo o autor, "torna-se instrumento político por excelência, a chave de toda a autoridade no Estado, o meio de comando e de domínio sobre o outrem". Tanto poder foi atribuído a arte de falar bem que os gregos farão dela uma divindade: Peithós, a força da persuasão.

Este livro de Jean Pierre Vernant, As Origens do Pensamento Grego, solidifica e abrilhanta o cérebro e a oratória do homem que busca conhecer os primórdios da perene forma grega de ver o mundo, o cosmos, a sociedade, a cultura, a política, a vida, a si mesmo

Lógica: a virtude intelectual por excelência

A logica é a virtude intelectual por excelência. Podemos defini-la - embora existam muitas perspectivas conceituais diferentes - como a ciência do pensamento correto que visa demonstrar ou descobrir a verdade.

 Todos nós somos portadores de uma lógica natural que chamamos de bom-senso. Podemos desenvolver este potencial lógico, que nos é inerente, por meio do estudo, da reflexão, da leitura, da meditação e da prática. 

Foram os gregos os descobridores da lógica. Lógica vem da palavra lógos (razão) e a ela podemos associar muitas outras palavras: coerência, medida, clareza, comprovação, justeza, convencimento, não contradição, dedução, ordem etc. 

Sem lógica o orador é um porta-voz da confusão mental. A lógica é um dos pilares estruturantes da ciência, da filosofia, do direito, da arte de falar bem e da arte de escrever bem. 

O homem persuasivo fala com vibração, com paixão, com entusiasmo, tendo sempre a lógica por norte seguro e regulador.. Dizem que existem coisas além da lógica; mas claro, isso é lógico! 

O orador não se desenvolverá se ele afrontar, desprestigiar, desvalorizar a lógica. O ouvinte não entregará o seu coração se perceber mentira, incoerência, confusão, contradições no raciocínio do orador. 

Nossas crianças só desenvolverão sadiamente o pensamento lógico - que já trazem em potencial ao nascer, como dom de Deus - se puderem ver em seus educadores - pais, professores, líderes, oradores - pessoas lógicas, comprometidas com a verdade, comprometidas com a exatidão do pensamento, sensíveis o suficiente para ver a importância, o poder, a beleza e a origem divina da lógica.

As três grandes virtudes

Hípias, um dos mais destacados sofistas gregos, ensinava que "todo homem deveria desenvolver em si três grandes virtudes: viver corretamente, expressar-se com excelência e ser eficaz em suas ações".

À maneira dos gregos

A oratória é uma ciência que renasce, uma arte que rebrilha na modernidade; prova disso é a Escola de Atenas que congrega em seu meio pessoas de várias idades, de vários graus de instrução e de diversas áreas do conhecimento, que se reúnem ao ar livre com o objetivo de estudar oratória com filosofia à maneira clássica. 

É bonito ver como todos estão aperfeiçoando sua capacidade de expressão verbal a cada encontro, e se sentindo mais confiantes para expressar suas ideias com lógica, assertividade, ética, naturalidade e vibração.

A oratória e a filosofia da realização pessoal

Grande é oratória e a filosofia contida nas ideias de Napolleon Hill. 

A mensagem deste grande líder e orador continua a inspirar e a motivar muitas pessoas ao redor do mundo na busca do sucesso, da felicidade, da paz de espírito e da riqueza em suas múltiplas dimensões. 

Como ele mesmo diz, "as 17 leis do triunfo tem a capacidade de elevar o homem aos mais altos graus da eloquência".

O poder da harmonia na oratória

Diz Napolleon Hill "que sem a harmonia não pode haver música, poesia ou oratória dignas de nota". O que tem a ver a harmonia com a oratória? 

Os gestos, as palavras e as ações do orador devem ser harmônicos. Os fatos devem ser narrados com harmonia. A argumentação deve ser desenvolvida com harmonia. Deve haver harmonia entre orador e plateia. Deve haver harmonia no ambiente onde o orador proferirá sua oratória. Um orador em harmonia consigo mesmo irradia um poder de persuasão antes mesmo de proferir suas palavras. 

É da natureza da arte, é da natureza da ciência - e a oratória é arte e ciência - a manifestação da harmonia. É só com a harmonia que a oratória pode ser um instrumento capaz de manifestar o belo, o bom, e o justo. 

Apolo pode muito bem ilustrar esta frase de Napolleon Hil, pois era o deus da poesia, da música e da eloquência; sua presença irradiava luz, poder, carisma e harmonia.

Os gregos foram homens de personalidade forte

Os gregos foram homens de personalidade forte. E homens de personalidade forte têm vocação para a liderança e para a oratória. Um desses homens foi Zenão de Eleia, um filósofo pré-socrático, criador do método da dialética - da arte de argumentar com flexibilidade diante de ideias opostas.

 Essa sua capacidade retórica a todos maravilhava. Amante da liberdade e da democracia, organizou uma conspiração contra o tirano de sua cidade. Ao ser descoberto, foi preso e torturado, e para não entregar seus companheiros, cortou a língua com os próprios dentes e a cuspiu na face do tirano. 

Há nisso tudo grandes lições, e isso mostra porque as ideias e os exemplos desses homens continuam a atrair, comover e inspirar as gerações que se sucedem.

Aprenda a arte de responder uma pergunta com outra

Há uma instigante frase de René Descartes na capa deste livro: "Aprenda a arte de responder uma pergunta com outra". A isso nós chamamos de pergunta retórica, um poderoso instrumento de argumentação e persuasão, quando utilizado com propriedade, habilidade e inteligência. 

Os ouvintes não gostam quando o orador faz perguntas bobas com respostas óbvias, principalmente quando o público é constituído por pessoas mais cultas. 

Visa a pergunta retórica responder implicitamente ao que foi indagado com outra pergunta, que já contém em si a resposta. O orador economiza tempo e torna sua oratória breve e inteligente por não ter que explicar todos os passos que levariam a uma conclusão lógica de sua proposição.

 Darei um exemplo. A pergunta: "O homem pode mudar o seu merecimento?" Segue a resposta por meio de perguntas retóricas: "Qual o merecimento que aguarda um homem sem objetivo na vida?" "E se esse homem passar a ter um objetivo na vida, estaria aguardando ele o mesmo merecimento anterior? Pode ou não pode o homem mudar o seu merecimento?" 

Tudo isso é um breve exemplo do grande trunfo da arte de argumentar e de persuadir por meio de perguntas retóricas.

Fidel, a ditadura e a oratória

Conta-se que as pessoas, em "eletrizante atenção", ouviam Fidel Castro falar por três ou quatro horas seguidas. 

Numa ditadura isso não é lá nenhum grande feito. Será que numa democracia isso seria tão fácil assim, onde as pessoas tem o direito de sair da sala e ir embora? 

Ninguém aguenta prolixidade. "Seja breve e agradarás", dIziam os romanos.

Habilidade com as palavras e eficácia nas ações

Deve ser a missão de quem quer ser um verdadeiro orador entender a oratória desde o seu nascimento; entender a sua trajetória até os dias atuais; seus fios interconectados com a filosofia, com a poesia e a literatura, com o direito, com a mitologia, com a política, com a história, com o transcendente. Conhecer seus grandes representantes, suas grandes ideias, seus grandes feitos. Ter da oratória um conhecimento sólido, vasto, íntimo. 

A oratória renasce nos dias atuais; a arte antiga tem ganhado um novo impulso pelo mundo, e nós aqui no Acre, estamos acompanhando esse novo despertar por meio da Escola de Atenas, que ensina oratória de um jeito original, ligada à antiguidade clássica e às modernas ideias sobre a arte de bem falar. 

Este livro, Breve História da Retórica Antiga, de Armando Plebe, cumpre um papel relevante na formação do orador. Um dos registros mais antigos do valor do ensino da oratória está narrado em Ilíada, livro de Homero, que conta a Guerra de Tróia, ocorrida por volta de 1.200 anos a.C. Narra-se que, Peleu, o pai do jovem Aquiles, deu como professor e amigo ao filho, Fênix, para que este ensinasse o famoso guerreiro a arte da "hábil palavra e a capacidade para realizar façanhas". 

E modernamente, ao renascer a nobre arte da retórica, renascem juntos os homeros, os peleus, os fênix, os aquiles, em todos os lugares onde existem homens e mulheres cultores da bela arte.

Oratória e filosofia antiga

Eis uma das disciplinas mais fundamentais, História da Filosofia Antiga, para a construção de um orador culto e de talento. 

Já dizia Cícero, em Roma: "Não se faz um verdadeiro orador sem filosofia". Já dizia Platão, na Grécia: "A única oratória digna dos deuses é a oratória com filosofia". 

"Ensinando oratória com filosofia" é o método, o objetivo e o lema - lema é uma palavra de origem grega que significa 'uma ideia recebida como presente' - da Escola de Atenas.